segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Com o coração nas Mãos



Três da manhã viagem terrível. 
Os cafés ingeridos, eram impossíveis de nos despertar.
 Quatro da manhã. O sono tomava conta de nós e a estrada não tinha fim.
Não podíamos parar. E o sono encaminhava-nos para o abismo.
Num grito, o condutor guinou o volante para a direita, quando o desastre era eminente.
Conduzir devagar não dava tempo para chegarmos. E queríamos chegar, para descansar.
Eu desejava parar e acabar com o medo da derrocada, que só podia terminar, enfaixados nos railes da auto-estrada.
Parávamos na solidão da noite.
 Tudo encerrado. Não se via viva alma. Só a chuva para mal dos nossos pecados.
Recomeçávamos o martírio de pôr o carro a rolar e o medo a pairar.
 Tínhamos que chegar e descansar, descansar, descansar.
Para nossa segurança, o som dos pneus na faixa branca, abria-nos os olhos, mas não a lembrança. Embora tudo fizéssemos para perder vários minutos da nossa vida.
 Por fim chegamos cansados e com o coração nas mãos.
 Uma hora de descanso, num sono em sobressaltos. Lá voltamos a entrar no carro, num silêncio tão ingrato que pedia contas à irresponsabilidade de três marmanjos.
E mochila às costas, principiamos o trabalho que não dá tréguas.
 Onze horas depois o regresso. Duas dentadas numa refeição sem tempo para terminar e momentos depois, a cama era a salvação para um corpo travado de violentas emoções.

Sem comentários: