sexta-feira, 13 de março de 2020

Cronovirus19



Nasci na graça do senhor, como dizia a minha avó, na década de sessenta já nos seus últimos anos.
A Europa vivia a luta pela liberdade e o mundo lutava pela igualdade.
E tudo isto passei, por entre fraldas presas ao alfinete de larga cabeça e, aprendendo dando dois passos, preparando-me para enfrentar o mundo.
Veio o vinte e cinco de abril e ainda só rasgava os joelhos depois das calças desmembradas, nas jogatanas da bola. Essa a minha preocupação, mal sabendo que o meu país cantava em euforia, o feito de conquistar, a liberdade e a glória!
Aumentei de peso e idade e por mero acaso, ouvia que o mundo vivia o flagelo da droga e que ela podia estar ao pé da porta.
Aguentava as tareias da mãe e isso já era dor suficiente para me preocupar da dor do mundo, que me rodeava.
Casei, já de braços dados pelo rebento prestes a nascer, numa época que saltei a fronteira da vila que me viu nascer e pousei num país que me viu a sonhar por ele.
Um sonho por fim tornado realidade.
Quando ouvi bocas a decifrar frases numa língua que não estava habituado
A família cresceu, a vida corria como os ribeiros. Ora com muita, ora com pouca água dependendo das tempestades sazonais do psíquico humano.
A família desmembrou-se, fruto da crise social mundial, e humana entre portas. E num flach momentâneo, encontrei-me tão só no mundo que, fugi para consquistar novo mundo!
Saltei fronteiras, estilhacei lágrimas revoltadas de encontro ao rosto recequido.
E entrei em meio século de vida, ciente que em muitos casos, a sacana da vida tinha sido bem madrasta.
Mas tinha uma vida pela frente, onde só eu mandava em mim.
Pensei que conquistei os meus sonhos ao deixar a minha freguesia desde que nasci, trocando-a pela paredes meias, que em dois passos transponho. E assim viveria o resto dos meus longos anos.
Mas qual o espanto?
Ainda tinha que sobrar para mim a pandemia do início do novo milénio e o mundo já desepera numa quarentena alarmante. Que já mata gente nos quatro cantos do mundo. Como formigas calcadas por pés humanos famintos, por encher os lares de papel higiénico para isolar!
Eis o cronovirus19!!!








sábado, 7 de março de 2020

Do céu ao Inferno


Da glória, ao fora!
Um clube é o espelho dos seus apoiantes.
Um clube é grandioso pelo apoio das suas massas.
Um clube tem a obrigação de lutar pelos louros conquistados.
Um clube tem a obrigação de idolatrar, como afastar. Quem viveu um conto de fadas.
Um clube tem de viver ao lado dos seus adeptos e levantar a bandeira da vitória.
Um clube não se pode arrastar pelos relvados depois, de se distanciar no caminho da vitória.
Um clube que arrasta multidões não pode deixar fugir por entre os dedos o suor de conquistas que tantas alegrias ofereceu.
A vida são derrotas e vitórias. Mas subindo o pedestral da glória, são se pode deixar cair na ribanceira da incrível, inimaginável, tão recente derrota!
Fora, antes que a crença na vitória demore anos de insónias!