domingo, 23 de setembro de 2018

Falo com as Montanhas


O Domingo despede-se no negro frio da noite. Que se apodera do silêncio bem evidente, para lá da porta da varanda.
Cedo senti-o ainda no conforto da cama.
Também cedo me levantei, sem ser um fantasma.
A minha vida é baseada em: deitar-me derreado pelo cansaço e levantar cedo obrigado!
Uma obrigação satisfatória num rosário diário já com dedicatória.
Como cedo me levantei. Acredito com as galinhas da vizinha.
Cedo dei de caras com o que me rodeava.
E como estou rodeado de montanhas. Uma fortaleza expugnavel.
Dou por vezes admirado, falando com elas de cabeça bem levantada.
Tão levantada que para ver o seu fim, vejo também o céu já coberto de nuvens semi negras, anunciando o tempo frio, não tarda
nada.
Reparto com elas os meus segredos, os meus anseios, as minhas indefinições!
E como por encanto, sinto os seus conselhos através de figuras desenhadas nas nuvens que se cruzam com elas.
E no libertar da humidade da noite. Que a caminho do céu, enviam-me sinais mesclados de letras que decifro, dentro do que sinto no momento.
Assim, seguindo esse enorme anjo da guarda. Tomo decisões que nem à almofada por vezes sigo o que me aconselha.
Do frio e chuva irritante da manhã.
Pelo início da tarde, o sol brilhou num calor querido. Que acredito, as montanhas embrenharam-se para afastar as nuvens desagradáveis, para que o sol aquece-se ainda mais, o meu coração grato!



sábado, 22 de setembro de 2018

Uma Semana


Uma semana de intensidade.
De responsabilidade.
De capacidade!
Uma semana que encurtou o tempo da saudade.
Da ansiedade.
Da vontade!
Uma semana que deixou bem vincado a camaradagem.
A amizade.
A realidade!
Uma semana que me ofereceu a beleza da Natureza.
O brilho do sol
O ar puro da montanha!
Uma semana de oferendas amorosas.
De desejos maravilhosos.
De momentos recentes que me consolam!
Uma semana de bacalhau vindo da terra.
Do nascimento da filha de quem foi à terra.
Da partida do Madeira e da lembrança do barriga d'erva!

domingo, 16 de setembro de 2018

Necessito desta Tranquilidade


Caminhei sem tempo nem destino.
Deixei-me levar pelo trilho, num silêncio tão intimo, que se assemelhava a um lugar de oração.
A Natureza é um paraíso divino.
Estilhaçava as últimas folhas caídas como sinalizando, a minha presença nesses trilhos de animais noturnos.
Dei voltas e mais voltas, acabando por dar de caras com o lago. Que tanto refrescou a minha ânsia, em que chegasse a hora de volver uns dias, ao toque indiscritivo.
Agora o tempo está mais fresco.
Já não agrupa pessoas que salpicavam o verde em redor do lago, de cores garridas tipo arraial minhoto.
O verde voltou a circular o lago e as poucas pessoas que o frequentava. Encolhiam-se nos locais onde o sol, ainda aquece o corpo para o bronze.
Tirei uma soneca de alguns minutos de barriga para o ar, estendido no pontal de madeira. Chapinhando os pés na água já fria e claro, pouco convidativa.
Necessito desta tranquilidade para equilibrar o pensamento.
Só assim, levo a semana com o prazer e a alegria obrigatória.
Esperando que os dias se movam, para voltar ao descanso longe do quotidiano. Mas tão perto, de um abraço bem apertado!
O Domingo já se vai no barulho agora sim, das árvores incomodadas pelo vento.
Volto pelo mesmo trilho iniciado.
Pelo caminho apanho uma fruta e acalmo o apetite, ainda um pouco longe de casa.

sábado, 15 de setembro de 2018

Pelo negro da Montanha


Noite ainda de Verão!
Fresca e encantada.
Com os seus segredos noturnos, embrenhados no vasto arvoredo, estendendo-se pelas infinitas montanhas e só deixando uma nesga, por onde o rio barrento, corre como o tempo.
Mas tão negra, pelo negro montanhoso.
Que amedronta quem tentar penetrar onde deambula os fantasmas ancestrais, que em longas gerações, surgem para reivindicar o seu lugar.
Procuro a luz, ainda longe da cidade.
Para me guiar até lá e ressuscitar a vontade de me divertir um bom bocado.
Reencontro velhos conhecidos de idiomas dificilmente traduzidos, já que a língua não se solta, enrola. Pelo álcool que assola.
A música solta-se como o burburinho das pessoas e envolve-me a nostalgia, de ainda recente viver, tudo tão presente.
Só aí, sinto o dia, que me proporcionou a tarde.
Repleta de saudade e de recordações.
Soltei sorrisos felizes por sentir momentos divinos.
Mesmo longe, estou tão perto do paraíso!

domingo, 9 de setembro de 2018

Um grito


O Verão lança o seu grito de raiva para se manter à tona, quando sente que poucos dias faltam, para se afastar largos meses do aconchego de todos nós.
Um grito bravíssimo!
Um grito quente. Um grito ardente!
Um grito refrescante. Um grito armonioso!
Um grito já saudoso de momentos bem recentes.
Resta-me partilhar, o dia que me oferece.
Grito com ele no emaranhado da floresta, num cruzamento de sons que ressuscitam a humidade da véspera, onde a chuva fez a festa.
Grito com ele, até que a água do lago se enfurece. Enrolando-se em ondas gigantes, pasmando os presentes estendidos na relva. Saboreando os últimos delírios solares.
Uma semana passou, desde que regressei.
Uma semana dura e longa.
Uma semana que nem deixou recordar a ternura que me envolveu, tão perto da perfeição, nas férias da confirmação.
Uma semana que anuncia outras tantas, até que de novo renasce a esperança, de voltar .
Uma semana onde prevaleceu a nossa crença em continuarmos unidos na certeza de vencermos os desafios.
Mas é tão duro estar tão perto do fascínio e agora tão longe de um carinho.

domingo, 2 de setembro de 2018

Ofereci o que me Sobra


Voltei e encontrei a Natureza como a deixei.
O tempo arrefece e o vento aparece.
Como tenho o coração farto de amor, abri-o e ofereci um pouco desse amor, para que as montanhas o abrace no seu cume.
Vão tenho a certeza, perpetuar esse aroma maravilhoso, para que as gerações vindouras, escalem o seu rasto. E na descida vertiginosa, os seus corpos vão voar. Possuídos pelas asas desse amor.
Será pelos tempos, um local de romaria. Onde o povo subirá sofregamente, na procura da essência lá encrustada. Voltando com o coração mesclado de um amor, à tanto tempo lá perpetuado.

sábado, 1 de setembro de 2018

As Idas e Vindas


A história repete-se em voos, de idas e vindas.
Sentimentos opostos, ansiedade sempre presente.
Partimos depois de meses enjaulados, num ritual amestrado.
Casa trabalho, trabalho casa.
Pelo meio, umas fugas para aliviar o stress e caminhadas pela beleza da Natureza. Mesmo coberta de branco e a zumbir ventos agrestes.
Contam-se os dias.
Somam-se as horas de trabalho e com o pé de meia em Portugal, sobram uns trocos para engordar o abdómen.
Chegamos felizes com a diferença horária, abraçados ao que nos espera.
Desta vez, um mar de emoções.
Onde nem a força da rebentação, conseguiu apagar os corações desenhados nas rochas.
Vivemos os dias, como se o mundo terminasse logo a seguir, a cada juntar de corpos.
 E acordamos felizes, por sabermos que o mundo, nos deu a alegria, de saborear o resto dos dias que ganhamos ainda longe. Como se fosse uma lotaria.
Mas chega o dia!
O dia D, do regresso.
A última noite é o somar do que conquistamos!
Desta vez, foi o apogeu da felicidade. Misturada com a alegria da rapaziada.
O dia nasce e nasce o formigueiro no estômago, que não deixa a digestão ser suave.
As horas avançam, como o afastamento já sentido, das pessoas queridas.
E partimos de encontro ao aeroporto, que uns dias antes, libertou tantos sorrisos.
Hoje os sorrisos, nem amarelos foram!
O olhar permanece nostálgico, sentindo o avião a cada minuto que passa. Afastar-me do encanto.
Vou aterrar no aeroporto já conhecido.
Vou passar as barreiras de segurança, sem ter apertado o cinto.
Vou......Esperar pelo caminhar dos dias.
Uma certeza tenho: Nasci para amar!