segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

No silêncio da Noite





A noite era um mar de estrelas depois de um banquete de bebidas e desafios.
As horas avançavam e o prazer da companhia, aumentava com o sem número de estrelas, que surgiam a cada olhar ao céu, que nos benzia.
A longa estrada não impedia a vontade de terminar com horas de caricias e confissões que ficam nas entrelinhas.
Calaram-se os gritos dos animais das redondezas e saboreou-se o silêncio do planalto da intensa beleza.
Um beijo por uma estrela!
Dizias tu, para ficarmos colados até o dia nascer na esplanada da beleza da natureza.
Recolhemo-nos no negro da noite, para evitar as sentinelas nocturnas, como beatas coladas ao vidro, das janelas vizinhas.
Não te via, mas sentia-te!
Não te ouvia, mas balouçavas-me!
Por fim, ainda mais o silêncio tomava conta de tudo e por momentos senti. O desalento a invadir-me e apregoei aos deuses, uma vontade suprema de parar o tempo para te ter longo tempo.
Voltei com a estrada deserta e com as lanternas que rodeiam a longa estrada de regresso, a amparar o meu intenso desejo daqui para a frente, de te levar, para onde o destino me reserva.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A realidade no Suicídio




Quem viu o jogo, de uma forma a desejar que uma equipa portuguesa obtivesse o melhor resultado possível, para discutir a passagem. Cedo verificou, que a protecção gozada pelo Porto no nosso burgo, era o suicídio nesta alta-roda do futebol europeu!
Nem o Soares conseguiu arrancar umas faltas e com isso ganhar vantagem em resultados, que a grande maioria infelizmente tem  presenciado.
Nem as violentíssimas entradas deixaram de ser ignoradas e com enorme prejuízo para as ambições portistas.
 E logo num jogo em que a Juventus só esperava levar um resultado que lhe desse a magra vantagem de em casa resolver a eliminatória.
 Só existe um culpado!
 A assombrosa petulância do quero, posso e mando.
 Onde não se pode transmitir nestes jogos, carregados de olhos europeus, que não permitem a arrogância da ganância!
Valha-nos as simpáticas declarações dos italianos a alertar de que no futebol nada é impossível e com isso, acautelando-se para a já impossível (pensamos nós, todos os portugueses), passagem aos quartos da liga milionária.
Foi pena!
Mesmo para quem não simpatize muito com o Porto. Já que o jogo poderia ser o arranque do Porto, surgir em força nesta liga, que valha a verdade. Se destina a dois ou três clubes, vencer.
Vamos esperar para ver se existem milagres para idolatrar.
E a enorme crença para ultrapassar uns alemães perigosíssimos, que nos ofereceram uma sorte que o Porto, cedo, deixou de também poder ser bafejado.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Será que os jovens de hoje desafiam o seu próprio Destino




Ainda mal me recompunha para pisar o chão que tantos anos percorri, nesta cidade decorada com enormes galos ex-libris do nosso fascínio. E depois da primeira noite agarrado aos lençóis da infância que me restituíram um pouco do sono perdido nos dias que antecederam a partida. Dou de olhos com um miúdo a insistir em passar o separador que resguarda acidentes rumo à via rápida.
Equilibrava-se como uma pena. Mas, poucos metros percorria.
E lá saltava para o passeio deixando os automobilistas estupefactos com a loucura do jovem.
Pensava estar no país onde trabalho, recheado de loucos de todos os tamanhos.
Mas era na minha cidade que um jovem, tentava percorrer uns cinquenta metros equilibrado numa grade de pouco mais que dez centímetros, tendo uns vinte metros mais abaixo a via rápida, que se tombasse ficava esborrachado.
E o puto insistia!
Conseguia quatro ou cinco metros, mas saltava para a berma da estrada quase se amparando aos veículos que vagarosamente circulavam, com os automobilistas a assistir incrédulos à loucura do miúdo.
Parei por minutos incrédulo!
Ele reparou em mim que de telemóvel na mão, tentava registar esta loucura perigosa.
E depois de mais uma tentativa em vão, saltou de novo para a berma e levantou-me o dedo, mandando-me para os lados que todos conhecemos.
Continuei o meu caminho atento ao miúdo que não se cansava de tentar atravessar e já tinha conseguido metade do gradeamento.
Será que os jovens de hoje desafiam o seu próprio destino?
Ou nós já crescidinhos, estamos conscientes que já vimos tudo neste nosso caminho!





domingo, 12 de fevereiro de 2017

A tua Felicidade é a minha Liberdade





Ela apareceu-me no umbral da porta no derradeiro dia, para eu sentir pela última vez, a sua presença.
Demorou a sua chegada, como voos nervosamente atrasados.
A bagagem carregada de fruta antes apanhada, era o tempo de se ruminar com o encontro, que seria o derradeiro pesponto.
O olhar era frio e distante!
Como pode alguém apresentar esse semblante quando horas antes, partilhamos o que diversas vezes soltamos.
Nem um sorriso desmaiado para amenizar a partida que me deixa sempre esmorecido.
Nem uma palavra amiga que me fizesse abrir os lábios para um último sorriso avantajado.
Nem um beijo de despedida, quando nem existiu o da chegada. Para amortecer os lábios secos com o silêncio das horas que passavam.
Nem simplesmente um gesto com a mão, para acompanhar os poucos passos sem o carro como resguardo.
Ela fugiu-me sem a ter encontrado!
Era uma sombra do passado e uma insignificante figura do presente.
Mas como nem tudo é mau, conquistei o descanso!
O alimento saboroso do meu corpo e o sossego da minha mente.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Voltou a Neve




Voltou a neve, com a esperança de a guardar no bornal levando-a para um regresso inesperado.
A rua cobriu-se de branco e os telhados enfeitaram-se como a desejarem, a permanência da brancura que absolve o que se passa por baixo dessas coberturas.
Caminhei para as compras de fim-de-semana com todo o cuidado para não quebrar o esqueleto resguardado pelo casacão de Trás dos Montes, que é a cobiça dos alemães divertidos.
Já me dão mil euros pelo capote. E só o vendo, logo que deixe esta vida de imigrante entrincheirado numa cidade a arrotar bafo de polacos, turcos, italianos, russos e os sem-abrigo.
Nas compras levaram-me pela certa!
Comprei seiscentas gramas de frango (GMO FREIRE HAEHNCHE), indicando dois euros e noventa e nove. Com trinta por cento de desconto, visto a data terminar amanhã. E em vez de me retirarem o desconto, somaram-no e mais grave, até lhe aumentaram o preço. Com um total de cinco euros e cinquenta.
Reclamei na meia dúzia de palavras em alemão que aprendi enquanto lidava com colegas pintados com as nódoas da arte. Mas nada adiantou!
 A chefe da caixa gorda como um bidão, mandou-me passear e ir aturar outra. Mesmo com o talão na mão e tendo-lhe tirado da mão a calculadora que justificava o erro bem evidente. Ela desancava-me abrindo os braços que se me agarrassem. Abafava-me!
Mais logo, quando chegar o tradutor Ribatejano que me guia nestas andanças por terra da tia Merkel, vamos lá e bato o pé à minha indignação.
Não é nada, mas o que me retiveram dá para uma garrafa de Martini e misturando com cerveja, dá para uma noite de folia.
Como não posso mexer no frango para poder reclamar e gozar com a gorda. Vou almoçar umas costeletas já temperadas, num arroz com netos que por aqui custam os olhos da cara e saborear uma pinga espanhola. Para festejar o regresso à terra prometida.