quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Resta




Existem noites mergulhadas na nostalgia.
Noites infinitas!
 Envoltas em curvas constantes numa cama solitária. Tão larga, que pela manhã acordo do avesso, com o corpo massacrado e estafando o juízo!
Noites sem vontade de abraçar a saudade.
Uma saudade indigente, esgotada.
Envolta em soluções e represálias despropositadas.
Sem capacidade para patentear o óbvio. Bem perto das suas janelas que se deviam abrir para o largo jardim. Onde esvoaçam as ultimas folhas que durante dias, aguentaram o vento duro do Outono, perto do fim.
Resta a calçada solitária, já com os altos conhecidos para não magoar os dedos ainda doridos pela batalha diária, nas frágeis amparas esbulhadas. Como campânula para fechar os olhos à vulgaridade!
Resta o sol bonito, que aquece o asfalto conhecido de longos anos percorridos, com pensamentos esmorecidos. Mas com desejos esclarecidos.
Resta a luz nocturna. Que decora a cidade numa beleza tradicional que encanta quem cá permanece e quem numa fuga conhece.
Resta o espírito natalício. Farto de desejos ancestrais que deixam as pessoas solidarias, enquanto as melodias natalícias ecoam nos corações infinitos.
Resta o pôr-do-sol num fim de tarde. Que me guiou até casa em quilómetros sem fim, para chegar até mim, porque só encontrei as raízes, em que há longos anos nasci!


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