Olho as montanhas num dia magnifico de sol, da varanda
de madeira já carcomida pelo tempo agreste, que no Inverno nada perdoa a tudo
que se eleva dos confins da terra.
E imagino-me criança a trepar os socalcos montanhosos,
chegando ao cimo a gritar a plenos pulmões, que conquistei o monte numa de herói
sem igual. Estendendo a mão ao céu e rebentando com o meu dedinho ainda de
menino, as nuvens brancas, como se de balões folclóricos se tratasse.
Isto já, com muitos anos percorridos nesta vida, que
me ofereceu a dureza de uns enormes tabefes. A cada remendo nas calças, que
representavam a dor de brincar, superando a mesma dor!
Hoje os
remendos fazem parte da moda, mas a dor de hoje é mascarada com mais dor.
Enquanto a nossa era curada, com a nossa força em camuflar a dor no nosso
frágil coração. E cresci a escondê-la das agruras da vida.
Assim a minha geração
cresceu e, é ainda a que transmite a pureza de tempos, em que se era feliz com
tão pouco.
E como eu, com pouco tempo para as brincadeiras de
esfarrapar os joelhos. Fui trabalhar ainda escorria lágrimas de ansiedade, para
que o dia nascesse e corresse para o largo, onde me esperavam os amigos que não
se esquecem. Mesmo que os tabefes, eram o esperar que na casa entrasse, com a
mãe de mão ao alto me marcasse!
Ser feliz com pouco, era uma ciência que se perdeu!
Estávamos sempre a inventar coisas novas, brinquedos
que criávamos e que perdurassem com o tempo.
Com fome, galgávamos os muros e com as duas mãos,
inventava-se algo para comer.
As amoras eram uma delícia. E as cangostas
escondiam-nos da perícia em sossegar o estomago, com o esperar, que os
agricultores resvalassem numa sesta para que as peras, maças e as uvas fossem
uma festa.
Agora que a tarde atinge o apogeu da maravilha,
saboreio o sol e o ar puro da Natureza tão querida. Num sossego que faz com que
até os Deuses façam uma pausa, a castigar os terroristas de estropiar os
indefesos inquilinos, deste planeta com recantos paradisíacos.
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