sábado, 5 de julho de 2014

Domingo bem perto do verde e da montanha que chega ao céu




Sento-me no banco de madeira por baixo do prédio que me dá guarida.
O silêncio é acolhedor. Só o vento mexe com os ramos das árvores e limpa o local das folhas que caiem e são repelidas, até que encontrem um buraquito para se entrincheirarem mascarando o jardim até que alguém se lembre de as recolher e dar mais beleza a este recanto agradável..
Uns metros para a frente, corre um regato farto de trutas estáticas nos baixios, esperando que levados pela corrente, surja o alimento, que as engordam dia a dia.
Levanto-me e vou lá ter.
Lá estão elas, apesar do camuflado natural, consigo distingui-las.
Acastanhadas, salpicadas com pintas pretas, logo dão pela minha presença e numa volta rapidíssima, desaparecem nos buracos naturais que a água ao longo dos imensos anos, tanto bate que até que fura.
Viro puto e apanho uma pedrita e lanço-a para o sítio onde mais uma é avistada. Ainda a pedrita vai no ar já a desconfiada truta, se esquiva velozmente.
 Outra mais e dá-me gozo observá-las, na correria louca para se esconder do invasor.
Caminho ao longo do regato até encontrar a ponte que me tira do bloco de apartamentos e me leva para o centro da Aldeia..
Antes passo por cerejeiras carregadas.
Folhas verdes e cerejas bem encarnadas. Dão um colorido belíssimo durante uns metros pelo passeio de pedra da cor da lousa, onde os meus antepassados escreviam na escola que ia para os mais afortunados, até á quarta.
Nogueiras bem próximas que vai ser um regalo colher as nozes mais para a frente, já que ainda são tão prematuras que nem se trava o passo para as apreciar.
Lá está a Aldeia!
Meia dúzia de tabernas. Uma catedral bela. E como é a hora da sesta, ninguém vê viva alma.
Cada aldeia tem uma rotunda como entrada e desde que deixo a via rápida, são oito rotundas. Oito aldeias tão semelhantes, que só o nome as distingue.


E lá estão as montanhas que fazem guarda às aldeias que de três em três quilómetros fazem jus á sua presença.
É o início dos Pirenéus.
O tempo é sempre imprevisível, ora chuvisca. Ora o sol dá um ar da sua graça. Por isso os campos ingremes são sempre de uma verdura maravilhosa. Convidando á pastagem de rebanhos e manadas que vagueiam dia e noite de cabeça baixa saboreando a erva sempre fresca e verdejante.
É o descanso necessário para quem carrega nos ombros uma semana intensa de trabalho.

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