sábado, 25 de julho de 2015

Milhões de Festa




Milhões de festa, embeleza a terra do galo
Faz por dias, regressar a alma jovem dos que ingratamente tiveram que partir e enchem a cidade de sorrisos encantadores. Olhares que alegram os idosos fartos da rotina diária de uma cidade por vezes fantasma.
Chegaram de todo lado.
Esticando-se ao comprido na relva aparada da piscina. Realçando as tatuagens da moda e aliviando o calor em saltos um tanto ou quanto malucos, na água fresca que tudo acalma.
São corpos manchados pela beleza ainda jovem de quem se farta em apanhar os festivais pelo país fora e descobriram Barcelos, outrora barricado na pasmaceira do nada e cá estão prontos para três dias de autentica farra.  
Ocupam o castelo e a marginal ainda curta do rio. Em grupos volumosos, ensaiando os últimos acordes, para logo mais à noitinha, levar a juventude ao rubro.
Meios vestidos com o que de melhor tem para mostrar, dão largas à alegria contagiando quem de boca aberta teve o privilégio de partilhar.
Barcelos está nas bocas do país.
Milhões de festa, está de pedra e cal na terra do galo que de lendas se fartou e trouxe para a ribalta o milhões que se perpetuará na história.

Existe uma Linha



Estou farto de estar deitado
Obriga-me a sonhar acordado
Por vezes os sonhos são benéficos
No entanto, tanto sonhar ofusca-me a realidade

Vou sair para o ar puro da calçada
Refrescado pelas recentes chuvas da madrugada
É sábado, tenho tanto tempo para resolver nada fazer
Deixo para a noite, a busca de um pouco de adrenalina

Até lá escrevo alguns males dos meus pecados
Vejo fugir por entre os dedos, a aliança dourada
A vida é isto: oferece um sorriso e cobra tantos sacrifícios
Estar longe de alguém, abre gretas em carne viva

Mas existe uma linha que separa o barranco
Do lado de cá estou eu a admirar a falésia
Do outro lado, penso encontrar-se a ingénua
No final, salva-se o equilíbrio em suspiros de alívio

sexta-feira, 24 de julho de 2015

As pétalas em papel Vegetal


Já lá vão muitas luas, encontrei uma flor tão linda como o sol.
Aquele sol, que rasga as nuvens negras teimosas em fazer prevalecer a sua vontade, trazendo a Primavera tão aguardada, depois de um interminável Inverno.
Contei-lhe as pétalas, dez como os dedos das mãos.
Arranquei logo a primeira para a colar aos lábios.
Era o aroma de um sorriso tão natural que abriu de par em par, as minhas entranhas encerradas dias a fio, já não acreditando em saborear maravilhoso sorriso.
De seguida saquei a segunda, um olhar meiguinho como se tratasse de um bebé tão querido.
Assim permaneci, embebido nesse encantador aroma libertado pelas primeiras pétalas de uma flor que encantou o meu pobre jardim.
Dias depois libertei a terceira!
Descobri a ansiedade em oferecer amor. Que beleza de toque. Que doçura em partilhar as emoções. Que entrega em repartir o prazer, por vezes infinito.
O tempo passou e nós embrulhados na terceira, que se colou aos nossos corpos, deixávamos correr os dias como se nada mais tivesse valor
A quarta, soltou-se com as vicissitudes da vida.
Partilhamos as ansiedades, as preocupações e os projectos de um futuro que era tão só, logo ao raiar da alvorada.
A quinta. Foi a dolorosa. Continuou-nos a afastar, um cá dentro, outro bem fora. E a viver intensamente cada regresso tão ansiado.
A sexta trouxe as suspeitas que dia-a-dia aumentava na mente de quem esperava, por ter as certezas bem certas, não se importando em cometer piáculo, para aliviar a vingança.
Mas a terceira permanecia no trono onde habita o coração e daí soltava-se uma imensidão de paixão.
A sétima. Quebrou-se com o tempo e ao encurtarmos o tempo de afastamento, aliviamos as malditas interrogações em permanecermos tão juntos como a casa e o botão.
Os longos meses bem unidos trouxeram a oitava que se soltou como uma lança, enfiando-se bem no fundo da alma.
Estávamos tão unidos em corpo que eles se encarregavam de falar por nós e guiar-nos nas catacumbas da intensidade do nosso amor.
A nona. Veio salpicada de nódoas negras.
Eram fantasmas ao virar da esquina. Eram pinóquias de nariz tão comprido que invadiam a mente já insegura para fazer jus, ao que essa mesma mente produzia.
A décima ainda tilinta no assombro do que era uma flor tão bela como o sol.
Ainda guardo cada pétala em papel vegetal para perdurar no tempo, como um sinal de maravilhosos momentos.

domingo, 19 de julho de 2015

Tsipras e a desgraçada Grécia




Nestes últimos dias assistimos à luta do David contra Golias, numa batalha já com destino traçado.
Nunca por mais que pudéssemos dar uma forcinha, a Grécia conseguiria obter o que ingenuamente os seus recentes governantes, prometeram enquanto candidatos a governar o país.
Deram tudo, o que podiam para levar em frente os seus propósitos de negociar uma divida astronómica.
Mas o tempo não pára e o povo faminto, com já escassíssimos recursos na despensa, via-se da noite para o dia com os multibancos reduzidos a três janelas onde se podia levantar meia dúzia de euros por dia.
E o governo de jovens políticos feitos na vanguarda da oposição, lutando contra a corrupção dentro do seu próprio país. Foram eleitos e logo desafiaram o Golias europeu na cedência do perdão de mil milhões como se eles, fechassem os olhos a uma noite de enorme folia onde se gasta tudo, mas fica a perpetuar para a história a magnificência da inesquecível noite.
O Golias nunca cede a um bando de garotos saídos das cinzas de Che Guevara e logo quando está em jogo, tantos milhões. Que o digam os vizinhos também endividados, mas obrigados a pagar com sangue suor e lágrimas.
Ceder é deixar emergir pela Europa fora, centenas ou milhares de sósias Tsipras, levando a uma viragem que nem em sonhos pode ser concretizada.
Mas o bando libertador de uma Grécia esperando por um milagre, começa a dar sinais de negligência negociadora, perante aves de rapina que tudo retém e nada oferecem do que é delas.
Ainda dão tempo, para que David repense nas imposições contidas nas suas débeis armas, deixando que se troque galhardetes em reuniões já com o assunto encerrado.
A comunicação social, arreguila os olhos perante a audácia do bando onde nasceu a democracia, mas cedo se conforma que a democracia nasce não para todos, mas sim para quem a impõe.
E ao fim do tempo, que Golias achou por bem ser tempo de por um fim a esta guerra com o vencedor antecipado (eles), deu dois passos em frente e desbaratou o bando do mar Egeu, remetendo-o desfeito em pedaços para as ruínas onde muitos anos antes, nasceu o que hoje é ditado por quem pode e manda.



Tenho o Amor alugado




Quando se lê a alma de uma pessoa, depois de lá entrar com o consentimento do seu coração. Conquistamos a grandeza de um amor que passa a fazer parte da nossa vida, como o ar que a sustenta.
Vivo os momentos, porque são eles, que me levantam ao nascer do dia!
Vivo esse mesmo instante, feito de minutos intensos em contactos que fervilham no meu consciente, ou por meio de palavras que nos juntam como siameses. Para abraçar os primeiros raios de luz, ainda aconchegado na frescura dos lençóis que cobrem este corpo saciado de caricias.
Por agora vou abraçar a fresca tarde,  numa caminhada de minutos de encontro às esplanadas repletas de olhares curiosos e convencidos. E de cabeça bem levantada, dizer para comigo:
Tenho quem me ama de verdade.
Tenho o amor alugado até ao fim da vida e feliz desse contrato.
Tenho o sorriso a sair-me constantemente e o olhar de um felizardo adolescente
Tenho, sempre o digo: todo o tempo do mundo para continuar a alegrar o meu futuro.