quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A minha Rua




As minhas vidraças captam o sol só no verão. Duas horas em que as ceroulas secam, como troféus de caça grossa.
O IMI faz questão de se apoderar dessa bênção!
A minha porta, tem três fechaduras. Uma, com corrente de pastor alemão
Tudo por causa da visita de romenas, que fazem questão de entrar e deitar a mão.
E o IMI, faz questão de ir ao bolso, a uma porta blindada, com trincos de assustar um pequeno ladrão, que frequenta o tasco do Kecas a pedir perdão.
As minhas janelas, têm fendas onde entra tudo o que é gritos dos vizinhos e suspiros de quecas mensais.
E o IMI, vai cobrar, a minha excitação em utilizar os fones para não ouvir vizinhas a gritar pelas poriscas no chão.
A minha entrada está amarrada a uma corda de estender a roupa. Tudo por que o portão desfaz-se a cada empurrão.
E o IMI, vai cobrar porque tenho passeios bonitos, mas que fodo os dedos pelos altos que deixaram os penedos.
O telhado tem buracos onde entram os bichos esfomeados.
E o IMI faz questão de cobrar, como se fosse ar condicionado.
Na minha rua só passam turistas a tremelicar de alzaimer e sacolas de contas da farmácia.
E o IMI, apodera-se do movimento que para eles mobiliza os bolsos dos residentes.
A minha rua deixou de ter padaria (ainda me lembro da canastra à cabeça). E a buzina gritante da peixeira a cheirar a mijo, com chicharros para encher a barriga de cinco bocas famintas.
E o IMI, faz questão de cobrar compras porta a porta, como se o Continente ficasse no largo onde funcionou a junta.
Na minha rua tem meia dúzia de viúvas, quatro ou cinco solteironas e o resto são cantigas.
E o IMI, vai cobrar como se por lá existisse casamentos semestrais!

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