sexta-feira, 21 de maio de 2010

As Vacas Bem Magras



O calor aperta nestes já trinta e tal graus que nos cola a roupa pouquíssima, já ao corpo meio descoberto, deixando ao leu umas brancuras desmaiadas a clamar sol para os bronzeados de encher o olho.
E como andamos todos os dias a receber notícias de cair para o lado. Primeiro foi a entrada já em Junho das novas tabelas do IRS, que levarão mais uns euros ao subsidio de férias e nos vai encostar ás praias mais próximas.
E logo ouve-se o líder da oposição a bradar aos céus que qualquer dia Portugal não terá dinheiro para pagar e lançando ainda mais o dramatismo para a fogueira sempre ateada nas mentes dos portugueses.
E andamos no diz que disse por entre entrevistas e debates, nomeadamente lançados por pessoas que aceitam os sacrifícios como a única maneira de não irmos ao fundo. Mas são esses mesmos que estão cientes, que estas medidas lhes passam ao lado, já que estão bem abonados em reformas que se multiplicam pelos anos que passaram em instituições acumuladas.
São essas pessoas que auferem ordenados chorudos, em cargos muitos deles oferecidos em forma de favores. E como tal passando ao lado destas medidas tão gravosas para a maioria de todos nós.
São esses demagogos que regularmente nos aparecem nos ecrãs, lançando bitaites previamente decorados, sem terem a mínima noção do que essas medidas irão ter a nível social.
Aliás devem se estar a marimbar para isso. O que lhes interessa é; o venha a mim o que me é devido e os outros que fechem a porta.
Rio-me com os doutores que vêm o aumento de impostos como o mal menor desta maratona que não tem fim de lamúrias sociais.
Ninguém mas ninguém conseguiu até hoje implementar, ou até sugerir vamos ser mais recatados. Que fossem visados também aqueles que acumulam reformas chorudas, muitas podem-se contar pelos dedos e fossem buscar aí já um mealheiro para partir em prol do país.
Aqueles que, gerem as grandes empresas e são dezenas deles. Sem concorrência e como tal é normalíssimo apresentarem bons resultados e são agraciados com bónus de fazer ver um cego, que levam ao desespero de quem é obrigado a ter um serviço pago ao preço que eles bem entendem.
Aqueles que se passeiam em palestras e formações sistemáticas aglomerando outros cargos. Porque são amigos dos organizadores e assim sendo ganham o cacho das uvas deixando aos milhares nas mesmas circunstancias as cascas já secas sem sumo que até esse foi pormenorizadamente seco para não deixar vestígios de alguém sentir o gosto.
Nisto ninguém levanta o véu! Porque hoje tens tu, amanhã terei eu!
E lá caminhamos. Se for pela rua já da amargura levamos com este calor já a enervar.
Se for no trabalho o ar condicionado para arranca, para arranca. O dinheirito da empresa já à muito se foi e é remediar com o que se tem.
Se for em casa é olhar para as quatro paredes e esperar um milagre que nem o Papa ousou garantir.
O tempo das vacas magras irá ser real, porque a erva está tão seca que nem chovendo meses a fio melhora o estômago delas.
É lutar por uma vaca que ainda apresente sinais de nutrição e então agarra-la bem pelos cornos e passa-la para o nosso quintal.

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