domingo, 26 de março de 2017

A Natureza é o Paraiso




Olho as montanhas num dia magnifico de sol, da varanda de madeira já carcomida pelo tempo agreste, que no Inverno nada perdoa a tudo que se eleva dos confins da terra.
E imagino-me criança a trepar os socalcos montanhosos, chegando ao cimo a gritar a plenos pulmões, que conquistei o monte numa de herói sem igual. Estendendo a mão ao céu e rebentando com o meu dedinho ainda de menino, as nuvens brancas, como se de balões folclóricos se tratasse.
Isto já, com muitos anos percorridos nesta vida, que me ofereceu a dureza de uns enormes tabefes. A cada remendo nas calças, que representavam a dor de brincar, superando a mesma dor!
 Hoje os remendos fazem parte da moda, mas a dor de hoje é mascarada com mais dor. Enquanto a nossa era curada, com a nossa força em camuflar a dor no nosso frágil coração. E cresci a escondê-la das agruras da vida.
 Assim a minha geração cresceu e, é ainda a que transmite a pureza de tempos, em que se era feliz com tão pouco.
E como eu, com pouco tempo para as brincadeiras de esfarrapar os joelhos. Fui trabalhar ainda escorria lágrimas de ansiedade, para que o dia nascesse e corresse para o largo, onde me esperavam os amigos que não se esquecem. Mesmo que os tabefes, eram o esperar que na casa entrasse, com a mãe de mão ao alto me marcasse!
Ser feliz com pouco, era uma ciência que se perdeu!
Estávamos sempre a inventar coisas novas, brinquedos que criávamos e que perdurassem com o tempo.
Com fome, galgávamos os muros e com as duas mãos, inventava-se algo para comer.
As amoras eram uma delícia. E as cangostas escondiam-nos da perícia em sossegar o estomago, com o esperar, que os agricultores resvalassem numa sesta para que as peras, maças e as uvas fossem uma festa.
Agora que a tarde atinge o apogeu da maravilha, saboreio o sol e o ar puro da Natureza tão querida. Num sossego que faz com que até os Deuses façam uma pausa, a castigar os terroristas de estropiar os indefesos inquilinos, deste planeta com recantos paradisíacos.

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