quinta-feira, 29 de junho de 2017

E sei




Refugio-me nos vícios diários, para fazer frente à ansiedade constante!
Já carrego muitos dias longe de um abraço, de uma conversa com tons de graciosidade, de um encosto intimo para oscilar o coração.
E sei!
E como sei, que ainda mais dias, carregarei. Até chegar a hora de embarcar, rumo ao cantinho onde vivi, a fungar sonhos e lirismos.
E sei, que nos poucos dias que lá permanecerei, vou querer tão pouco, que até medo tenho, de ver fugir esse pouco.
Enquanto aguardo a minha “fuga”, para alguns dias sem horários e horas a fio a trilhar uma rotina que é o pão nosso de cada dia.
Observo a noite a descer de mansinho, cobrindo as montanhas de um manto negro e encostado ao meu canto, de uma casa rodeada de vasos coloridos. Ouço música de uma radio local tão tradicional, que alegra a solidão da minha hospedaria.
Já todos se recolheram.
O cansaço de longos dias é notório e o silêncio é rei e senhor, de um local onde as aves, deixaram de se ouvir e aguardam nos ninhos aquecendo os filhotes. Até que o dia nasça de novo e, voltem com o chilrear admirável, lembrar-me que está na hora para voltar, para, onde horas antes derreado regressei.
Mas vou sonhar!
Sonhar com o dia do regresso (acho que sonho todos os dias) e, ter a certeza que: a praia me aguarda.
A nossa comida me agrada.
E os momentos, esses, serão novamente carinhosamente repetidos.






quarta-feira, 28 de junho de 2017

A.R.C.A




A.R.C.A!
Associação Recreativa e Cultural de Arcozelo.
Fundada pela minha família. Pai, tios e amigos de oferecer o que tinham e o que iam pedir emprestado.
Vivia de convívios familiares e visitas religiosas, com o piquenique encostado às paredes do mosteiro.
Jogos de malha no campo da feira e reuniões à porta aberta, para receber os mecenas do costume, para manter de pé uma Associação parada no tempo!
E por vezes, o passeio anual!
 Para marcar que vivia para manter a fé como ponto principal e, de quando em vez, o magusto como prato principal.
Evoluía no caminho da fé e a Paixão de Cristo, era o seu cartaz de encher os postes das rotundas ao pé da Igreja de São José. Sendo a delícia, para manter viva, mais um ano a A.R.C.A.
Os tempos mudaram e uma nova geração, tomou conta dos destinos da Associação!
E hoje a A.R.C.A, onde ainda guardo religiosamente o meu cartão de sócio, com mais anos que os responsáveis por tamanha obra. Eleva o seu estandarte pela Europa fora!
Valorizar quem mantém viva uma Associação, que por vezes uma enorme Freguesia, onde a maioria nem sabe onde fica a sede carismática, para uma geração já a minguar de saudosistas. É o mínimo que posso fazer e enaltecer.
Parabéns!!!

terça-feira, 20 de junho de 2017

Pai, Preciso




Diz-me o petiz:
- Pai, preciso de cem euros, para o Basquetebol e para o ginásio!
Outra vez, a ainda o mês está a meio!
Digo eu, com a pestana cerrada, por um fedelho me estar a dar a laçada!
Pai, estou a enfrentar os exames e, como me disseste por cada 19, oferecias-me 50€ e pelos 18, vinte oiros.
E como vou ter um 17, que dá negativa ao teu score. Poupe-te vinte euros e é só lançares, os 100 euros na minha conta para…..
- Velhote, vou de férias com a minha namorada, que me ama mais do que eu a tenho no espírito!
- Mas as férias são ao pé da porta, como manda os progenitores de olhos abertos, mesmo que a noite, já leve horas de capoeira em silêncio!
Confessa ele com pausas pelo meio.
-Filhote, digo eu!
- Por cem euros, vou-te a felicidade, que um dia de trabalho me arraste como uma alma penada!
- Pai, ainda sou novo!
E não conheço esses termos, num dia podes ganhar isso? Então, não custa nada subires a parada!
Vai lamber sabão. Pensas que isto é, só cheguei e logo voltei. E os euros lá estarão!
Respondi para não deixar margem de resposta.
-Paizão! Nem quero os teus euros!
Quero que voltes e sintas a felicidade no meu rosto, quando te felicite depois de tanto tempo longe do meu posto!




segunda-feira, 19 de junho de 2017

Num só Dia




Lembrei--me agora:
Se em vez de maratonas desgastantes, ou ciclovias dominicais, onde uns mostram os adereços vistosos e as bicicletas topo de gama.
Se juntassem e num dia, um só dia! Vestissem fato-macaco e devastassem o mato, que tanto apregoam, ser o causador do alimentar de tantos dolorosos incêndios.
Lembrei-me agora:
Em vez de caminhadas semanais, para desanuviar o stress em fatos e tangas ousadas. Usassem luvas e calças, para num só dia, limpar o que todos encontram, enquanto caminham mata fora.
Lembrei-me agora:
Em vez de caminhadas até Compostela, onde fervilham os pés e a dureza do corpo. Caminhassem de rosto sentido como todos agora exprimem. E limpassem o mato que vislumbram naqueles quilómetros que não tem saída, até que a Catedral se anuncie e, se ajoelham aos pés do santo?
Acredito que mesmo o Santo a todos agradecia!
Lembrei-me agora:
A todos aqueles que percorrem quilómetros atrás do futebol, que por vezes nos trás vergonha e repulsa, com violência à mistura.
Se juntassem e num só dia, limpavam as matas que circundam as suas Freguesias.
Lembrei-me agora:
A todos aqueles que nos governam e, hoje se abraçam em choros a raiar a culpabilidade de uma enorme tragédia.
Em vez de prometer medidas energéticas para minorar o flagelo das florestas, (e já falam desde do tempo que pairou outra tragédia), tomassem medidas concretas. Ofereciam ao povo, que se deitasse sem o fogo à perna.
Lembrei-me agora:
De tantos donativos oferecidos!
Bastava umas horas de suor e um enorme grupo de amigos e todos nós Portugueses, combatíamos a Natureza ingrata e os terroristas pedestres nocturnos, que nos desgraçam.
Trabalhei doze horas, depois de pouco dormir, com a dor de tantas famílias que tudo perderam até o amor de um pai, marido, esposa e filho.
Hoje ainda não conseguirei dormir, com a raiva de estar num país onde terminei o trabalho pelas 19 horas com 30º e o verde era o expectador na largura da estrada!
Num só dia todos, mas todos, tudo faríamos!