quinta-feira, 30 de abril de 2009

Os Jovens Andam aos Grupos!

Eles são quatro, são seis, são dez e por aí fora!
Seleccionam locais de pouso, para passarem umas horas e fazem desse local um antro de destruição e de degradação.
Quando acossados pela vizinhança, que ainda lhes fazem frente, tocam a recolher o grupo e procuram escolher novo local de culto, de preferência bem perto de um café para ter à mão o tabaco e as cervejolas indispensáveis para passar umas horas, até que chegue a madrugada e os leve para casa deixando o sossego pairar no prédio e nas pessoas que lá vivem.
Recentemente escolheram o prédio antes do meu, para curtirem os pedaços das suas vidas, numa juventude artificial, onde uns mais do que os outros atendendo à personalidade e educação de cada um, mostram as habilidades adquiridas nos poucos anos que já levam em cima dos ombros.
O café é mesmo ao lado, bem pertinho de duas entradas e duas lojas comerciais e como é ponto de passagem para dar ligação a uma vasta zona urbana. Nada melhor para reencontro de vários jovens cheios de tiques e convencidos que tudo sabem.
Os dias foram passando e a sua presença começou a fazer parte do quotidiano.
Mas o incómodo, começou a pairar nas pessoas que habitam esse aglomerado de apartamentos em forma de L. E o confronto verbal foi inevitável com consequenciais mais ou menos graves.
Os jovens são inconstantes e apesar de não serem ameaçadores fisicamente eram desprovidos de princípios e deixavam o local onde se reuniam, degradante.
E pela manha era visível o cheiro a urina, onde os cantos da loja e a entrada de emergência para as garagens eram os locais para alívio de umas bexigas inchadas pelas cervejas.
As beatas espalhadas pelo chão acumulavam-se como papéis lançados em dias festivos., E os caleiros partidos até á altura de um qualquer golpe de karaté, para desanuviar uma raiva não contida por jovens que pensam que dominam o mundo que os rodeia, mas frágeis, quando esse mesmo mundo os absorve de uma maneira ou de outra.
E o confronto era inevitável! Num local dantes sossegado e agradável. De uma hora para a outra, repugnante e evitável.
Apareceu a policia e desculpa em desculpa, lá se afugentou o grupo.
Dias depois, qual ninho, o bando pousou e toca a assistir ao mesmo cenário!
Novamente a policia aparece para de uma vez por todas cortar o mal pela raiz.
Os jovens sentem-se perseguidos e toca a vingar-se dos acusadores.
Aparecem os carros riscados do possível bufo, na óptica dos mandriões.
O caso vira domínio público e durante alguns dias não se fala de outra coisa.
E por fim, dá-se fim ao desmoronar do grupo, que vai procurar outro pouso para matar o tempo e descarregar as frustrações diárias.
Passei várias vezes em frente deles, no caminho para tomar a bica. Conheço a maioria deles ou então o pai deles.
No fundo não são maus tipos. Poucos trabalham, poucos estudam. Os restantes nada fazem e como tal dormem de dia e divertem-se pela noite dentro.
É a juventude que presentemente deambula pelo país fora. Uns mais terríveis dependendo da zona problemática em que estão inseridos. Outros mais ou menos controláveis apesar do desconforto que criam nos locais onde se reúnem.
Temo por eles, visto que de positivo nada trarão para Sociedade que presentemente nos envolve.
Deste caso, tudo não passou de um episódio pontual que com mais ou menos dificuldade se resolveu. Mas por esse país fora os bandos de jovens já sem controlo das forças de segurança são ás dezenas e como tal, as consequências já se fazem repercutir no dia a dia das populações. O que é de uma gravidade assustadora.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Os Iluminados das Eleições 2009

O meio da política anda agitado!
Pudera, aproximam-se três actos eleitorais, sem tempo de arrumar as tralhas de um, para ter tudo limpo para o que vem já a seguir. E o primeiro já roça as portas da entrada.
Perfilam-se as figuras escolhidas! Sujeitos a critérios elaborados, mediante as apostas de cada partido e serão eles a levar o partido às costas, para a vitória ou para o desaire. Ou seja, serão eles os autênticos iluminados.
Irão ser o alvo de todas as atenções. Irão arrastar rios de tinta de uma comunicação ávida por intrigas, ávida por gafes inoportunas e tenazmente critica quando é assumidamente opositora do candidato.
Por outro lado assistiremos a debates quase sempre mano a mano entre os mais capazes de discutir uma eleição.
Onde vai imperar o civismo e frases como:
-O doutor desculpe, mas…. Ó doutora não me interrompa, que eu também não a interrompi na altura que falava!
Ou, - Doutor está enganado, nós não andamos aqui há dois dias.
Ou, - Ó doutora já não se lembra do tempo do seu partido que fez isto fez aquilo.
Ou, - Nós partido tal e mais o tal, prometemos e vamos cumprir!
Ou, - Daqui dirijo-me aos Sociais-Democratas lançando-lhes um apelo, votem no dia tal e com o vosso voto derrubaremos a politica desastrosa do partido deste governo.
- Já agora também me dirijo aos Socialistas (pegando na deixa) e como bem sei, estarão no dia tal a votar, porque precisamos de todos os votos, para que a maioria seja uma realidade.
E no bola cá bola lá, de debates com frases feitas e copiados, nas já carcomidas pelo tempo as sebentas partidárias, corre-se a fazer o balanço do que disse um e o que deixou de dizer o outro.
Para se encontrar um possível, porque num debate tem que existir um vencedor e no agradar a gregos e a troianos, reparte-se o mal pelas aldeias e no final o balanço pende quase sempre nestes termos:
O candidato Socialista esteve confiante, bem preparado e soube explanar todo o seu potencial de experiência acumulada nestes largos anos que já leva de altos cargos partidários, sentiu-se como peixe na água. Notando-se no final que o sorriso com que se despediu dos moderadores, denotava a certeza de vencer este debate.
Pelo contrário, o candidato social-democrata, apesar de em matéria económica, ser um crânio com provas dadas, de nada lhe valeu embora em certos períodos equilibra-se o debate, fruto do seu saber. Mas logo que o rumo do debate foi alterado, era notórias as suas fragilidades e não restou dúvidas, apesar de toda a sua entrega, que o rumo deste debate estava traçado.
Em conclusão: o candidato socialista saiu vencedor, mas sem margem que se possa antever desfechos, já que na próxima semana haverá outro debate. E quem sabe, como é noutro canal com outros moderadores poderá a balança pender para o lado mais frágil que hoje transpareceu. Finalizava assim um dos que escalpelizou o terminado debate.
Foram assim e serão por estes anos fora, os debates televisionados e ouvidos nas rádios, pelos candidatos partidários, sem condimentos picantes para adocicar as mentes de quem os ouve e mais grave sem conseguirem fazerem chegar a sua mensagem à grande maioria da população.
Que saudades dos debates após a revolução entre Soares/Cunhal. Autênticos derbies (ainda hoje recordados), onde o despique verbal era entusiasmante e deixava toda a gente pregada ao ecrã, ainda a preto e branco, sinal da originalidade de cada candidato. Era o amor à camisola de cada um.
O amor da camisola vermelha gravada no cume português. Onde o punho fechado socialista, derrubou a foice com dentes afiados fora da lei e como tal foi confiscada, arrumada para um canto bem no Alentejo sem fim. Onde agora jaz meia enferrujada num museu aberto aos saudosistas de um tempo onde era tudo prometido.
Estes sim os iluminados de autenticas batalhas partidárias que faziam correr e acreditar. Um país ávido por manifestações que os fizessem crer num futuro risonho, com oportunidades para todos e afinal uma grande parte deles ficaram por vê-la passar à frente dos olhos.

domingo, 26 de abril de 2009

Tambem Fui Militar Mas não Herói (2)


O meu período Militar, coincidiu com a altura de os portugueses irem para o estrangeiro em manobras integrados na força da NATO.
Itália foi o destino. Partimos num comboio só para militares com oito carruagens. Seis cheias de soldados. Cada compartimento continha quatro beliches, onde as ultimas carruagens iam apinhadas de material militar.
Atravessámos Espanha, entrámos pela França dentro e terminamos no norte de Itália. Foram dois dias e meio sempre a andar, só com ligeiras paragens.
Durante vinte e quatro dias permanecemos em Itália e juntamente com italianos e ingleses, participamos nos exercícios militares chamados ORION/87.
Foram vinte e quatro dias de convivência com soldados italianos (na foto um tenente italiano), na maioria do tempo que estive em Itália e os exercícios eram executados em conjunto. Ainda hoje falo um pouco italiano, do pouco que aprendi, enquanto permaneci junto deles.
Todos os dias subíamos para os camiões militares e depois de sairmos da estrada municipal, entravamos pela floresta dentro, por uma estrada não muito larga mas em muito bom estado e durante seis quilómetros, onde só víamos arvoredo cerrado tanto de um lado como de outro e sempre descendo, acabávamos por parar numa área enorme, onde o terreno era em grande parte coberto de pequenos godos (viemos a saber que no Inverno este local fica completamente alagado mais parecendo um enorme lago). Onde realizávamos os exercícios militares com fogo real, e em conjunto partilhávamos as armas dos italianos e eles as nossas. Tudo era executado por nós, como se estivéssemos na nossa base, em Portugal.
À hora do almoço, comíamos uma refeição ligeira à base de conservas e pão e a meio da tarde regressávamos pelo mesmo caminho e chegados ao quartel, depois de um banho e um bom jantar às dezanove horas. Eu e os meus três amigos corríamos para a cidade de Spilimbergo (a dez minutos) e aí junto com umas amigas italianas, divertíamo-nos até à uma hora da manha, hora obrigatória de entrada no quartel.
No último dia de permanência, convidamos as altas patentes militares estacionadas no perímetro que envolvia o ORION/87, em maior numero os italianos. E, juntamente com o nosso embaixador em Itália, demos um beberete no quartel que nos puseram à disposição e por entre queijadinhas, rissóis, camarão, rojões, moelinhas, chouriço, alheiras etc. Acompanhado pelo vinho verde branco e whisky, deu-se largas à alegria e boa disposição. Mas o caldo verde o nosso famoso caldo verde com a couve muitíssimo fininha e a famosa rodela de chouriço, foi muitíssimo apreciado e a maioria dos presentes quiseram voltar a saborear, encantados com o paladar do nosso caldo.
Tudo isto foi observado e partilhado por mim, dado eu ser um dos que servia os presentes. Com a bandeja na mão esquerda, percorria toda aquela gente, não deixando ninguém sem pegar, numa entrada numa mão e na outra um bom copo de vinho, ou de whisky, conforme o desejo de cada um.
E dezasseis meses depois vi-me fora do exército. Com a certeza do dever cumprido e a convicção de uma experiência enriquecedora.

Tambem Fui Militar Mas não Herói (1)


Muito ouvi da comemoração da revolução onde os militares foram os heróis nacionais e lembrei-me que também fui militar, uns bons anos depois da Revolução. E vou recordar a minha odisseia militar e as vicissitudes daí inerentes.
Santa Margarida foi o meu destino, local de grandes apreensões. É uma base de tropas especiais, eu pertencia à quarta bataria, (o termo é mesmo este) onde lidava com os blindados.
Era uma base ligada à NATO (força de defesa europeia) e, como tal, estávamos sempre prontos para qualquer eventualidade. E para que essa eventualidade ao surgir não nos apanhasse desprevenidos, juntavam-se tropas de outras zonas do país para as manobras militares e, durante algum tempo a zona imensa de pinhal da Base, era o local de treino dos exercícios Militares.
As regras imperam, a disciplina é a base do dever cumprido. Tudo o que se respira num quartel é sinónimo de deveres!
O único direito que temos é cumprir os deveres instituídos. É seguir a disciplina à risca, para a curto prazo fazer prevalecer o nosso valor perante os superiores e ganhar a estima deles. E com isso as benesses são uma realidade. E a realidade é passar o tempo militar da melhor forma possível, sem arranjar problemas e esperar que o tempo corra, corra. Para terminar com dignidade ciente de que cumprimos a nossa missão para o bem da Nação.
O começo do dia nascia com os primeiros raios solares!
A barba desfeita, cama bem-feita com a roupa bem esticada. Uniforme limpo e apresentável com as célebres botas a brilhar, para a correr e sem atrasos alinhar na formatura.
Momentos depois éramos presenteados com os exercícios militares. Qualquer falha era o cabo dos trabalhos, os castigos em triplicado nos enchimentos eram constantes principalmente para as “Amélias”. Nome dado aos menos capazes, mas com o tempo ombreavam com os mais dotados.
As refeições, (o bicho papão de todos os militares! Mesmo antes de entrarmos no quartel já vamos de sobreaviso de que as refeições, são mal confeccionadas e de pouca qualidade). O comportamento no refeitório é rígido e sem reclamações, ou se comia o que estava no prato, o que diga-se em abono da verdade qualquer estômago suportava, ou o bar servia de complemento para aqueles que deixavam as refeições a meio.
E por fim era a hora de recolher, o silêncio era de ouro! A maioria dos dias de tão cansados e saturados adormecíamos num piscar de olhos, principalmente durante a recruta. O quebrar era a morte do artista! Ninguém dormia, assistíamos ao nascer do dia na parada seminus a fazer ordem unida.
A adaptação a todo este sistema era custosa nos primeiros dias, devido á complexidade que envolvia esta brusca mudança. Porque não é de um momento para o outro, que eu passava de um certo descontrair na minha vida civil, para regras rígidas e sem argumentação.
E de facto levei um certo tempo a me adaptar, devido principalmente à minha preocupação em defender os mais” fracos”.
A tropa é fértil em conquistar amigos e eles apareciam, muitos. Mas amigos de verdade, uma mão deve chegar para os contar.
Mas de uma mão só completei quatro dedos. Os suficientes para preservar os amigos com quem se partilha o que nos vai na alma. Havia alturas que as saudades das namoradas principalmente, apoderava-se de nós e juntamente com umas cervejolas chorávamos como umas crianças, que bem lá no fundo continuávamos a ser e despejávamos cá para fora sentimentos e preces que quebravam qualquer coração mesmo o mais gelado que possa existir.
O desenrasque nos transportes de comboio, era a situação mais terrível que se possa imaginar, quando o objectivo era chegar a casa o mais rápido possível, ou o ter que chegar a horas ao quartel.
Viajei poucas vezes de comboio, porque utilizava o carro de um colega da minha companhia.
Mas dessas esporádicas vezes, o viajar nos comboios era: dormir nos corredores, o dormir nas grades, o dormir a pé. O passar as horas todas, cerca de seis sem dormir e olhar para o vazio da noite meio a chorar pedindo a Deus para que tudo isto passasse depressa. No Inverno era um inferno, o frio cortava-me a lucidez e passava a viagem a tremer. No Verão, era o martírio do calor e o cheiro ao mofo impediam-me de respirar, dado os comboios irem a abarrotar.
No percurso de carro que fazíamos, onde saiamos por volta das cinco e trinta da manha e só parávamos três horas depois numa pastelaria em Fátima bem pertinho do Santuário, para tomarmos o pequeno-almoço e apreciar as miúdas, que iam para a Escola Secundária.
Diversas vezes, deslocava-me ao Santuário, nessa hora sem viva alma.
Colocava-me bem no meio de todo aquele espaço enorme, completamente só! Contemplava a Basílica e imaginava, toda aquela área atolada de milhares de fiéis, com todo aquele espectáculo de fé, nos dias de comemoração do aparecimento de Nossa Senhora. E eu nesse momento rodeado de uma solidão tão sagrada, bem no meio daquele assombroso local, pensava nos milhões de fiéis que já calcaram este recinto que, digam o que disseram; tem uma magia pura! Uma magia de Fé! Uma magia de amor a Nossa Senhora e ao próximo!
Já fui a Fátima diversas vezes, com muita gente. Mas sinceramente, só quando ia lá e estava completamente só, é que sentia toda a força, todo o poder da Fé. Que aquele lugar emana.
Os fins-de-semana passados em serviços de manutenção e segurança ao perímetro. Local que envolve toda a zona da unidade, corroíam a minha mente!
O tempo não passava! Parecia o caracol, quanto mais andava, mais a sensação que ficava era que estava sempre no mesmo sítio.
A noite era o inferno: No Inverno o frio rachava os ossos, punha os dedos como cabos de fisgas em minutos se os libertasse dos anoraques e quando chovia ficava encharcado dos pés à cabeça.
No Verão era a alucinação! Calor por todo lado, mosquitos zelosos pelo meu sangue, até pela roupa entravam, sacudia-los como os burros fazem, tamanho o desespero de picada em cima de picada.
A rotina dos dias era sempre idêntica e só se alteravam quando surgisse alguma cerimónia de comemoração.
Então, era uma azáfama, tudo tinha que estar em ordem porque o dia do Exército era presidido pelo Presidente da Republica. No dia da Base seria o Ministro da Defesa e no dia da Unidade, o Chefe do Estado-Maior do Exército.
A meio do serviço militar fui promovido a Cabo, um posto um pouco superior ao de soldado. O vencimento era mais alto e no meio dos soldados, um cabo já ocupa um degrau um pouco mais acima e sempre tem mais regalias. Mas nada de significativo, que na prática pouco relevo tem.
Mas o melhor estava para vir!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O 25 de Abril Desabrochou a Esperança

Era um garoto, quando se deu o 25 Abril e eu na minha inocência, pouco entendia do que se estava a passar. Sentia só, que as pessoas principalmente os homens andavam excitados, não paravam, deambulavam por todo o lado, juntando-se em grupos, sempre a manifestar-se ruidosamente e alegremente. Mais tarde vim a perceber que toda essa alegria era inteiramente justificada, pondo fim a longos anos de repressão da liberdade.
Mas na altura que se deu o 25 Abril, estava no largo brincando com os restantes colegas de botas reforçadas e de calças remendadas. E um ruído de alegria entrou no meu pequenino cérebro que ainda hoje lá se encontra armazenado e pela altura da comemoração da Revolução revejo como se fosse hoje, as vizinhas virem para a rua a gritar, que estavam os canhões a entrar por Lisboa a dentro, para matar os fascistas!
O 25 de Abril dos nossos dias passados 35 anos envia-nos um dramático aviso!
Um aviso de reflexão sem rodeios, sem medos!
A cada ano que passa, perdemos um quinhão de liberdade. Porque nos deixamos iludir pelo papão da ganância e corremos em busca do tudo querer e no final tudo perdemos. Diluindo assim a partilha de abrir a Sociedade às oportunidades que deviam ser abertas a todos, para que todos usufruíssem das mesmas ferramentas para abrirem o futuro. E assim homens e mulheres construíam o seu futuro, com a capacidade que desenvolveram ao longo da sua aprendizagem.
A cada ano que passa fechamos os olhos às conquistas de Abril. Na maioria dos casos por míseros bónus, que nos alegram no momento levando-nos à felicidade prematura, mas são a arma venenosa com que entregamos a nossa honestidade aos chacais esfomeados prontos a devorar a nossa integridade.
A cada ano que passa somos vigiados ininterruptamente. Calcam-nos os calcanhares dia após dia, mês após mês. E nós, envolvidos num invisível colete-de-forças deixamo-nos cabisbaixos levar para longe do nosso ser e passamos a viver meios nómadas dentro do nosso próprio espaço, tutelados pelo sistema que ingenuamente deixamos paulatinamente absorver-nos.
A cada ano que passa deixamos de cantar Abril, de festejar Abril, de amar Abril! Porque fomos influenciados por meia dúzia de seguranças de elite com divisas de catedráticos que através da doutrina trazida dos colégios invisíveis para o comum dos mortais, nos lavaram o cérebro e purificaram-no de ideologias próprias, com promessas ilusórias que nos afundaram num beco sem saída.
Por tudo isto comemorar Abril será uma afronta, a todos aqueles que deram tudo para que Abril de 1974, fosse um acontecimento que justificasse os horrores do isolamento, os horrores da perseguição e os horrores de verem morrer pais, mães, filhos.
Eu não vou comemorar Abril! Vou reflectir profundamente e humildemente pedir perdão devido á vergonha de também contribuir, mesmo, que por mais pequeno gesto que fosse, de entregar um legado deixado pelos heróis de uma revolução de mão beijada aos devassos que a coberto da noite e disfarçados de bons samaritanos durante o dia. Nos sugaram com promessas falaciosas e nunca consumadas.
Os heróis de Abril não querem comemorações!
Não querem cravos na lapela por um dia!
Querem Abril todos os dias!!!!
Abril na sua essência! Com Democracia, com Liberdade com Respeito e fundamentalmente com humildade! Porque Abril de 1974. Nasceu de homens e mulheres humildes e íntegros.
O 25 de Abril de 1974 desabrochou a Esperança. O 25 de Abril de 2009, ainda vai a tempo de iluminar a confiança. É só nós pretendermos!

José Sócrates Igual a si Próprio

José Sócrates veio a terreiro fazer um balanço, bem à sua maneira dos males que o País e ele atravessam e apontar as soluções para combater as aflições do País e dos portugueses.
Escolheu para tal optar por uma entrevista no canal estatal e logo aí começaram as desconfianças.
Sócrates esgrimiu até à exaustão, a tese da perseguição a ele próprio. E destacou a TVI, mais propriamente a jornalista Manuela Moura Guedes (através do jornal que ela apresenta às sextas feiras), como o baluarte de uma campanha de autêntica perseguição à sua pessoa, que também segundo ele ultrapassa já todos os limites.
Olhei aquele rosto durante uma hora e vi nele certezas que Sócrates guarda para si, mas que o olhar teimou em o denunciar.
Sócrates sabe que vai ganhar as eleições! A única duvida é se vencerá pela maioria ou não.
Para isso ainda tem alguns meses pela frente e em ano de eleições existe sempre dinheiro para uns brindes que aguçam os mais desfavorecidos, que pagam com o voto aquilo que mais tarde terão que devolver de uma maneira ou de outra.
Sabe que não tem rivais dentro da oposição. Os seus rivais são a comunicação (alguma) e os resguardados pela sombra, que esgravatam como cães raivosos na intimidade dele e tentam trazer cá para fora casos, que também eles estão enterrados dos pés à cabeça, mas esquecem-se que hoje é ele, mas amanhã serão os resguardados. Porque todos eles estão mergulhados no convés do barco das embrulhadas.
Sócrates terá o meu voto como o teve anos antes e como o PS, sempre teve!
Mas isso não invalida que lhe note graves lacunas na sua governação.
Criticar com educação, ajuda na evolução de abrir horizontes para pelo menos não se cometer os mesmos erros. A crítica construtiva eleva a auto estima de um povo quanto mais não seja a mim próprio, que me garante a certeza que não estou parado a ver como vão parar as modas.
Sócrates, continuando a olhar para aquele rosto, mostra-me o político homem e não o homem político!
Ou seja o politico na sua essência. O político igual a muitos outros que deambulam por essa Europa fora.
O político que olha para estatísticas muitas delas manipuladas em pormenores, para justificarem reformas que tapam buracos aqui e ali. Que na maioria dos casos se limitam ao pontual e não resolvem problemas de fundo.
O politico que tem sempre razão! Uma razão que é conseguida com o dar a volta ao cerne da questão e assim vai levando a água ao seu moinho.
Um politico que perante a pergunta de “se põe as mãos no fogo”, assume que sim perante os seus colaboradores directos, apesar de toda a controvérsia que se instalou ao seu redor.
O homem vem em segundo lugar! Porque o homem é mais humano. É mais sensível a dramas sociais. Mais aberto a ouvir as forças vivas da sociedade que voluntariamente dão um pouco de si para travar esta degradação Social em que caminhamos a passos largos.
Claro que quem ocupa um cargo político de enorme envergadura terá que ser primeiro e acima de tudo político e só depois homem.
Mas Sócrates mostrou inteligência. Mostrou preparação para o cargo que ocupa. E como durante estes trinta e tal anos de sucessivos governos Portugal não evoluiu para melhorar a vida de milhões de portugueses. Sócrates terá mais um voto de confiança para no mínimo segurar este país que se vê num labirinto sem encontrar a porta de saída. E como Sócrates já lá entrou, terá que ser ele a encontrar a porta. Ao menos já lá está dentro. Enquanto se alguém vier de uma vitoria (que duvido acontecerá), o tempo que vai demorar a lá entrar será o descalabro, porque tempo é o que escasseia para elevar os índices de confiança de um povo abatido, sem confiança e resignado.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Palácio do Começo do Meu Primeiro Milhão


No domingo pela manha rumei à capital, aproveitando uma ida de trabalho na segunda e usufruindo do Domingo para um mini descanso longe das rotinices e perto do reboliço.
A viagem foi rápida, o sol acompanhou-nos passo a passo e brilhando-nos com o seu agradável calor, saboreamos umas horas relaxantes rolando estrada fora rumo ao destino pré programado.
Lisboa recebeu-nos como quem recebe um minhoto vindo a Lisboa uma vez por outra, enchendo os seus espaços e juntando-se aos milhares que calcorreiam as calçadas, de uma zona nova, construída no tempo das vacas gordas, bem a tempo de lançar Lisboa para as bocas do Mundo e a abraçar milhares de pessoas que diariamente fazem desse local o centro de uma visita que no meu caso levou-me a jantar um bacalhau à lagareiro e no final a uma visita ao casino de Lisboa, onde assisti ao vivo ao concerto do Jorge Palma com um olho e com o outro á vitoria do Benfica, que desta vez encheu o copo e acertou quatro vezes e podiam ser sete numa baliza tantas vezes fechada a sete chaves num azar que já se tornou hábito, em épocas sucessivas de promessas que vão desaguar no atlântico, arrastadas pelo Tejo que passa bem perto da catedral sem papa.
O Jorge esteve igual a si próprio! Uma barriguinha que desponta por dentro da camisa que se solta calça a baixo, sinal de exageros já não contidos. Cantou naquele estilo peculiar e encantou uma boa casa, numa sala em forma de pista de circo onde os espectadores numa espécie de redoma eram a segurança de um Jorge feliz, com o dever cumprido e o cachet garantido.
No final rumei a Sintra onde me levava o trabalho logo pela manha. E pernoitei num hotel bem longe de casa e tão pertinho do mar. Onde aquele aroma logo á chegada numa noite já bem longa encheu-me a alma de sensações e o espírito de recordações de um tempo que já lá vai, mas que faz parte do meu álbum de glória.
Adormeci saciado de frescura corporal e uma paixão de felicidade, embalado pelo bater das ondas a uns metros mais abaixo.
E foi com esse roncar ininterrupto do mar, que acordei e rapidamente, porque a hora já se havia adiantado, não esperando pela minha pausa preguiçosa enrolado aos lençóis e apertado pelo aroma amoroso de um corpo nu, chamando-me para o absorver. Aproveitando o momento só nosso, bem longe de tudo e tão perto de uma intimidade tão simples e tão pura. Que as paredes do quarto viravam o rosto, sentindo que não eram dignas de presenciar tão maravilhoso acto.
Entrei no coração de Sintra! Serpenteei as suas ruas marcadas pela história e guardadas pela natureza na sua essência.
Penetrei no Palácio de Seteais. Vi-me um príncipe séculos atrás, dono desta parte do mundo e senhor supremo de pessoas e de tudo o que elas tocavam.
Acordei de um sonho, numa sala adaptada a palestras e colóquios e por entre convidados, oradores. Termino a primeira parte do evento a ouvir o senhor do já famoso “O seu primeiro milhão”. Jovem novo, com sangue na relga. Com soluções para que nós possamos atingir passo a passo o nosso primeiro milhão. Mas deixando no ar, que será bem mais fácil ele atingir o segundo milhão, do que nós o nosso primeiro.
Pausa para o almoço revestido de iguarias sem fim, num espaço a cheirar a retoques de história, onde tudo foi restaurado com incidência na época. Partimos para o resto da tarde a ouvir novas técnicas de investimentos em aparelhos e inovações de tratamentos e com o apego deixado pelo Dr. Pedro Carrilho, era usual alguém rematar que o princípio do ganhar o milhão, começava por adquirir a inovação.
Findo o evento e admirando uma vez mais aquele espaço revestido de história e de segredos bem guardados.
Onde paira no ar um aroma a poder sem limites de quem possuía tamanho quilate de propriedade. A quem era senhor de si e de tudo o que o rodeava. Regressei ao meu cantinho, já com saudades dos filhotes, que são tudo para nós. São o nosso palácio sem limites de propriedade e sem limites de amor.
Mas antes, paro no leitãozinho da Mealhada, onde dou graxa à empregada para arranjar só costelinha e ela logo se prontificou, para agradar ao cliente vindo de longe todo aperaltado na ânsia de uma boa gorjeta que em dias de eventos amolecem o semblante e deixam escorregar não uma, mas algumas moeditas para o prato da” dolorosa” (a conta). Para finalizar um domingo que abraçou a segunda-feira, muitas vezes repetido não irá de certeza deixar chegar ao tão ambicioso milhão. Mas uma vez por outra tão apetecido, porque me deixa feliz e amoroso, que para mim é de certeza vários milhões do desabrochar de sensações.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Finalmente o Paulo é o Apóstolo Escolhido


Pronto aí temos o grande cabeça de lista do PSD, ás Eleições Europeias!
Era aguardado com enorme expectativa! Em surdina lançavam-se nomes de figuras importantes do Partido Laranja. Houve até quem aventasse a hipótese Manuela Ferreira Leite, já que se deitou com a imagem do cartaz do V, desenhado pela mão da líder, que ecoa pelo país fora e acordasse no adivinhar que esse mesmo cartaz tinha uma leitura escondida nas entranhas da liderança e bradasse pelos órgãos da comunicação, que não se espantaria que MFL, fosse o rosto para liderar a lista do parlamento europeu.
É preciso perceber que um nome bem conhecido das andanças do PSD, para cabeça de lista engrossava o lote das mais optimistas previsões, no alcance de um bom resultado. Mas para isso acontecer era preciso que os nomes sonantes laranjas pudessem aceitar o grande desafio e lançar-se de alma e coração ao apego do bichinho do partido.
Mas todos deixaram-se ficar, ou forçosamente foram deixados na sombra e como o tempo ameaçava encurtar para se obter algo de positivo com as Eleições Europeias, toca a subir ao palanque, para anunciar o mal menor de entre: recuos e avanços., Amuos e indisponibilidades, ainda mal explicadas. Porque para já nada existe para explicar!
Portanto Paulo Rangel, foi o nome escolhido! O nome que como a líder frisou! O passar da página, dos velhos agarrados ao fantasma dos históricos dos primeiros passos do Partido. Para a lufada de juventude que o PSD tanto necessita e é com o Paulo que a renovação se iniciará.
E quando subiu ao pódio para se apresentar oficialmente como o escolhido, tratou logo de anunciar pela doutorada boca, que era com grande orgulho que aceitou este enorme desafio. E mais palavra menos palavra, vincou que não via a hora do combate politico para com o seu grande adversário (Vital Moreira).
Eis o apostolo Paulo, preparado para lutar contra ventos e marés, correndo em busca do tempo perdido, para recuperar algum prestigio já um pouco esfumado, devido ás indecisões da líder laranja, que tardou em anunciar o cabeça para completar a lista de umas Eleições que serão o principio de um fim para os velhos do Restelo lá para as bandas Sociais Democratas.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A Crise é a Água Descendo a Pedra Escura


Os dias nascem tristes!
E não à festa por mais simbólica e tradicional que seja. Que traga a alegria de um sol radioso, que aqueça o corpo tão massacrado por chagas de emoções neuróticas e o espírito seco de orações que alegre a alma.
Os oposicionistas e outros que num tempo não muito distante acreditavam em promessas. Fartam-se de malhar nos causadores desta crise que afoga a descuidada prevenção de encontro ás ondas da matança, levando o corpo para os confins do abismo.
Tudo serve para acirrar os animais da desgraça e morderem ferozmente nas entranhas de quem governa.
E como a maioria acorda cabisbaixa, sem alegria que lhe levante o moral, resolve culpabilizar e com carradas de razão os grandes culpados, por esta anormalidade que infelizmente resolveu acoplar autentica nave espacial no cume do mundo. Aprisionando tudo e todos e se rapidamente não arranjarmos soluções para a desintegrar, corremos o risco de se esgotar o oxigénio da vida e cairmos por terra como tordos em dia de caça.
Vivemos sem notícias que nos façam investir no futuro!
Caminhamos cabisbaixos chutando as pedras do nosso caminho para acertar nas consciências dos que tinham a obrigação da responsabilidade oferecida pelo nosso voto, de tudo fazerem para encarreirar Portugal no encurtar das desigualdades Sociais para que todos pudessem lutar com as mesmas armas na procura de um futuro melhor.
Mas não é nada assim!
As desigualdades ganham asas na fuga aos que querem se aproximar e aterram num voo picado nos arraiais paradisíacos, levando a riqueza tão necessária para o País. E levantando a miséria, ao menor ruído de crise que o vento ameaça transportar, cobrindo várias parcelas deste País, que caminha para a banca rota economicamente como socialmente para mal dos nossos cada vez mais consumados pecados.
Resta-nos a consolação de dizer mal do mal que se instalou neste cantinho à beira mar.
E dizemos mal e porcamente, deste governo que infelizmente não tem oposição, já que me parece, toda a oposição comunga do mesmo mal: viajam todos no mesmo barco, partilhando assim de uma maneira ou de outra do enorme bolo, que mesmo que as fatias sejam para muitos de pequenas dimensões. Sempre chega para acudir ás carências do dia a dia e assim sendo é só conseguir um mísero cantinho no barco e deixa-lo navegar ao sabor do vento, que para já nenhuma tempestade o fará virar levando-o sempre a bom porto.
Como somos um país de brandos costumes e refugiamo-nos em nós próprios para ruminar as nossas consciências. Tudo aguentamos! Tudo suportamos!
E o que hoje sentimos e criticamos e amaldiçoamos e rogamos as mais ínfimas pragas, a todos os que tem responsabilidades neste País, amanha infelizmente estaremos de olhos numa mesa de voto a desenhar uma cruz nesses mesmos responsáveis que tantas vezes, mas tantas vezes os mandamos para o ……… que os………!
Basta hoje! Começar ainda hoje, exercer ainda o poder que democraticamente os nossos heróis corajosamente nos ofereceram de mão beijada e daqui a dois meses, ou três, ou quatro. Mostrarmos na prática que a nossa revolta é (foi) um aberto aviso para quem ignorou sistematicamente os sinais.
Podemos sempre votar, porque votar é um direito, um dever. Porque os votos não só contemplam partidos, mas também castigam partidos e as pessoas que dele fazem parte. Levando-os por uma vez, a pousar a cabeça na almofada pronta a estourar já que não pode acumular tanta derrota num espaço tao curto de tempo!
Porque uma derrota em politica é o não consumar do objectivo premente!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Domingo de Páscoa


O Domingo de Páscoa iniciou-se num clima de religiosidade e de angustia já um pouco refeita, dado que na Páscoa de à dois anos, um familiar muito novo partiu para outra vida, já que Deus resolveu achar que a hora dele tinha batido à sua porta e elevou o seu corpo para o céu bem distante de todos nós, deixando um vazio imenso principalmente no seio da mulher e nos dois filhotes.
Mas a hora não era de partidas sem retorno, mas sim de comemorar a subida de Cristo para bem perto de Deus. Onde autentico vigilante dia e noite, controla o mundo e todo o mal que no seu seio se comete.
E como vimos fazendo, reunimo-nos em casa do que tem mais espaço e juntamos um enorme aglomerado de familiares que embelezam um ambiente e enchem-no de alegria e boa disposição.
O compasso percorre a rua! Houve-se o tilintar da campainha, anunciando a sua presença cada vez mais perto, cada vez mais estridente. Aquele som, que o garoto bem se esforça para que seja o mais audível possível, para que as pessoas se perfilem dentro de casa que a chegada do compasso anunciando a ressurreição de Cristo, está próxima, muito próxima.
E ele lá entra! Onde o Seminarista ainda jovem para estas andanças e muito novo para denotar uma fé que ainda não dá frutos. Lá entoa umas palavras simbolizando todo este acto, terminando em oração que os presentes acolhem com um Ámen. Percorrendo com a cruz os lábios dos presentes para o beijo tradicional no joelho de Cristo, como forma de consolo para tanto sofrimento na hora da morte, oferecida de mão beijada aos inimigos da Judeia, lavando as mãos o Pilatos, para que a nossa salvação fosse o preço de tão angustiante morte.
Terminando toda esta cerimonia que se desenrola á dois mil anos e cada vez mais presente nos nossos dias. Talvez lembrando a necessidade de nascer um novo Cristo que venha abalar a sociedade mundial e castigar os corruptos que tudo fazem para acentuar as desigualdades sociais, criando um fosso de dimensões já fora do alcance da vista humana e que faz nascer os bandos de asas infinitas, que nos roubam os nossos pertences a nossa intimidade e a nossa vida.
Dito isto passamos á fase do repasto. Que enche o estômago dos que muito devoram e bebem. E dos que tentando manter a linha corporal fanaticamente entre ginásios e deitas naturais deixam-se levar pelo ambiente e pela gostosa comida.
E pelas mesas cheias de familiares famintos, alinham-se travessas de lampreia assada para uns e arroz de lampreia para outros. Somos muitos e os gostos são diversificados.
O cabrito que não pode faltar vindo da beira interior, criado nos montes sem fim. Dá lugar à lampreia que não deixou marcas. E todos se atiram ás costelinhas do cabrito, aqueles que chegam com o garfo afiado, antes que os putos e eles são muitos resolvam apoderar-se do que todos gostam no cabrito.
No meio da doçaria, recordamos tempos passados. Infâncias felizes e duras, no meio de desgraças e alegrias.
Saímos um pouco de encontro ao bar não muito distante para a bica tão precisa e indispensável. Respiramos o ar da praia tão próxima e pegamos nos carros para irmos dar uns chutos ao ringue da freguesia, onde primos de idades muito próximas, esgrimem talentos que acabam em golos altamente festejados ora agora para mim, ora agora para ti.
Já no cair da noite, terminamos a festa com um leitão vindo da Bairrada, trazido pela família que lá vive a sua vidinha e com um espumante Loureiro lançado recentemente no mercado onde bebi uma boas taças. Terminamos em beleza um dia em cheio para todos.
Para os miúdos felizes por se encontrarem e partilharem brincadeiras e jogos.
Para os graúdos, tempo de matar saudades e recordar momentos recentes ou já muito distantes que momentaneamente nos invade uma nostalgia, rapidamente evaporada porque o momento é de festa e é para festas que estamos preparados. Tristezas já chegam as do dia a dia.
Claro que hoje sinto-me um pouco ressacado!
Mas feliz com os momentos passados. E conforme as horas vão passando vou-me sentindo mais próximo do meu estado físico normal e já me estou a preparar para outra já que me encontro na casa de um casal do peito e como tal a festa ainda não poderá ter terminado.

sábado, 11 de abril de 2009

A Sexta-Feira Santa de uma Semana Longa




Acordei ao som dos sinos da igreja da paróquia anunciando a comemoração da morte de Cristo.
Nesta quadra pascal, fico um pouco sensível, talvez devido à minha educação cristã e ao envolvimento que a minha infância sofreu virado para a igreja. Nomeadamente na catequese e depois no Escutismo.
Comecei a semana refugiado em mim, apesar de estar envolvido com a família!
Percorreu-me a necessidade de me isolar um pouco e estar comigo mesmo. Ou seja estar com os meus pensamentos e refugiar-me no interior do meu ser.
Iniciou-se logo no Domingo. A tarde passeia sozinho, virado para tarefas de bricolage, refugiado no complexo de garagens que suporta o prédio, onde a minha fecha todo o correr de dezasseis garagens formando duas filas de oito com o espaço para os automóveis entrarem e saírem. E aí recolhido no meio de utensílios já fora de uso e recordações materiais dos miúdos ainda bebés, recordei momentos marcantes de uma vida feliz, que me libertaram uma nostalgia contagiante levando-me um pouco à emoção de reviver imagens tão vincadas na memória de um tempo virado exclusivamente para os filhos.
Foram horas de descompressão e saudade. Com a certeza de uma garagem arrumada, onde cada coisa ficou no seu lugar e no final sentia-me mais leve e subi ao encontro da família entretida nos seus afazeres, deixando-me entregue à minha disposição e refúgio.
Entrou a semana e a rotina manteve o seu cariz usual, alternando com ligeiras oscilações positivas dos filhos, já que estavam de férias e havia muito para contar conforme os episódios mais ou menos caricatos lhes surgiam e num ápice começavam um rol de conversas que enchiam o almoço, ou o jantar de momentos divertidos e felizes.
O trabalho decorreu dentro da normalidade do costume, com troca de amêndoas entre os colegas e pão-de-ló na quinta-feira, como saudar a chegada da Páscoa e as portas abertas para um fim-de-semana prolongado.
E a sexta-feira chegou e acordei ao som dos sinos. De manha dei uma fugida ao emprego, havia assuntos importantes a resolver e duas horas depois levava o mais velho para um fim-de-semana, na companhia dos primos para gozarem um pouco das novidades de cada. Voltando a casa de encontro ao restante agregado que sem mim nada faz, o pai é pau para toda a obra.
A tarde passei-a, a preparar o meu arsenal de garrafas para engarrafar o vinho espectacular do Alentejo. Que todos os anos (já lá vão oito), por esta altura torna-se um ritual. E foi uma alegria para o mais novo, que de mangas arregaçadas colocava as garrafas lavadas no escorredor e excitado, já que não parava de falar, (queria saber tudo e queria respostas para todas as duvidas), colocava-as delicadamente dentro das caixas, onde eram guardadas, para serem enchidas com a pinga que me regala. Que delicia a quem ofereço meia dúzia de garrafas, a quem convido para jantar, a quem já o conhece e aparece para um copo.
No inicio da noite depois de uma costelinha assada feita por mim e dois, ou foram três! Não interessa, copos do vinho já referido. Fui assistir a um espectáculo de uma banda integrado nos ciclos de som e observação cá da terra e pude deliciar-me com uma banda revestida de trompetes, violinos e teclados vintage. Onde me transportaram para cenários singulares e confesso que me diverti e até dei uns berros de empatia para contagiar o grupo, mas mais a assistência que me rodeava. Onde a mulher não parava de me chamar maluco e beliscando-me o braço tenazmente para eu me portar bem.
Foi excelente para afugentar todo o stress, que se acumula ao longo da semana, deixando um sentimento de leveza e boa disposição.
Terminei a sexta-feira santa que já leva dois mil anos (ou quase), assistindo à paixão, que a RTP passava sobre a ultima semana da vida de Cristo, com a excelente qualidade da BBC.
Adoro este tipo de séries, deixam-me mole e amoroso. E já altas horas da noite, recolhi ao quarto para o merecido sono, sem antes recolher e ser recolhido pelos braços e pelo corpo da minha jovem que me elevou para outro tipo de paixão que não a de Cristo.
Ressuscitando pela manha envolto no perfume de uma chama ardente, que me despertou para um inicio de sábado feliz e satisfeito comigo mesmo.
Com tudo o que me rodeia. E com a certeza de que a família está unida no seio da alegria, felicidade e saúde.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

As Eleições Europeias Enchem as Rotundas



As eleições europeias entram-nos olhos dentro, pelos cartazes do tamanho de um autocarro que se encontram bem no meio da parte de fora das rotundas.
Quanto maior for o cartaz, maior é o impacto! Hoje a grande aposta dos partidos. Poucos mas enormes, assim enchem os olhos do povo, colocados bem no centro nevrálgico, onde desagua todo o trânsito e leva com esses monstros, que são os cartazes da propaganda eleitoral.
Lá temos o do PS ‘Nós europeus’, com o cabeça de lista Vital Moreira, em grande destaque.
Em principio o PS irá eleger mais de uma mão cheia de deputados, mas Vital Moreira é o porta estandarte e como tal só ele, mas só ele tem o direito de se assenhorar de todos os cartazes que à dias embelezam centenas de rotundas por esse país fora.
Um destes dias tive que parar dois ou três minutos na entrada da rotunda devido a um acidentezeco de trânsito e aproveitei para analisar melhor esse cartaz do PS.
Aí temos um Vital Moreira de rosto lavado com o cabelo branco mas requintado.
Com um olhar confiante. Confiante na vitória e confiante em açambarcar a opinião publica para que o PS, saia reforçado nestas eleições e assim sendo, tem à sua frente o trampolim que o projectará rumo a encarar com optimismo as próximas eleições, que não tardam. Neste ano cheio de comícios, ruídos políticos até dizer chega e o nervosismo pelos resultados até ao encerramento das urnas.
Mas voltando ao Vital Moreira, Retratado como um simples cidadão que teve a honra de ser convidado pelo partido que ainda possuiu a maioria dada pelo povo português. Que num tempo não muito distante, onde a sociedade portuguesa lutava e defendia ideais, que monopolizavam grande parte da população. Vital Moreira era um comunista reputado e defendia um sistema social e político, muito diferente do que hoje ele assume ao assumir a liderança de umas eleições, que representam mais para o PS internamente do que para o PS virado para a Europa.
Os tempos são outros. A Sociedade europeia exige, adaptação aos novos valores e como tal, pessoas tão reputadas como Vital Moreira evoluíram com o passar dos anos, deixando para trás a ligação a um partido, remetido a ideologias gastas e obsoletas, que a pouco e pouco vão deixando secar a agua que levam ao seu moinho.
O PS apostou forte nesta figura! Acredito aposta pessoal de Sócrates. E para já aposta ganha já que os opositores, tardiamente colaram os seus representantes a cartazes bem mais apagados do que o do PS, iluminando uma figura reputada da nossa Sociedade, Que enche de cor as rotundas, que nestes últimos anos Portugal apostou para embelezar cidades e vilas de norte a sul.
Ainda bem quentinha está a lista ontem aprovada pelo CDS. Que já fez mossa com a demissão de um alto responsável centrista, talvez convencido com o ovo da Páscoa para alguém, mas no final sem ovo nem Páscoa!
Que consta com figuras já muito conhecidas do partido e que correm deixando tudo ao menor gesto de Paulo Portas, que se apresenta ás eleições europeias no meio dessa lista. Dando primazia ao líder da bancada Nuno Melo, amigo do peito e oferecendo o terceiro lugar a Teresa Caeiro, a mulher que o apoia incondicionalmente.
Claro que Portas tinha que terminar a vingançazinha ainda atravessada de tempos não muito distantes e acabou com a permanência dos dois representantes (mais um do que o outro, mas acabaram por vir os dois no comboio sem regresso), no parlamento Europeu, que já tinham lugar cativo e ameaçavam eternizar-se por aquelas bandas que enchem a vista e os bolsos.
Espera-se a todo o momento pelo anuncio do candidato laranja e como disse Manuela Ferreira Leite, o anuncio será feito, talvez com pompa e circunstancia no timing, previamente estipulado por ela e só ela, já que é a máxima representante de um partido autentico vaso chinês, quebrado em mil cacos. Ainda à procura dos restantes bocados,para que o vaso seja reconstruido, que se infiltraram em buracos internos e de lá não querem regressar ao aconchego do partido.
Espera-se dos restantes partidos as listas possíveis para a concretização do objectivo principal: a eleição de um ou dois deputados, que seriam o baluarte de uma politica segundo eles contra a política do PS, tão ruinosa para o país. Mas internamente o garante de mais uns anos na mó de cima, para barafustar contra tudo e contra todos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Primeiro Contributo Para Enfrentar a Crise


Ainda na pujança da indústria, os acordos que eram realizados entre as delegações sindicais e as patronais, em matéria de aumentos salariais, eram discutidos sempre num clima de alguma tensão.
Os patrões com as lamurias do costume, lançavam para a mesa aumentos irrisórios. Sempre era um princípio de negociação e passavam logo a batata quente para as mãos dos sindicalistas, que de uma proposta impensável eram obrigados a rever a cada reunião com o patronato.
Ora agora desces tu! Ora agora subo eu, mas pouco!
Era neste sobe e desce que se arrastavam as negociações durante dias e dias para se chegar a um número que seria o aumento acordado entre as partes, para vigorar durante um ano.
Escusado será dizer que os patrões levavam sempre a melhor. Existia sempre um não deixar a corda rebentar e como em tudo na vida, os pequenos (sindicato/trabalhadores) acabavam por ceder praticamente às pressões do patronato e todos os anos os aumentos cifravam-se por percentagens insignificantes, que nunca acompanhavam os valores da inflação e os trabalhadores das bases (esses pobres desgraçados), carregavam às costas a dureza do trabalho mal pago, com a desgraça de se acomodar ás vicissitudes de uma vida que eles assim a fizeram, ou então foram encaminhados pelos progenitores, sem espaço nem capital para preparar o futuro.
Entretanto criou-se os subsídios. Uma excelente forma de proporcionar um aumento aos trabalhadores e com a boa noticia de não ser retidos nos descontos.
Assim os patrões no salário de cada um praticamente não mexiam o que era óptimo. Assim os descontos feitos para o Estado pouca alteração sofriam. E o aumento era inserido na sua maior fatia, nos subsídios.
E durante anos, todos os aumentos incidiam no vencimento base (reduzida percentagem) e no subsídio de alimentação. O que originava ganhos para ambas as partes e viveu-se um clima de aceitação entre o empregador e o empregado.
Mas como tudo o que é bom acaba depressa. Chegou agora a notícia de que o governo através do Ministro do Trabalho e da Segurança Social, quer terminar com os subsídios não tributados. Como forma de arrecadar receitas para uma segurança social, sem futuro nem caminho para garantir as reformas dos trabalhadores a médio prazo. E o Ministro acha que com esta medida reforçara um pouco a sobrevivência da Segurança Social.
A crise levou o fundo da segurança social.
O desemprego ameaça a ruptura do que ainda existe arrecadado aos contribuintes.
E como o nosso país continua a pagar reformas chorudas, aos que contribuíram para que a nossa nação seja um mar de rosas cheia de espinhos e em muitos casos: não uma! Não duas! Mas três! Reformas para uma só pessoa e elas são às centenas e centenas, onde ninguém pode alterar todo este carrossel de desigualdade social.
Só existe um caminho para o estado! Ir buscar receitas que irão penalizar ainda mais os pobres que hoje pouco tem e assim amanha nada terão.
Aí está uma das primeiras medidas, para fazer face a que esta crise já amarfanhou.
Muitas aí virão é só deixar passar este ano de eleições, onde muito se joga e onde milhões de portugueses irão votar na ilusão de dias melhores, mas desgraçadamente irão ser dias de um vazio sem fim.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Obama Agitou a Europa de Norte a Sul


Obama agitou a Europa de norte a sul, desde o recanto mais agreste, ao barulhento poiso citadino.
A agitação é tão excitante, que a milhões de europeus se lhe perguntarem quem é o seu presidente, eles não sabem! Mas sabem quem é o Obama! Rei da América. Profeta do mundo!
Obama onde poisa aquela passada larga que sustem um corpo esguio, elegante e mulato dos pés à cabeça, deixa para a historia, a marca do seu poder imenso, tanto como o homem que é, como o país que lidera.
A sua alegria como um raio intenso de sol, sempre com um sorriso rasgado de orelha a orelha, contagia tudo e todos!
O seu charme que se liberta pelos poros, contamina as multidões, contamina quem o rodeia. Enfim, contamina o mundo que o aclama!
A sua inteligência, que se prevê seja a bênção para todos nós, transbordou daquela boca larga como a entrada do céu. Onde suas palavras, sem gaguejos, sem interrupções, sem desilusões. Fluíam harmoniosamente!
-É extraordinário que uma Europa inteira, fique de olhos em bico com tamanha personalidade!
- É extraordinário que um homem, vindo do outro lado do oceano, entre pela Europa a dentro e transfigure tudo em seu redor.
É extraordinário que um homem, transforme dezenas de chefes de estado, a simples figuras decorativas com dois ou três a porem-se de bicos em pé para tentarem chegar ao seu ombro, talvez encontrando aí um amparo como a tábua de salvação para a última chance de encontrar as soluções para tão cenário de provações!
- É extraordinário que um homem percorra meia dúzia de países aqui na nossa Europa, como se em casa estivesse! Não só pela cortesia esperada e esmerada dos europeus. Mas também pelo seu carisma muito próprio sem igual!
Compareceu às conferências de imprensa, com as soluções e os apelos para a custosa e demorada crise que nos afecta, ciente da gravidade e ciente que quem o estava a ouvir, sentia que ele estava a ser verdadeiro e humano. Não politico e demagogo.
Discursou para milhares de olhos europeus ao ar livre no meio do ar que nos alimenta e nos mantém vivos.
Com milhões e milhões por esse mundo fora, agarrados ao ecrã. Onde todos foram envolvidos pelo calafrio da emoção, a cada palavra. A cada gesto. A cada movimento por mais pequeno que fosse, deste homem que surgiu com um sonho. O sonho de presidente de uma grande nação. Tão grande, mas tão grande e por incrível que pareça ainda tão jovem!
Esse sonho foi crescendo, crescendo. E quando ganhou chama ardente dentro do seu cérebro, foi como o sinal para avançar. E ele lançou-se de pés e mãos de encontro aos adversários. A todos venceu! Os humanos e os fantasmas instalados na sociedade americana, que não deixavam as suas raízes.
Ele vai ter com as pessoas que o esperam horas e horas. E com a sua poderosa e enorme mão cumprimenta duas a duas, ou três a três. É tão poderosa e enorme a sua mão, que vai segurar carinhosamente o mundo redondinho como uma bola de cristal, na sua palma e dar-lhe as soluções para alimentar as bocas, as inteligências, os corpos dos milhões e milhões de habitantes que já lotaram todos os recantos desse globo ainda azul da cor do céu que nos abriga da escuridão.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Europa Parou para Receber Obama



Obama aterrou em solo europeu pela primeira vez desde que assumiu as rédeas de uma nação que comanda o mundo! Mas neste momento sofremos as agruras de uma crise iniciada nessa nação e que as imensas voltas, que já se deram, ainda não são suficientes para parar o carrossel da desgraça!
Era aguardado com enorme expectativa! Não só pela aglomeração de vinte chefes de estado, que juntos são portadores de oitenta por cento do PIB mundial e claro está formam o pomposo grupo do G20. Que deles muito se espera para carrilar a crise no caminho da retoma.
Como para conhecer ao vivo este homem saído do “nada” e depois de meses de intensa luta interna, primeiro como vencedor do partido Democrata. Depois alcançando o apogeu com a vitoria categórica na épica eleição para presidente. Onde juntou pretos e brancos, ricos e pobres. E conseguiu amansar assassínios e ladroes que por umas horas gritaram Obama, Obama, Obama!
Foi este homem que congregou todas as atenções!
Fossem elas nas reuniões individuais com presidentes de países, onde a interacção está um pouco toldada devido a vários incidentes políticos (como a Rússia).
Ou com a China, oponente a ter em conta num futuro não muito distante onde por entre sorrisos mais ou menos rasgados, tentando logo aí um reforço das relações diplomáticas bilaterais e com um até surpreendente convite para Barack Obama visitar a China no segundo semestre de 2009, o que Obama terá prontamente aceite. Situação pouco vista com presidentes antecedentes que ocuparam a Casa Branca.
Ou mais ainda, nos banquetes e bailes que faziam parte do protocolo, onde Obama era naturalmente o centro das atenções, conquistando tudo e todos com a sua humildade, com o seu carisma. Tendo sempre um sorriso, um aperto de mão seja para presidentes ou meros chefes de lhe abrir a porta! Com a curiosidade de todos, mas todos lhe conseguirem dizer (os que o conseguiram): - Presidente todo o meu país ansiava pela sua eleição! O que decerto Obama retorquia. Muito obrigado, fazendo uma ligeira inclinação para saudar não só o presidente em questão como toda a comunidade a que ele preside.
Mas Obama não aterrou nesta Europa, recheada de vícios e de desigualdades que se vão acentuando entre países ricos e os infelizes pobres como nós portugueses. Para apertos de mão e palmadinhas nas costas e duas garfadas de boa comida e dois copos de vinho europeu. Veio sim para a tão aguardada Cimeira dos denominados G20 (que eu passo a baptizar pelos Galos com 20 poleiros)!
E depois de um dia intenso de reuniões, onde se pode dizer com uma certa segurança, Sarkosy se fez ouvir, com as suas ideias e sugestões para restringir os paraísos fiscais, pesadelo e cancro desta crise de lua cheia segundo ele.
Uma Ângela Merkel, fanaticamente Germânica! A recusar mais estímulos à economia, pelas grandes economias europeias, como fazendo finca-pé a lembrar que é essa a solução mais prudente e contrapondo de certo modo uma das alternativas de Obama e seus pares……………………….
E no final, em conferência de Imprensa dada após a cimeira. E por entre um sorriso, como a alegrar um pouco a ansiedade de um mundo esperando novas daquela boca que uns dizem sagrada, mas que já teve os seus momentos maus. O Presidente dos EUA mostrou-se optimista quanto ao futuro, mas lançou avisos de prudência!
Avisos de que não é de um dia para o outro, que se resolve esta crise de contornos inigualáveis, sem precedentes na historia.
Avisos de que esta cimeira, serviu para que todos remassem contra a maré na mesma direcção, para ultrapassar as ondas revoltosas que ameaçam cobrir de negro este mundo que todos queremos mais social, mais virado para a partilha da riqueza criada por todos e para todos!
E mais que tudo. Transmitiu a todos os povos, através da Europa onde decorreu a cimeira, que o mundo pode contar com ele. Porque Obama sabe que praticamente todo o mundo, apoiou a sua eleição. E milhões deles rezaram, fizeram promessas, doaram um pouco do pouco que eles tinham, para que este homem, que milhões depositam a ultima esperança para que ele engrene a maquina da salvação e a ponha a girar em busca de soluções o mais rápido possível, para aliviar a penúria que dia a dia lhes entra pela porta a dentro!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Tempo dos Empregos Para Todos


A situação é infelizmente grave!
O emprego é uma miragem para quem o perdeu!
É como procurar uma agulha num palheiro para quem o procura!
Correndo os jornais, batendo à porta das empresas, ou enviando currículos sem fim para empresas do norte a sul, esperando impacientemente que uma delas, ao menos umazinha. Que se lembre do currículo desse alguém que o enviou e lhe dê a noticia, apareça cá que temos algo para si!
É consolidar o emprego que possuímos!
Mantendo-o com todo o nosso empenho, para que esta fase passe e novos ventos, tragam a retoma da economia mundial e a esperança de uma vida melhor para milhões e milhões.
Ao escrever esta simples introdução, estou a recordar quando se iniciou a minha primeira aventura no mundo do trabalho.
Era ainda um miúdo, vinha do mundo da escola, dos livros debaixo do braço, do convívio com miúdos da minha idade, onde só pensava no futebol e nas garotas.
E de um momento para o outro vi-me num enorme salão sem fim à vista. Dividido em quatro secções cheias de máquinas, de grande comprimento e de pessoas agarradas a elas (maquinas) como quem agarra um filho, porque era nessas máquinas que estava o sustento desses homens e mulheres para matar a fome às bocas que tinham em casa e na maioria dos casos eram bocas e mais bocas.
Um barulho ensurdecedor, vindo daquelas enormes máquinas que me deixavam um zumbido irritante nos ouvidos que me acompanhavam para todo o lado.
E gente que nunca tinha visto, nem imaginava que existiam. O meu mundo até aí era completamente oposto e sinceramente não imaginava que existisse este mundo que eram, os trabalhadores dezenas e dezenas deles, com roupas pobres e salpicados de restos de matéria-prima.
A maioria deles, moravam em freguesias que viviam da agricultura, o que originava, apresentarem-se ao trabalho com um aspecto muito pobre e sem o mínimo de brio e muitos cheiravam mal devido a falta de higiene. Criaram-me uma impressão bastante deprimente.
Mas eu não queria me tornar assim. Longe disso!
A adaptação foi terrível! Chorei pelos cantos, nos primeiros dias.
Queria voltar atrás! Queria dizer ao meu pai que me tirasse dali, que me levasse de volta para a minha escola, para junto dos meus amigos e amigas.
Queria sair dali e prometer-lhe que iria ser o melhor estudante da turma e tornar-me doutor! Prometia-lhe tudo o que ele quisesse, mas que me tirasse dali, por amor de Deus!
Mas já nada havia a fazer, os meus lamentos caíram num poço sem fundo e como tal, não havia volta a dar que os emergisse à superfície.
Como o meu pai também lá trabalhava, era encarregado de uma das secções. A resignação acabou por ter o seu acompanhamento passo a passo, o que ajudou à assimilação da realidade.
E pela manha ainda o dia era escuro (cinco e meia da manha), no Inverno era terrível, lá ia eu para o meu trabalho, fazendo metade do caminho pela linha do comboio fora e o restante pela estrada que me levava ao trabalho.
Fazia-me companhia um colega (vizinho), muito mais velho, que percorria o caminho até à fabrica, completamente calado. Raramente trocávamos uma palavra, fazíamos todo o trajecto sem um murmúrio, ou qualquer gesto.
Acho que ele na maioria das vezes ia a dormir, o calo de percorrer aquele caminho milhares de vezes, já lhe dava a pratica de poder ir a dormitar. Por menos era a sensação que me dava.
Pela duas da tarde terminava o meu trabalho e como o meu percurso demorava perto de meia hora, chegava a casa cansado, almoçava o que a minha mãe me deixava e deitava-me a dormitar, para depois ir treinar, onde esquecia todo o meu dia de trabalho e sonhava com o que não era possível! Nem todos os nossos sonhos são possíveis de realizar, mas sonhar não é pecado, até faz bem ao ego!
Como nesta altura estava completamente envolvido no futebol, ajudava a superar todo o ambiente do trabalho e quando estava a trabalhar, procurava imaginar o futebol e tudo o que o envolvesse.
Via-me a jogar num grande clube, rodeado de gente que me aplaudia que queria um autógrafo meu e claro quando acordava destes meus delírios, enfrentava a realidade. A realidade do trabalho! A realidade de trabalhar no duro, sempre pronto para substituir quem faltasse.
Mas os sonhos não comandam a vida! À que parar e enfrentar o que me rodeia, assumindo, que o meu mundo agora era aquele e portanto à que dar o máximo para conseguir algo dentro desta empresa.
Comecei cedo a trabalhar e cedo amadureci para o mundo. Dum mundo em constante mudança e eu tinha que me preparar para agarrar essa mudança e com dinheiro, passei a ter uma vida deveras agradável.
Tinha dinheiro não para muitas loucuras, mas para me proporcionar momentos agradáveis. Podia jantar fora, assistir a um espectáculo, ir à discoteca todas os sábados, etc. …. E mais que tudo, era independente! Não tinha que dar satisfações a quem quer que seja.
Como era uma pessoa com bom carácter e sem problemas de qualquer tipo, a vida corria sem sobressaltos tanto para mim, como para os que me rodeavam.
Tinha um bom emprego e com um bom cargo. Enfim tudo corria bem!
Eram os dezoito anos da pujança, da convicção que o mundo é meu e como tal à que gozar os prazeres da vida.
Dezoito anos, maioridade conquistada, a independência assimilada! Tudo corria bem o mundo era tão magnifico!
A Sociedade entrava na melhor fase da minha vivência!
Portugal começou a fazer parte da Comunidade Económica Europeia e como tal era um entrar diário de incentivos aos milhões que enchiam os bolsos dos novos-ricos que na maioria dos casos os esvaziavam num antro de perdição em lugar de os investir nos alicerces das suas empresas.
Deu no que todos já imaginamos e hoje é um fechar de portas porque os frágeis alicerces ruíram como castelos de areia.