domingo, 9 de dezembro de 2018

A chuva



A chuva resolveu envolver o meu domingo, do início ao seu final!
Pensei em passear.
Pensei em sentir as ervas altas no correr do meu caminho. Passando a mão pelo seu pico, sentindo o sabor da agradável comichão.
Mas a desagradável chuva, tolheu os meus desejos.
Dentro deste quarto, que guarda os meus segredos. Sinto, olhando pelo janela, que me oferece estes caminhos sem fim. A vontade de amar!!
Amar sem fim!
Amar até à exaustão do meu corpo, do meu espírito.
Amar do tamanho destas montanhas,  pingando gotas da chuva que escorrem pelos íngremes caminhos, que nem as cabras selvagens se aprestam para os desafiar.
Amar do tamanho da distância que me separa do ninho, tão longe que a palha que ele foi construído. Foi entrelaçada por anos de sonhos finalmente conseguidos.
Vai domingo, encharcado e acinzentado.
Trás o próximo que mesmo que venha com a mesma cara, não vai negar que será o último neste ano, que foi a certeza de amar como nasceu a Natureza!

sábado, 8 de dezembro de 2018

A vida é tão esperta que nos Enrola


A vida é tão esperta, que nos enrola na nossa medíocridade.
Desabafamos, mendigamos.
Fazemo-nos de fortes quando uma nesga de boa aventurança, nos assume um pouco a nossa liderança.
E enchemos de ar os pulmões. Cientes que iremos morrer, quando a pele se descascar do nosso corpo, quase em decomposição.
Batemos palmas colando as mãos perante a eterna velhice, porque no nosso consciente, vivemos mais do que merecíamos. E mais do que os nossos vizinhos e amigos.
Pobre de nós que nos elevamos no apego do próximo, porque se deixou levar pelo, "vou viver tudo hoje, já que posso morrer amanhã". E o amanhã, é tão longo que desespera mesmo quem nem por sombras sonhou, com o martírio do desconforto!
Por isso no Natal, aflora-nos uns momentos de elevada alegria e felicidade incontida!
Lembramo-nos dos mendigos.
Aconchegamos os doentes com destino traçado.
E oferecemos prendas, mesmo aqueles que durante o ano, nem em sombras nos encontramos.
A vida é tão esperta que nos enrola!
Já nos domina, no eleger em quem nos engana a olhos vistos.
Já nos encaminha para a rotina que nos envelhece dia a dia.
Até nos rouba o amor, que nos surge, nuns laivos  de amor à primeira vista. Que pensávamos só existir no tempo, que o coração era só  possuído,   pelo calor da nossa alma.