sábado, 21 de fevereiro de 2015

Olho para o Nada





Chove, Chove!
Farta a terra transborda os rios.
E eu aqui fechado em quatro paredes, com a cara colada à vidraça, vendo as valetas fartas de água e o riacho ao longe a transbordar de raiva, devido à força da sua água.
Que remédio tenho, se não esperar por melhores dias!
Ainda por cima, a neve recente derrete vagarosamente, trazendo os detritos contidos nos montes longínquos, que se agarram às árvores que dão sombra aos rios. E quando estes retomam o caudal normal, esses detritos alojam-se nos galhos como lixeiras sem fim.
E o domingo ainda vai no fim da manhã!
Vou fazer um petisco.
Tenho bacalhau do Natal e couve com fartura, trazidas do quintal da vizinha.
Assim sendo, no dia seguinte tenho mantimentos para confecionar a roupa velha, que tanto gosto.
Depois numa corrida pelos beirais dos prédios, para me abrigar da chuva. Tomo o café no bar da esquina, curto o futebol de primeira e rio-me com as diabruras da pequenada. Que ao domingo têm direito às guloseimas que tanto aguardam.
E de cara colada à vidraça, olho para o nada!

Dezasseis Anos




Foste o último a nascer, quando nada o fazia prever.
O Diogo e a Bárbara que já se sentavam à mesa com o próprio pé, enchiam a casa e pensávamos também, os nossos corações.
Mas tu vindo de um amor ainda crente no futuro, saltaste da bolsa agasalhada e ocupaste o teu lugar no berço já arrumado!
Cresceste num abrir e fechar de olhos. Foi-se a idade da fralda, da pré-primária e já caminhas no Secundário como se fosses ali e logo voltasses.
Hoje estás com dezasseis anos e não paras de crescer.
já te olho debaixo para cima, encontrando um rosto belo como o meu. E um olhar próprio da idade.
Tens a beleza dos pais, miúdas a não te largar os calcanhares, mas os teus passos direcionam-se: ora para o cesto (basquetebol repentina paixão), ora para os estudos, tão difíceis como saborear um hambúrguer!
Sei que tens sonhos, uns cor-de-rosa.
 Outros, que ambicionas,  tingir na cor da esperança.
Mas como falas pouco, fica sempre a incógnita para quem quer respostas.
Nada mais me apetece dizer, a distância faz sofrer!
E escrever isto já obrigou a algemar as emoções.
Mas como mereces tudo. Logo, logo faremos uma festa. Só tu e eu, como dois grandes amigos, que oferecem e desabafam desejos. Por entre brindes de sumos tropicais e prendas almofadadas.
Espera-me!


sábado, 7 de fevereiro de 2015

Natureza do Extremo




Natureza quente!
 Tão quente que nos obriga a regaçar as mangas, mostrando os corpos esbeltos das mulheres na idade da afirmação e dos homens na vaidade dos peitorais.
A montanha presenteia a frescura para suportar o imenso calor e oferece os seus trilhos para caminhadas. Renovando o ar saturado inspirado nas cidades a abarrotar de escapes poluidores e aliviando o stress, cada vez mais o cicerone das nossas disposições.


Natureza fria!
Terrivelmente fria, nestes dias a recolher o frio polar, vindo no dorso do vento dessas bandas que cobre a montanha de branco imaculado.
Escondemos os corpos com montes de agasalhos. Só deixando escapar os olhos bem abertos para não escorregar na neve tão bela e estaladiça. Mas mazinha fintando-nos com umas dolorosas quedas.
Frio que veio para ficar por uns longos dias!
Só assim se lembram dos sem-abrigo. Os amontoados nas entradas das grandes cidades, escorraçados de uma sociedade em desequilíbrio. Protegendo os mais ricos e enfiando em becos sem saída, os desgraçados pelo destino.

De nós Juntos




Se não te amasse tanto, não me importava com o que fazes quando estás sem mim.
Invento disparates sem nexo.
 Porque basculho no teu passado, procurando respostas, para justificar as minhas suspeitas no presente.
Recorro a isso para que o meu futuro seja junto de ti.
 Mas bem junto, que cada passo teu, será acompanhado por dois meus, já que só assim te posso alcançar.
Se não me quisesses tanto, não imaginavas o que faço sem ti.
Por isso nos magoamos com a mesma intensidade, como gostamos de estar um com o outro.
O sol que brilha aqui tem um pouco de ti.
De mim.
De nós juntos.
Tenho saudades tuas.
Amo-te da maneira que tu sabes!

Natureza




Natureza tão calma!
Espreguiçando-se pela montanha abaixo, em águas cristalinas, farto de baixios.
Onde as trutas mascaradas de pintas escurecidas, esperam pacientes, que a reduzida corrente. Lhes ofereça o alimento pertinente.
Por ali se estendem encostadas aos buracos, que lhes dão guarida, mal um olhar humano se aproxima.
E assim corre o rio, terminando num sono sossegado quando se estende no oceano, a uma hora de distância.


Natureza enfurecida!
Estendendo as garras montanha abaixo, arrastando quem se cruza no seu caminho.
Numa velocidade de cruzeiro, onde impressiona a ondulação constante. Tornando o rio na maior parte do ano calmo, em impressionáveis rápidos sem caiaques com heróis mascarados de deuses, a desafia-los.
Como a chuva não tem ganas de parar, toda esta água que a terra já fartou de escoar, baila pelo rio em velocidade estonteante, só parando no oceano,
também ele gigante . A uma hora de distância.