sábado, 23 de maio de 2015

Bem no alto, Grito mais alto




Apetece-me escrever nesta tarde!
Que me aconselhas alma dedicada, que me acompanhas para todo o lado, sempre na expectativa de ser realmente verdade, que estou ligado a um destino que segundo os meus antepassados, tenho-no traçado.
Nem tu pequena alma, já chagada pela vida que te obrigo a percorrer, consegues segredar o que neste preciso momento me apetece desabafar.
Estou prestes a atingir a idade da certeza nas atitudes doravante tomadas. Deixando para trás a leveza, que em variadíssimas ocasiões fazia questão de me percorrer para tornar fácil, o que sabia verdadeiramente difícil.
A vida é um cordão de dois bicos, amparando uma ponte que liga dois penhascos, evitando um enorme precipício.
Bicos inquietos sem parança.
Um guia-me para uma fábula que farta uma enorme pradaria. Mas quando surge encostas ingremes, obriga-me a esgravatar com as unhas, esfarrapando o corpo já em ferida, as subidas para lá dos cumes.
Bem no alto. Tento gritar mais alto para o céu infinito, que conquistei para já o apogeu. Mesmo que seja por breves ensejos, pouco importa.
Outro empurra-me para a realidade que dura.
Bem cedo surge a aurora. Tão longe da acostumada argola que me amparava, a dois passos do abrigo do sofá fofo. Levando as horas, rápidas ou custosas. Para finalmente terminar envolvido em pó acrílico mais um dia, que se risca no calendário bem por cima da mesa do cantinho do ripanço.
Mas o dia ainda promete, reclamando as horas que oferece. Depois do inverno frio e escuro.
Oferece tempo para escutar as conversas do outro lado da linha. Salpicadas de argaço que se encosta ao areal proibido, nas noites de lua cheia com desejos.
Vem pequenina para o meu cantinho!
Acotovela-te ao meu abraço constantemente aberto, para te agasalhar na coberta do meu navio á deriva.

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