domingo, 25 de maio de 2014

São tantas as Taças




Eramos dois a torcer pelos mais pequeninos. Que se batiam com toda a alma e coração. Numa concentração máxima, fazendo das tripas coração, para fazerem frente ao poderio individual da outra equipa.
Numa casa de pasto já familiar. Com meia dúzia de fanáticos a apoiar a equipa do melhor do mundo.
O bife estava ótimo. A salada repleta de vegetais que saiam do prato. As batatas tão fresquinhas que ficavam nos dentes tamanha a incerteza de cada lance para desfazer a diferença.
Eram de Madrid e claro, rivalidade em cima de todas as botas.
Primeiros minutos, nada oferece em momentos de euforia.
Uns marcam mesmo em cima, outros tentam martelar o valor do seu individualismo.
Lisboa é a única a fervilhar de emoção dentro e fora do estádio, repleto de espanhóis preparados para erguer o troféu.
Nós portugueses vivemos a inclinação para os merengues recheados de portugueses e lá habitando o melhor dos melhores farto de conquistar recordes.
Mas eu torcia pelos colchoneros, a terminar uma época de sonho, recheada de sangue suor e lágrimas.
O jogo decorre e muitos já vaticinavam que de golos, só em deslizes que os nervos são férteis nestas grandes finais.
E lá aconteceu o primeiro.
Casilhas arrisca e no fica a meio, já não vai a tempo de evitar o primeiro.
O estádio humedece. Só os colchoneros festejam, mas a grande franja de apoiantes do Real (incluindo 80% de portugueses), ficam mudos e inquietos.
O real entra de rompante numa segunda parte, toda ela merengue.
E o milagre sucede, apesar de tudo o Real fazer por merecer. Que até o presidente quebra o protocolo e grita emocionado pelo milagre bendito.
Esteve tão perto a gloriosa caminhada do Atlético, que a poucos segundos de erguer a taça. Sente que mesmo nos seguintes trinta, vai se arrastar no meio do massacre merengue.
E assim foi!
Dois, três, quatro e que alivio terminar o jogo, senão seriam mais e mais.
Que contraste!
No tempo regulamentar, o jogo não terminava para logo levantar a taça, numa festa que seria memorável.
Ó arbitro termina logo o jogo no prolongamento, para que o pesadelo não passe dos quatro.
O futebol é mesmo belo.
E logo em lisboa império dos descobrimentos. Que tanta azia fazia aos espanhóis, fartos de caravelas e canecos da Champions.





quarta-feira, 21 de maio de 2014

Este país é um Deserto



Como a fé move montanhas, recorremos a ela como a tábua de salvação, para todos os males que nos apoquentam.
Porque uma pessoa sem fé é como pregar no deserto.
Um deserto terrivelmente árido, onde o desfalecimento precoce é a certeza absoluta.
Este país é um deserto!
Um deserto de oportunidades.
Imensamente seco para de lá brotarem as oportunidades que dariam a vida florida, aos caminhos do futuro.
Um deserto de ideias.
Temos crânios, temos energia. Mas falta-nos a alegria, porque sentimos este país encorricado numa velhice abafada. Com cheiro a casa encerrada para fazer emergir todas as nossas potencialidades.
Um deserto de dívidas.
Endividado pelas imensas areias movediças que se perlongam por anos a fio. Tantos, quantos, esta geração terá que caminhar sem fim á vista.
Um deserto de oportunistas.
Sim imensos! Tantos, que fazem a única sombra que podemos encontrar no poiso estéril do nosso caminho.
Um deserto de nascimentos.
Sem crianças o futuro de um país é amortalhado no rastejar do passo dos idosos. Sem eira nem beira, já que se sujeitam ao desamparo do Estado e desfalecem numa angústia isolada, depois de tudo oferecerem às gerações que hoje os abandonam.
Um deserto de políticas que não surgem dos numerosos políticos.
Sem confiança dos portugueses. Porque são educados para prometerem o que sabem que nunca será posto em prática. Originando uma desconfiança sem precedentes, neste preciso momento.
É este o cenário que no domingo seremos chamados a avaliar!

terça-feira, 20 de maio de 2014

De arrepio em Arrepio




Dias de muito calor que levaram toda a gente, a procurar as frescas ao pé da porta e para o sol do mar, a meia dúzia de quilómetros.
Já todo o mundo se despia em arreganhos carnais de fazer ver um cego.
Já toda a gente procurava o bronze para adocicar o morenaço, aos corpos sedentos de toques de quem merece o amor.
Mas foi calor de pouca dura.
A chuva regressou em aguaceiros de respeito.
E num abrir e fechar de olhos os corpos até então despidos de agasalhos. Escondem-se em adereços quentes, tapando a beleza já tão presente.
E os arrepios constantes de um frio irritante, fazem voltar a tristeza de dias ainda bem vivos, de um Inverno tremendamente chuvoso.
Mas a agricultura agora mais do que nunca a sobressair em hortas mesmo citadinas. Abre-se num sorriso enorme como um arco iris de tantas cores, agradecendo estes pingos certeiros que regam os batatais e tantas verduras, não esquecendo os arrozais. Deixando os agricultores felizes, pela poupança divina.
E obrigam a recolher às tocas da invernação, os incendiários do costume. De isqueiro em riste ateando fogo á floresta, mal o calor estendeu-se de costa a costa.
Os entendidos dizem que serão chuviscos intensos até ao fim de semana.
Vai obrigar-nos a recolhermo-nos nas trincheiras de quatro paredes. Já que os trovões são audíveis bem perto em descargas de pôr os cabelos em pé.
Agora já se foi a chuva e nada melhor que ir tomar uma bica e dar duas de treta, para ver como andam as modas.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Tua Voz



Ouvir a tua voz sossega o dia farto de horas paradas e a ansiedade estampada.
Com essa voz, liberto a apreensão e alegro a disposição.
.Embala-me num vai e vem constante, esticado numa alcofa gigante.
 Uma voz suave como um canto.
Numa música adorável, tantas e tantas vezes cantada. Mas a dado passo alteras a letra e junta-lhes palavras cada vez mais frescas, cada vez mais apaixonadas.
Uma voz tão simples e pura que arrepia a minha doçura.
Como desejo estar perto dela.
Como estico os passos para correr para ela.
Como lhe envio o meu coração para a cada alongar da boca, seja o ritmo do seu batimento.
Uma voz que exige amor.
Sempre que abafamos as nossas vozes, enquanto o beijo une o desejo.
Enquanto suplicas a oferta do meu amor, quando sorrio feliz.
Uma voz a duas vozes.
Para perpetuar o nosso amor!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A seu tempo. A seu tempo



Partilho momentos simples, embalado pela certeza da realidade bem presente.
Vivi um piquenique no monte da padroeira, com a família que me resta.
A simplicidade das pessoas é tão evidente que me deixou entusiasmado pela alegria que depositam em meia dúzia de horas de convivo. Em redor de uma mesa de pedra e meia dúzia de travessas.
Escutava conversas triviais por entre braseiros assando as costelinhas, dando gustação aos frangos caseiros e fazendo água na boca, aos coelhos nas trempes.
E até saboreei um vinho guardado religiosamente de colheita de 2008, oferecido pelo autarca da junta, ao patriarca. Pouco dado a brilharetes deste género. E lá se foi a garrafa guardada na garrafeira já com pó encrustado.
E um digestivo caseiro vindo dos frades como lembrança de ofertas de um tio afamado, pela arte que lhe brota dos braços.
Como se depara, pessoas simples que oferecem o que lhe enche a garrafeira de orgulho e felizes pelo nosso prazer em provar essas relíquias em forma de pagas de bons serviços.
As mulheres numa correria para encher a mesa de carne para todos os gostos e com o rosto avermelhado pelo calor dos assadores. E um arroz solto no ponto, que a tia vaidosamente servia. Tia essa, que á muito não punha os olhos em cima. Apaparicavam-nos de sorrisos e serventia.
Para ocupar um pouco a tarde e não deixar adormecer uma moleza que já era evidente. Nada melhor que um jogo de sueca. E a malha a saltitar rolando pelo silvado, levando mais de meia hora para a encontrar.
Antes do lanche que já entrava pelo cair da tarde. Tempo ainda para rumar ao santuário e com o patriarca a dizer breves palavras em forma de oração, recolhemo-nos em breves momentos, pedindo á padroeira proteção e ajuda para aliviar as nossas angústias.
Por fim arrumar as trouxas. Deixar o local como o encontramos e regressar a casa, ainda a tempo de dar uma saltada para, por momentos quebrar os tímpanos a escutar a razão. Como era enviada de todas as direções. Fiquei deveras confuso, como iria tomar decisões.
A seu tempo. A seu tempo!