domingo, 29 de novembro de 2015

Que se agarram ao meu Destino.




Desci as escadas de quatro andares e encontrei a noite a chorar.
Banhada em lágrimas suaves, que molhavam a alma a quem se atrevia, a romper esse caudal teimoso.
Nadei nas suas margens, descansando nos passadiços para não ser levado sem direcção numa noite fria, a desafiar o tino.
Aqueci-me com o calor de uma vela colocada na mesa de madeira sem força, já que bastava pousar os cotos, ela rangia de dor.
Lá se encontravam desconhecidos, esperando impacientes de copo meio cheio, que a noite deixasse de carpir lágrimas.
Ouvia frases sem discernir o objectivo, eram grunhidos de homens duros e mulheres flácidas cansados da vida. Dura para qualquer destino, longe das amarras íntimas da família.
Por momentos a noite deu tréguas num assoar o rosto negro como o carvão das entranhas da terra.
Era altura de regressar sem barco mesmo a remos.
Logo que cheguei ao meu porto de abrigo, encontrei os mesmos que se agarram ao meu destino.

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