domingo, 24 de setembro de 2017

Participar é Viver




Terminei o trabalho e fui procurar alegria, sem antes respirar o ar que por aqui abunda, como uma dádiva divina.
Aceitei um convite e parti para a aventura, de preparar umas brasas e alguém, confecionou um belo jantar.
Foram umas horas divertidas. Numa noite, que me ofereceu sentir, ainda o calor de um Verão, que não tarda, desaparece deixando saudade de recordar.
Tudo perfeito, num ambiente acolhedor. Fazendo-me lembrar, que por aqui sou mais bem recebido, do que dentro, das minhas quatro paredes.
Mais tarde, fomos dar um pé de dança e lá mais pessoas, se juntaram à dança. Numa mesa farta de bebidas, que despertaram alguma cobiça.
É especial, este convívio que se vai multiplicar.
Pouco falo Alemão, mas todos me compreendem, nas minhas expressões humorísticas.
Mistura-se Espanhol e Italiano. Línguas que por cá, abundam com facilidade em pessoas, que procuram a felicidade, de melhorar a qualidade das suas vidas.
E o tradutor dos Telemóveis, fazem dissipar as dúvidas de frases curiosas e um pouco íntimas.
A noite avançava, como as bebidas esgotavam. Mas o sumo e o red bull, ajudavam a saborear a vodka.
Por fim, o cansaço venceu a adrenalina, de conquistar meia freguesia, que enchia a disco de alegria.
Já estou a ficar velho para altas noitadas, mas por vezes deixar que o sol nasça. Torna tudo prefeito, numa noite para recordar
Vale o esforço, no final de uma semana, desgastante mas salutar.

sábado, 16 de setembro de 2017

Arrisquei Caminhar





Enquanto o tempo permite e a chuva desapareceu por umas horas, caminho da cidade até à porta.
A humidade assombra a calçada, com o povo a tentar fugir do que poderá vir, com passo apressado, fazendo pela vida, a sua normal rotina.
Na cidade recuperei um pouco do que perdi. E admirei um olhar, que já há algum tempo não me fazia bloquear.
Arrisquei caminhar, quarenta e cinco minutos pela mata.
Já faz parte do meu ritual semanal.
É majestoso, oferece-me algo tão simples, para limpar um pouco o meu destino.
E qual não foi o meu encanto, quando dou por mim a caminhar ladeado pelas encantadores flores silvestres, ainda a lutar pela já presente intempérie.
Nesse tempo, que cobria o céu de nuvens negras, avistei três pessoas.
Uma, caminhava apressado de guarda-chuva debaixo do braço, porque se tocasse a tempestade, nem o guarda-chuva o salvava.
Outro, parou ainda eu, vinha longe!
Fiquei curioso! Será que o homem não entende que chover pode ser a qualquer momento.
Ao cruzar-me com ele, deparei que o telemóvel era naquele instante, o mais importante do que qualquer tormento!
O outro, equipado dos pés à cabeça, pedalava velozmente para resguardar-se. Mas cumprimentou-me cordialmente.
E por fim, cheguei são e seco a casa!
Ainda tive tempo de recuperar um olhar que me fez imaginar, deixando que a imaginação saísse em palavras bem audíveis!
Mas, só a Natureza era testemunha e de certeza se ria do meu romantismo!

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Ou ela ou Eu!




Libertei-me de casa, farto de estar resguardado em quatro paredes.
Apanhei o autocarro das onze e vinte e quatro, levando-me à cidade.
Gastei uma pipa de massa, mas gozei com tanta graça.
Almocei, no turco de barba pomposa. Amável como sempre, esperando que eu desse ao dente.
Não consome álcool, mas vende para quem não passa sem uma bejeca, no seu botequim, a cheirar a nós moscada.
Fiquei farto de tanta carne e cebola, com molhos a babar-me os lábios.
Assisti à chegada dos ciclistas numa prova que já é o ex-líbris da cidade.
Possuíam bicicletas, mais caras do que o carocha que quero oferecer ao filho, para ganhar a vida pelas ruelas do Distrito.
Metade das ruas do centro, estavam impedidas ao trânsito por isso, passear e admirar este folclore de bicicletas a chegar com palmas dos familiares, era a gritaria citadina, que me retinha.
Somos turistas ao domingo e durante a semana, imigrantes amortalhados no trabalho.
Afoguei-me em despesas e por fim, jantei no restaurante da praça principal do império da valsa.
Eramos três pífaros e libertamos tantas gargalhadas que fizeram colocar no seu lugar, três garotos que não deixavam os pais jantar à vontade.
A primeira garrafa de tinto austríaco, pouco aqueceu a vontade de libertar o aperto que a ansiedade ameaça invernar.
Mas a segunda, de colheita de dois mil e dez, aqueceu os corações e levou os euros, que restavam da semana destinada.
Mas não levou a alegria.
O restaurante encheu-se de cantoria portuguesa, ouvindo-se tão perto os sorrisos dos presentes, que alguém ofereceu uma garrafa igual e o folclore misturou-se com a valsa. E as gargalhadas entoaram pelo espaço, com paredes de pedra maciça e o tecto talhado, com figuras míticas.
Mas a noite ainda era uma criança e numa esplanada tão perto da enorme montanha, tomou-se o café e ouviu-se musica latina.
Noite bem fresca e escura.
 As montanhas escondem a lua e os insectos que ainda resistem, fazem tudo para furar o calor do nosso entusiasmo.
Mas a nós nada nos pára!
Cantamos, dançamos, bebemos e namoriscamos!
Não tirávamos os olhos de turcas e húngaras. Austríacas e sérvias.
Loiras e morenas. Com véu, ou de tangas minúsculas.
Umas já de olhar conhecidos. Outras de curiosidade apetecida.
E a noite, acabou já as doze badaladas se extinguiam para lá das montanhas e só na minha caminha, ainda no meu cérebro reluzia: “ ou ela, ou eu?
E foi no que deu!

sábado, 9 de setembro de 2017

A vida é Feita......




A vida é construída, do Amor que libertamos.
 E libertamos imenso ao longo dos anos, para que corações bem perto, ou lá longe, sigam o chamamento dessa chama intensa e se juntem num fogo ardente, que ilumine a vida de quem tanto lutou por ele.
 Da Força que emanamos.
Nem imaginamos a força que possuímos, para fazer frente às barreiras diárias. Que por todos os meios, tentam impedir a nossa crença em conseguir os objetivos pretendidos.
Vamos buscar forças ao fundo da alma, para trazer à superfície, a glória que nos vai presentear, para o resto da vida que nos é destinada.
Força a cada dia, a cada hora. Para que o sono se estenda num descanso profundo e nos ofereça a leveza para enfrentar um novo dia.
E da Felicidade que procuramos.
Procuramos em cada buraco, em cada esquina. Em cada rosto, em cada gesto.
A felicidade está em toda a parte!
Encontra-la, é a nossa enorme vontade. Com ela seremos alegres, acolhedores, amigos e oferecidos.
A felicidade, não nos obriga a contar os dias para que volte o mais rápido possível.
Oferece-nos momentos!
E é com eles que fazemos a nossa história.
Oxalá que eles sejam imensos, com isso obtemos uma história vasta, que nos alegrará e a quem fizer parte da nossa vida.
Mesmo idosos, manteremos para sempre um sorriso de cachopos.



domingo, 3 de setembro de 2017

Não me dás um abraço




- Não desapareças, por vezes sou má, sarcástica, ingrata!
Respondeu-me num sussurro noturno.
- Nunca!
Se desapareço, nunca mais te encontrarei.
Falava tão verdade, que o final da frase, saiu-me quase sem ouvido.
Só o mar, era a testemunha da nossa loucura e a duna, a almofada dos nossos ruídos.
- Mas não consigo saber o que fazer contigo!
Sinto, sem nada poder fazer, que estás a perder um punhado de felicidade. E eu, correndo atrás do nada.
Tens medo de ti própria!
- Tento não viver de recordações.
 Trabalho muito e dói. Mas proporciona-me a certeza de viver como desejo, ou como posso!
Ninguém interfere. Mas, quero continuar, tua amiga especial.
- Nós não somos amigos, se o fossemos não fugias de estar com um amigo!
- Sim, amigos que não.... Tu sabes!
Mas tens razão, tenho que assentar e deixar- me levar de uma vez por todas.
De uma vez!
E obrigada por não teres desistido de mim, enquanto estiveste aqui.
Paramos por momentos de falar e contemplamos a noite. Onde o mar tão calmo, era iluminado em pontos distantes, pelos pequenos barcos de pesca dos homens do mar, que viviam mais acima do nosso canto.
- Porra, conquista-me?
Se assim o quiseres!
Libertou ela daquela boca, com sede dos meus beijos, que por momentos me obrigou a deixá-la ali estendida no areal.
- Conquistar-te? Não sei mais o que fazer!
O tempo que possuo perto de ti, é tão mínimo. Que nem consigo conquistar a tua companhia.
- Ok Somos dois!
Voltou ela a utilizar o sarcasmo já habitual. Numa tentativa de pensamentos coincidentes!
- Apenas acho do fundo do coração, que tem que existir algo em nós, para estarmos aqui nesta conversa.
Apenas não acreditamos!
Se te disse-se tudo o que vai na minha cabeça. O escudo caia!
- Eu vou perscrutar as montanhas enormes para descobrir respostas e certezas.
Acabei por acompanhar o seu raciocino, já mastigando em seco com o brilho intenso nos seus olhos.
- Deixa as montanhas e conquista-me sem contagens!
Baseava-se ela, nos nossos encontros, que se podiam contar pelos dedos.
Nisto, aproximou o rosto bem perto do meu, sentia-lhe a respiração ofegante e disparou:
- Embebeda- me! Salvo seja é claro.
Quantas vezes dissemos um ao outro algo de bom???
Nada! Só contagens.
Neste momento acho, que são as contagens que nos salvam!
Não às contagens. Não a atritos verbais.
E sim!
Acho que vou sentir a tua falta e não digas agora merdas. Ouviste!!!
-Estarei sempre por cá!
Ainda tens em mim, um coeficiente de carinho.
Já confessava emocionado!
- E eu aqui!
No fundo sabes disso.
És muito especial. E não digas merdas.
Aproveita que não estou em mim. E que tenho uma lágrima no canto do olho.
E cala-te!
És um bom confidente. Deixa o tempo correr!
Afinal é o tempo que diz tudo!
É o que tenho aprendido.
Quero, desejo, que sejas feliz!
Isso é bom não?
Nesta catrozada de emoções, ainda consegui lançar mais achas para a fogueira!
- A felicidade não se deseja, conquista-se!
- Também, tens toda a razão.
- E se a felicidade também é uma luta? Por vezes sou feliz, já que lutei o bastante, para a merecer por alguns momentos.
Nesta altura, já nos víamos envolvidos, pela areia até aos olhos.
- Eu, perco uma parte dela!
 E cala-te. Não digas merdas.
Merdas”, era o sinal para eu, não a culpar, do porquê de em tanto tempo, em que nos conhecemos. Pouco o tempo, que partilhamos!
-Tenho medo que alguém entre no meu mundo.
Não sei como o partilhar.
Não quero passar pelo que passei.
- Só tu podes encontrar respostas para isso.
- Eu sei!
Às vezes, por momentos, gostava que me abraçasses!
Por momentos raros.
Mas faltou aquele abraço.
E tu sabes disso!
E não digas asneiras! Soltou uma risada bem sonora.
-Faltou o abraço, porque ambos sentimos, que momentos como este, podem não ser repetidos!
Falta-nos conviver mais intimamente, para repartirmos o que sentimos.
E tornar o desejo em paixão.
Tornar o desejo de estarmos juntos, como fazendo parte da nossa vida.
Por esta altura, enlaçávamo-nos com intensa ternura.
Possivelmente, a tentar recuperar os abraços perdidos. Mais parecendo
adolescentes, abraçados como promessa, ao nosso destino.
- O que sou para ti???
- Neste momento, pouco ou nada!
Porque quem foge de mim, quando a procuro…..
- Então porque falamos Nuno?
Não respondi de imediato. Então, respondeu por mim!
- Falamos, porque me procuras e agradeço-te por isso, quando estás por aqui.
E penso, porque ainda sentimos existir, a esperança, de sermos iguais a tantos outros!
Resolvemos abandonar o nosso canto.
Com o luar a iluminar a noite, fazendo sobressair a bela sensação de estarmos por fim, depois de muitas luas, juntos!
Mas a incerteza de sabermos, quando nos encontrar novamente. Criava uma atmosfera insólita e um silêncio incómodo.
- Afinal o que sou para ti?
E não venhas com a inteligência, ou com o humor sarcástico. Fugir à pergunta!
Perante o meu silêncio, a viver a ansiedade, de partir no dia seguinte. Voltou a tocar no assunto!
- Bem, vai pensando na minha pergunta e vai respondendo, se assim o desejares.
- Tenho até ao Natal? Balbuciei por fim!
- Eheh. Para saber a resposta, tenho que me vestir de duende.
Tive e tenho alguns prendados.
Mas não vejo nada neles!
Não sei o que vi em ti, para me expor.
E não sei o que viste em mim!
Bem é o fado.
Vai lá!
Já estava encostado ao portão de casa e quando me preparava para sair, puxou-me pela camisola ensopada em areia, cheirando às algas marinhas.
- Então? ?  
Nada dormi nessa noite!
O voltar a partir, deixou-me tristemente só. E com a certeza de mais uma vez, deixar de partilhar abraços, que já me aqueciam a frieza da distância.