sábado, 30 de março de 2013

O Ciclo da Vida



De muitas vezes olhar para os meus pais já na casa dos setenta anos, pergunto a mim mesmo como irá ser a minha figura quando atingir a fase deles.
Mas primeiro terei que passar pelo dilema da reforma e se não houver nada que altere o normal percurso da minha vida profissional, a reforma chegará aos sessenta e cinco anos.
Chegará porque é inevitável! Todos temos um começo e um fim!
A vida não pára e as contingências da mesma, não se compadecem com a forma de pensar de cada um. Acabou o percurso, é o fim da linha e à que dar o lugar a outro.
Bom servidor é aquele que se deixa substituir por outro, quando a idade assim determina. Estou preparado para isso!
Quando o momento chegar, aí vou eu de trouxas às costas rumo à inactividade, à monotonia de todos os dias.
Só terei a preocupação, apenas em não pensar, que sou um a mais no meio de tantos deste PAÍS que é o meu. E a quem dei muito de mim enquanto pude, mesmo quando ele me arrumou para um canto, rotulado de velho para a idade. Mas novo para a reforma. E só deixarei de dar, quando para tanto me faltar as forças.
Serei sempre igual a mim mesmo. Pensarei isso sim, porque se penso. Logo existo!
Irei buscar os meus netos ao colégio, (como fui dia após dia buscar os pais deles). E irei contar-lhes todos os acontecimentos que ficaram registados na minha memória, das traquinices dos pais. Tenho tantas que encherão as longas tardes de Verão, mais os frios e chuvosos dias de Inverno e com toda a certeza saberei no fundo de mim mesmo que serão mais meus filhos, que filhos dos meus filhos!
E porquê esta tão peremptória convicção!
Porque hoje assisto aos casais (que poderão ser os meus filhos nesse futuro), à abnegada concentração nas suas carreiras profissionais. Base da sustentação de uma família.
Onde os pais precisam de sair bastante cedo e só regressam para além do encerramento dos colégios. Os avós são os bastiões do aconchego dos netos até os pais os virem buscar. Já com banhito tomado, papinha dada e o soninho a tomar contas deles refastelados no conforto dos vovôs.
Também os divórcios, hoje infelizmente já muito banal. Atiram os filhos para o colo dos avós, muitos deles com traumas profundos de ligações tempestuosas, deixando que os velhos sarem as mazelas e façam de pais e avós. E os criem com todo o amor que a vida lhes ajudou a armazenar. Até que a vida de algum deles (os pais) ganhe estabilidade para que os roubem do laço afectivo dos avós e voltem para um lar onde irão encontrar uma mãe que já não a beijam à largo tempo e um homem que não era o seu pai.
Continuarei a ser um cidadão atento e revoltado. Mas que pouco ou nada posso fazer, à
transformação da sociedade mais justa e social que me viu nascer. Na fortemente consumista e insensível que ilumina os cada vez mais ricos e ofusca os cada vez mais pobres em que vivemos.
Assistirei sereno e preocupado, até que os mais necessitados se revoltem em prol de uma vida digna e razoável, que todos os governos deviam de obrigatoriamente proporcionar.
Enquanto isso não acontece, esventro os dedos e salpico o corpo de golpes profundos, na busca do eldorado, já bem longe. Que tanto corrói as saudades.  
Como rezo quase todos os dias, mais a esposa que reza pelos dois, para que não venha a padecer de nenhum mal incurável. Acabarei a minha vida como começou!
Sem dor nem sofrimento!
Abri os olhos para o mundo no mês de Maria.
Fechando-os pela última vez quando Deus o quiser.
Para os abrir no Céu como me prometeram e olhar para a terra, tentando descobrir o lugar quando chegar a minha vez. Onde vou novamente ganhar uma nova vida.

domingo, 24 de março de 2013

O mal amado Voltou



Sócrates voltou!
O homem que nunca se deixou de falar, depois de uma maratona governativa de vários anos. Onde por diversas vezes foi ponto de aceso debate, em casos mediáticos que encheram os jornais e as bocas das comadres politicas. Voltou ao seu querido país, depois de recuperar dos traumas a si infligidos, num recanto paradisíaco na capital do amor, Paris!
A isto chama-se apego ao país!
Regressar, mesmo sabendo que lhe espera um imenso mar de críticas saídas de bocas politicas como “este senhor só governou sobre inverdades”. Hoje muito em voga em conhecida classe, “as inverdades”.
E o povo, este povo esfrangalhado em mil bocados. Não lhe vai poupar as mazelas sociais que está a passar e palavrões grotescos são o cumprimento a cada aparecimento numa qualquer esquina.
Mas Sócrates é Sócrates. Um animal ainda sem rugir a maturidade que só os anos, que não lhe fogem, lhe poderão abrir a boca em rugidos bem perto dos lugares hoje tao apetecidos, para políticos vindos de mandatos orientados sempre pelo mesmo guru, vivendo bem no coração da Europa.
E ele aí está com o seu espaço semanal!
Aí será a sua praia. Aí se sentirá como peixe na água e via RTP, chegará mais cedo ou mais tarde aos corações fragilizados dos portugueses, oferecendo a sua vontade. Os seus conhecimentos (agora bem mais maduros do que aquando da governação), para aliviar o sofrimento de uma enorme franja populacional.
Acredito que Sócrates, falava para os seus botões, ser prematuro a sua volta nesta fase a Portugal.
 Esperava mais uns tempos, numa invernação na cidade luz. Feita em estudos sobre ciência política (só podia) e jogging matinal, como qualquer cidadão parisiense. Mais uns repastos luxuosos às mesas dos mestres culinários. Tudo á custa do galego português.
 Mas a periclitante situação social vivida aqui, despertou as mentes de alguns notáveis e o apelo ao seu regresso foi um sim imediato.
A coligação que nos desgoverna, sentiu o impacto da notícia e não tardou em apontar o dedo com um só sentido: fora, rua a Sócrates pelos danos irreparáveis infligidos ao país.
Mas já não á volta a dar e Sócrates só espera o fim da quadra Pascal, para se sentar em frente às camaras da estação pública (imagine-se) e com o seu timbre de animal politico, convencer novamente os portugueses.
  E como o tempo tudo apaga e neste governo tudo se paga! Sócrates só tem que dar tempo ao tempo e escolher a melhor maneira de se aproximar de uma vez por todas dos portugueses.
É o país que temos!

sábado, 23 de março de 2013

A Natureza Malvada





Hoje um dia que para muitos que cá moram neste país das árvores das patacas, é dia de descanso. Mas para mim que ando atrás do prejuízo, é dia de continuar a trabalhar e logo pela manhã a Natureza juntou as sua forças e resolveu varrer um pouco com os alicerces deste corpo já a pedir umas feriazitas que não tardarão.
E dos oito graus e meio negativos, juntou-se o sol a abrir, mal o dia nasceu e pela janela um sorriso apareceu, pensando eu que o sol mal estendesse os seus tentáculos, o frio dissolvia-se.
Ao sair o ar tão puro e tão intenso, entrou-me pelas narinas e arrefeceu-me o corpo todo, numa rapidez que me deixou inerte por uns segundos.  
O vento resolveu aparecer sem ser convidado e agarrou na temperatura de meter dó e não deixou que o sol tivesse força para aquecer a manhã e dar um pouco de beleza e alegria ao final de uma semana dura, tanto física como psicológica.
Eram onze horas e os oito graus mantinham-se. Porque o vento agarrava-se ao frio e transformava-o como lâminas cortantes, varrendo a neve bem para dentro das estradas e aberturas que encontrasse.
O sol coitado bem surgia, mas estava tão alto e bem longe, que não conseguia trespassar o vento, para aquecer o tempo.
E as horas foram passando para que quem ganha à hora possa tirar uns euros a mais, num saco que não é azul (longe disso), tilinte para continuar a dar sorrisos à minha gente.
Miserável vento que abraças-te o tempo num abraço siamês. Só para que o sol não surgisse bem de perto, para curar as mazelas de uns dias longos de espera.
Uma espera já custosa, suavizada pela Primavera que parecia ter chegado, mas foi sol (que trocadilho) de pouca dura.  
Agora no conforto do quentinho descanso. Gozo pela janela o vento, até então dono e senhor do tempo!

terça-feira, 19 de março de 2013

Barcelos está de Tanga



Barcelos está de tanga, quando se vestia a rigor.
O Comércio está estagnado!
Não existe poder de compra para remexer com a barafunda das lojas cheias de gente, num vai e vem de pessoas. Que entravam com as mãos a abanar e saíam, com elas ocupadas com sacos coloridos e a alegria estampada no rosto. Porque satisfaziam uma necessidade de se vestirem, aliado ao prazer de se sentirem bem com elas próprias.
Hoje entram também com as mãos a abanar e só se servem delas, para remexerem com os modelos mirando-os, de alto a baixo e até os encostando ao corpo. As mais afoitas ainda se infiltram nos aposentos de provas para pelo menos durante alguns minutos se convencerem se valerá a pena o investimento que a peça está valorizada. E todas elas resignadas com um olhar saudosista de tempos não muito distantes, abandonam as lojas do mesmo modo que entraram: de mãos a abanar!
E como a procura está pelas rua da amargura, o Comércio tenta por todos os meios chamar o povo, introduzindo preços convidativos, mas como na maioria dos casos se comprova, a qualidade deixa muito a desejar e o feitiço vira-se contra o feiticeiro, porque o povo já não vai em cantigas.
Onde não existe dinheiro, é o que se constata pela fase indesejável que atravessamos. Não existe consumo, ou então, é mínimo e que não cria riqueza que por sua vez não alimentará outros sectores da Sociedade.
Os Barcelenses, estavam habituados a um certo conforto consumista e hoje relevam-se para o resguardo dos lares, solução para combater esse conforto, porque os orçamentos deixaram de contemplar tamanho prazer.
A Indústria emperra no retorno da actividade de um tempo não muito distante!
E arrasta empresas para o encerramento e trabalhadores para o desalento.
Como o consumo recuou drasticamente, com ele arrastou a Indústria para o isolamento de uma produção ao relanti, que agoniza Empresários, Trabalhadores, Fornecedores. Enfim, agoniza toda a Sociedade.
Os engarrafamentos em hora de ponta martirizavam a nossa paciência, mas tinham o condão de ser o sinal de a Sociedade se agitar.
Da Sociedade proporcionar oferta e procura nos vários sectores, porque existia trabalho. E trabalho era o fundo de maneio, que alimentava quase freneticamente toda a necessidade que a população sentia em adquirir o que achava que lhe fazia falta. Para uma qualidade de vida que levantava o ego e que justificava o estarmos vivos e milhares de nós felizes.
Hoje os engarrafamentos são de uma maneira geral, fáceis de superar!
Não entopem Avenidas. Não estagnam rotundas em anéis comprimidos que sufocavam quem infelizmente lá era obrigado a permanecer.
Tudo porque Barcelos  está parado, ou a caminhar como os idosos, pedindo a uma perna para a outra andar, arrastando-as pelas ruas, outrora cheias de vida, cheias de movimento, cheias de Barcelenses com auto-estima, procurando a melhor qualidade de vida, que era aberta como um arco-íris, da cor do sol, que quando nasce é para todos!