quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Queria Criar o meu Mundo




Era miúdo, ainda mal conhecia o mundo, mas já tinha uma certeza! Queria criar o meu mundo.
Cedo descobri que vivia num meio onde não queria viver, embora fosse obrigado a suportá-lo.
Então fechei-me numa redoma e aos poucos, mediante o que a vida me dava a conhecer, fui dando forma ao meu querer e com o decorrer dos anos, consegui viver tão profundamente o que me dava mais prazer.
Foram anos de clausura dentro do meu dia-a-dia que pouco me dizia e viver um pouco no mundo da lua, era a salvação de não cair numa nostalgia comprometedora.
Vezes sem conta via-me a falar sozinho.
Vezes sem conta via-me a sonhar acordado.
Vezes sem conta via-me só, mas os meus sonhos seguravam a certeza de com o tempo, conquistar o que o meu coração desejava.
Não conhecia o ódio.
Não praguejava para quem quer que fosse. Não replicava para quem era teimoso.
Deixava que criassem lá fora (do meu mundo), a imagem que lhes apetecesse sobre mim. Isso era insignificante, quando tinha todo tempo do mundo para conquistar.
Muitos sentiam ira de mim por estar no meu mundo, mesmo junto ao deles e “obrigavam-me” a fazer do mundo deles, o que o meu não podia fazer por eles.
Por isso as dores de cabeça começaram a ser constantes e por momentos, recolhi-me de novo no mundo das estrelas e o seu brilho alegravam a minha súbita tristeza.
Mas é melhor estar com os pés bem assentes na terra segurando o meu corpo, que me conduz de novo ao meu mundo real, que hoje está revestido de ternura sobrenatural.


sábado, 24 de outubro de 2015

Sei Não




Abri a janela para admirar a noite fresca, enquanto o Inverno não chega.
E ela lá estava, autêntica trapezista, num extenso fio de teia que não descobri onde se iniciava, já que ultrapassava a janela do vizinho de cima.
Andava à caça, porque já enrolava um insecto que se iludiu com o clarão da janela e foi de encontro à armadilha da caçadora esperta.
A noite só deixou ver pistas desta gorducha aranha e o seu pecúlio nocturno.
Puxei-a para dentro ainda agarrada à teia e acreditem era gorducha de manter respeito. A sombra na tijoleira reflecte o tamanho do abdómen desta aranha caçadora.
Logo a devolvi ao local da caçada evitando ao máximo grandes danos, no visível fio que lhe serve de arma.
Por momentos pensei o que poderá uma aranha de manter respeito fazer, enquanto percorre o meu quarto durante as longas horas da noite.
Será que percorre o meu rosto adormecido tranquilamente, depois de longas horas a trabalhar.
Será que caminha pelo que resta do meu corpo destapado, como se andasse à caça de algum insecto pousado no cobertor que me agasalha.
Será que urde uma teia em volta do meu nariz e impede normalmente a entrada do ar, porque por vezes tenho a sensação de acordar com uma comichão de me sobressaltar?
Será que tenta entrar pela boca aberta, só sendo impedida pelo ressonar quando adormeço de barriga para o ar?
Sei não! Como dizem os nossos irmãos.


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Por Instantes




Hoje o sol voltou!
Mais lindo e mais apetecível como nunca.
Subi ao tecto do meu mundo e admirei o céu azul, salpicado de pequenas nuvens brancas.
Por momentos inspirei tanta doçura
Por instantes deixei-me levar pelo calor, que embrulhava o meu corpo.
Foram minutos que valeram horas. O sol ressuscitou por horas e aqueceu o meio onde trabalho.
Aumentou a vontade de terminar da melhor forma o dia e regressar com o sol a desaparecer, mas deixando um final de tarde primaveril.
De novo encosto os casacões já afiados para amortalhar o frio.
Volto aos polos de cotoveleiras que dão nas vistas, quando entro nos híper a abarrotar de vozes esquisitas.
E as temperaturas amenas vão permanecer por mais uns dias.
Volta a alegria em aguentar longos dias, esperando que o Inverno tarde e bem cedo, surja o regresso tão aguardado. Mesmo com decisões já tomadas.
Aleluia, aleluia! A vida ressuscita com o nascer do novo dia.

domingo, 18 de outubro de 2015

Estou Longe




Domingo, mais um! 
Quando faltam muitos mais para saborear a companhia de uma mão quentinha, com o calor vindo do coração.
Esperar por esse momento, é acumular ansiedade regularmente. Dentro de quatro paredes fartas de tralha, só dando lugar a uma cama que agasalha.
Só não desejo trapaças no meu trajecto que tentam alterar o meu destino, já escrito nas pedras pontiagudas dos caminhos há muitos anos percorridos.
As pessoas recolhem aos lares ainda a tarde se ergue na plenitude do dia num tempo de folha caída, que arrasta os passos dos que teimam em dar umas voltas pela periferia.
Estou longe, mas bem perto do meu país que se esfalfa nas quezílias partidárias, onde o voto do povo não foi suficiente para eleger um governo e ceder, é o ponto-chave, para avançar para a normalidade.
Estou longe, mas perto da gente miúda que dá continuidade à herança dos antepassados e sentir que estão bem, é sinal que tudo vai caminhando sob rodas.
E assim o Domingo vai passando, agora que o aquecimento foi ligado para dar conforto aos que cá lutam pela vida, num Inverno rigoroso que se anuncia.
Pouco ou nada posso fazer porque lá fora o frio faz estremecer. 
Aproveito para dobrar as roupas da semana e preparar-me para a noite que não tarda.
Acumulo conversas da treta, enquanto os tachos vão ao lume para aquecer o almoço de horas atrás e nada mais me resta do que esperar que a semana se vá depressa, para mais um Domingo que regressa.
O tempo sombrio e frio é duro de ultrapassar.
Mas nada posso fazer a não ser o que ele tem de bom para oferecer: descansar e tirar umas boas sonecas, sonhando com o sol ainda bem espelhado nos momentos recentes passados. Aqui, ou bem perto do mar que me embalava.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

As Negociações Sem fim



Os partidos sentam-se à mesa como gente crescida
Negoceiam quem parte o bolo, mas só um quer a cereja
De vencedores, sentem a cadeira ser ocupada por outros
De vencidos, esfregam as mãos, esperando pelo São Martinho!

O Costa fecha-se em copas!
Esperando que das negociações saia fumo branco
Tem a cabeça a prémio nas suas hostes
Negociar e ganhar tempo, será a sua sorte

Passos Coelho gritou, antes do tempo vitória
Neste momento negocia pelas cadeiras do parlamento
A única solução é entender-se com o vizinho ao pé da porta
Não vá o Diabo tecê-las e surgir, o inimigo de sempre

Paulo Portas, está com os dois pés fora do governo
O povo correu com ele, arrumando-o de vez de qualquer ministério
Aos oportunistas este é o único caminho
Chega de fazer da política, as duas caras identicamente conhecidas.