segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Terceira Etapa




Já não é novidade o levantar ainda a noite não acordou, desta vez com a maioria do grupo esticados e enrolados nos sacos camas, num espaço com todas as comodidades normais para tanta gente, gentilmente cedido por espanhóis abertos ao simbolismo da nossa caminhada e com o esforço do nosso líder, valha a verdade incansável para que nada falte e, toca a desbravar caminho porque esta jornada não será pêra doce e como mais à frente se constatará, irá ser dura, bastante dura.
Cedo alguém toma posição e num passo acelerado decide ir por ali fora e enfrentar o asfalto, que seria o nosso companheiro para mal dos nossos pecados a maior parte desta etapa.
Também cedo se notou que o grupo iria se desmembrar, ainda o sol não esticara os seus raios e compreensivelmente formou-se mini grupos numa caminhada a desabrochar tensões.
Logo aqui se fez notar a presença do líder deste rebanho que ameaçava juntar algumas ovelhas tresmalhadas e logo, logo encontramos a Natureza para nos purificar com o ar matinal e toca a seguir o homem de cajado benzido que com a sua batida marcava o ritmo.
O asfalto não nos largava e o café tardava em ser engolido de um só trago, já que as horas avançavam e não havia meio de encontrar um raio de uma cafetaria aberta.
Por fim depois de uma hora a percorrer uma avenida que nunca mais se via o seu fim; onde por vários minutos num trio, falamos da hipócrita sociedade barcelense, que nada olha para as iniciativas de uma paróquia ao serviço de quem lhe bata à porta, porque elas estão sempre abertas, para quem desejar ter um alívio de consciência, ou uma ajuda mesmo sem ser de penitência. Valeu-nos a sorte, porque foi percorrida ainda o sol se escondia nos montes que mais tarde seriam o martírio para muitos destes heróis destemidos.
Lá surgiram os cafés tão bem-vindos, onde o grupo se repartiu por mais de um, para não esgotar os croissants comidos de faca e garfo.
De estômago cheio e semblante satisfeito, toca a andar e bater o cajado por esse asfalto fora, porque ainda a etapa é uma criança.
O sol desponta agora ferozmente, como se nós lhe tivéssemos feito algum mal. O grupo já não se consegue unir. Alguns começam a dar sinais de se resignar, perante as mazelas que lhes abrem chagas tanto físicas como emocionais.
Outros, já com o físico a roçar-se contra o canto da estrada, junto aos muros das casas quase todos fechadas, continuam com a força espiritual que ali os trazem.
O último troço antes da missa, é a tortura ao vivo. São dois quilómetros de uma subida que nunca mais termina. Os da frente deixam-se apanhar por dois ou três que tentam levar os outros para que a Eucaristia, seja iniciada à hora marcada. E quem diz Eucaristia diz, o momento de encontro com Deus e o descanso tão merecido.
A água escasseia e algumas garrafas estão tão secas como a nossa garganta. Duas pancadas num portão e logo é entregue água tão fresca, que a senhora merece dois beijos de agradecimento. Mas a subida ainda não terminou e cada vez mais se sobe e nunca mais finaliza.
O sol não deixa ver. E os chapéus enterrados na cabeça tapam os olhares de ver tão perto o prior a chamar, pelos primeiros que aparecem no final desta subida maldita.
A missa aproxima-se, o momento é de respeito e de oração!
Um adro de uma capela, pequena para tanta gente que se arrasta para uma sombra, depois daquele tormento. Obriga a improvisar a Cerimónia ao ar livre e num altar que faria Cristo saudar a beleza simples daquele espaço. Deu-se, inicio a uma missa que vai ficar nos corações de todos os que assistiram.
A fé! O encontro com nós mesmos! A procura de um sinal! São momentos que os Caminhos de Santiago nos proporcionam.
Mas esta missa revestida de uma simplicidade tão maravilhosa, tão íntima que nos tocou bem fundo a cada oração dita em coro.
A cada cântico nascido no momento por quatro jovens que alegram as pausas das caminhadas.
O momento da comunhão com um toque que nunca tinha tido o privilégio de partilhar e mais se acentuou, na hora do amém como agradecimento de tão significativo acto.
Foi a frescura e o enorme alento para enfrentar novas e dificílimas subidas e perigosas descidas, feitas dois a dois para nos amparar nas possíveis, mas graças a Deus nulas quedas que felizmente até agora nada que mereça ser anotado.
A tarde iniciava-se e nós toca a percorrer as duas horas e meia que faltavam para finalizar esta etapa e regressar a casa.
O sol, esse, maldito (só cá para nós, porque naquele momento não era bem-vindo), mastigava a nossa secura e colava os poucos agasalhos aos corpos escuros do pó e vermelhões da canícula.
Refrescamo-nos no albergue para carimbar a nossa última passagem como o derradeiro consolo para esticar as pernas antes da chegada e, dar uma oportunidade aos que estão desesperados dos pés, com bolhas em várias partes. Para aí se aguentarem e esperarem pela ajuda que está sempre no sítio certo, á hora certa.
Mais alcatrão mais dificuldades para alguns. Enfim para todos!
O carro de apoio com um casal de uma dedicação de louvar ainda me espanto, com gente deste calibre. Transporta os necessitados de cuidados, esperando que alguns deles voltem a juntar-se ao grupo, o que acontece.
Os restantes enfrentam o sol no seu pico e todas as dificuldades que surgem. Sobem e descem os últimos quilómetros que aparecem e mesmo vendo o autocarro esperando por aqueles que não conseguem fazer os dois últimos quilómetros, valha-nos a verdade é terrível esta etapa. Existem pessoas que o físico já é empurrado pela crença do objectivo que os faz ir em frente e encontrar o fim desta jornada.
Esse mesmo autocarro é ignorado! Enfiamos o chapéu bem fundo para nem o ver e lá continuamos rumo ao final, que é ali já e nunca se deslumbra.
Descemos o monte, mesmo aqui não corre brisa, parece que Deus nos está a tentar pôr à prova todas as nossas capacidades. Ao mesmo tempo que deslumbramos a baía de Vigo, que nos acompanha na descida e contemplamos toda aquela imensidão de água.
Imagino-me a saltar por sob o mato e descendo, descendo, para terminar num mergulho prolongado de encontro aquela frescura….
E descendo e descendo, para a realidade, firmo os pés numa força para não dar uma queda de encontro ao fim que continua a ser já ali e, finalmente chego ao olhar do prior imponente na sua estatura de quase um metro e noventa, que nos indica o caminho para o autocarro através do cajado, ele também de rastos, mas com um sorriso que nos embala, lembrando-me uma sua célebre frase: “ A vida é uma arte”.
E momentos depois deixamos o local de encontro da próxima etapa, que nos leva ao merecido almoço/jantar, sendo mais um momento para acertar agulhas para as últimas caminhadas que no fim-de-semana nos levará, para aí sim. Chegarmos todos a Santiago.

A Segunda Etapa



Aqui estou todo dorido!
Pudera, caminhei horas e horas. Em muitas ocasiões marchei e outras mais, talvez voasse. Para fazer perto de setenta quilómetros, num calor de queimar os neurónios, mas estou feliz, acreditem estou a ser sincero: mesmo feliz!
Depois de duas etapas que nos levaram até bem perto da baía de Vigo, desejando toda aquela frescura da água como uma bênção, para todo o calor que carregávamos, mas ainda longe do objectivo primordial; a chegada a Santiago que ficou para o próximo fim-de-semana, onde lá chegaremos se Deus quiser, na apoteose final, de um percurso cheio de emoções.
Bem cedo nos encontramos, para retomar a caminhada. O dia ainda não nascera e a noite era nossa companheira, no aquecimento do físico para a segunda etapa que nos ia levar a Tui.
Juntou-se a nós um peregrino de câmara às costas, na perspectiva de um documentário sobre os caminhos de Santiago como projecto a curto prazo. Lá incorporou o nosso grupo para concluir tão relevante propósito.
Caminhamos ainda ensonados pelas poucas horas de sono e de um momento para o outro, bem os abrimos já que tínhamos chegado ao começo da Serra da Labruja. Segundo muitos, um dos troços com mais dificuldades, mas que para nós foram dos mais entusiasmantes e espectaculares até ao momento.
Ali, calcorreando aqueles caminhos abertos pelo meio da serra, onde em fila indiana nos desviávamos das naturais dificuldades do percurso, salpicado de socalcos bem desnivelados, obrigando-nos a caminhar em ziguezague, subíamos com prazer o dorso da serra que mais nos aproximava de peregrinos.
A Natureza impunha-se, com o verde como cenário de eleição e sem vestígios de contacto humano, a não ser o do grupo. Assim andamos uma hora carregados de prazer em ali estarmos e sentindo todos nós a adrenalina da fé que todos procuramos em reencontrar.
A pausa para recuperar o fôlego e aproveitar para umas breves palavras do prior, sempre alerta com o propósito de não nos esquecermos que o turista não se conjuga com a espiritualidade do significado dos Caminhos de Santiago, foi propositadamente guardada para junto à Cruz dos Franceses. Onde ficamos a saber o local, que a população da época, emboscou os retardatários do exército de Napoleão, na invasão de 1809. Numa acção que demonstrava o espírito de uma comunidade em escorraçar o inimigo que invadia o país que lhe pertencia.
Como nem só da caminhada e de constantemente o cameraman: é de enaltecer todo o esforço que o homem carregava, não só a nível de concluir o trabalho por ele delineado, como com o peso do material horas e horas carregado. Estrategicamente situado para nos filmar, já com o grupo alargado num cordão a deixar muitos de mão estendida, mas já sem possibilidades de o agarrar. É o momento do nosso líder aproveitar para a pausa de agregar o grupo e proporcionar o momento de nos conhecermos ainda melhor.
E numa apelação do prior para os últimos quilómetros que antecediam o almoço, resolveu nos juntar dois a dois e darmo-nos a conhecer numa intimidade de troca de impressões, nos variadíssimos aspectos da nossa vida.
Falamos dos nossos defeitos (poucos, porque todos dizemos que são menos que os dedos de uma só mão).
Das nossas virtudes ao longo dos anos que já carregamos nos ombros.
Da família e dos anseios para que os nossos filhos sigam os princípios que nos guiaram para lhes dar um lar.
Dos objectivos profissionais, onde a porta nunca se fecha para quem busca novos desafios.
E neste clima intimista de um amigo que está ligado juntamente com a família, à fé e dela fala com prazer e alegria, que para mim é o que retrata mais o peregrino no seio do longo grupo. Chegamos ao almoço para alimentar o organismo e descansar o espírito.
Não há tempo a perder e toca a levantar o rabinho das cadeiras para enfrentar os últimos quilómetros sob um calor abrasador, porque parar era morrer para o objectivo pretendido. Assim atravessamos a fronteira, hoje sem olhar para os lados e ser parado pelos guardas. E entrar no país vizinho, onde nem a brisa do rio, olhado de cima para baixo numa altura de fazer andar a cabeça à roda, nos refrescou para o final de uma etapa que já deixava mossa.
O espaço que mediou a visita à catedral; imponente de enormes paredes esgatanhadas de história, sepultura de santos que perpetuam a religião e de bispos que deixaram um enorme legado para a região. Jardins floridos com árvores de fruto que foi pouso de descanso de alguns minutos. Foi aproveitado pelo prior numa das alas da Catedral, para mais um momento de reflexão, e de seguida convidar-nos a falar dos nossos anseios, expostos nos buracos nas nossas vidas, não mais do que três ou quatro frases, escritas num simples bocado de papel.
E o jantar, tão aguardado para reduzir o desgaste da caminhada, foi a descontracção que tanto necessitávamos.
Aqui sentimos que para além do grupo que nos envolve, já brota uma família caminhante e nesse espírito, jantamos numa surpresa que nunca é demais louvar, proporcionada por uma equipa dedicada. Com o prior, chefe de fila de uma dúzia de voluntários já conhecidos e tão admirados.
Foram eles que trouxeram a vela para nós acendermos e darmos luz à boa disposição e por entre música improvisada por cantadores de fim-de-semana, treinados em karaoques que abundam nas mais belas esquinas. E alegria de cruzarmos a boa disposição e a fé que vai brotando a cada momento a sós que encontramos. Deixamos este local bem perto do rio e ainda tão longe do nosso objectivo, rumo ao descanso de poucas horas já, que bem cedo o galo canta, para mais uma etapa toda ela a desbravar caminho cada vez mais, a deixar Portugal já longe e para trás das costas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Aniversário No dia de São João


Vi-te nascer, vi-te crescer!
Vi-te gatinhar sem seres gatinha,
vi-te fugir do meu colo com peso de menina.

Vi-te fazer
a primária ainda de cadeirinha,
vi-te entrar no secundário já crescidinha.

Vi-te seres mulher, cresceres, cresceres e já olho para ti debaixo para cima.
Continuo a ver-te a todas as horas porque és minha filha!

Parabéns Barbara, deixei-te mesmo agorinha de te ver, porque fostes para a caminha!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Será Que Enchemos o Papo de Uma Só Vez



Enchemos o papo como as galinhas, porque o milho (golos) apareciam em determinada altura como uma oferenda dos coreanos perdidos e ansiosos pelo fim desse jogo, que os irá marcar dentro do seu país para toda a vida.
Golos que encostaram a selecção ao ego dos portugueses, já cabisbaixos devido ao mau augúrio que tinham sobre a prestação da equipa.
Foi uma goleada das antigas e embora o resultado leve a equipa a ser noticia pelo mundo fora, o que é certo é que ainda nada ganhamos e por incrível que pareça o caminho a desbravar é ainda de difícil transposição.
Claro que o objectivo mínimo já está praticamente alcançado.
Uma goleada deixou logo pelo caminho os africanos do nosso grupo que ainda sonhavam em discutir a passagem à fase seguinte. E assim sendo deixamos a pressão para trás das costas e toca a receber os grandes candidatos ao ceptro deste mundial e mostrar de uma vez por todas que seremos um adversário duro de roer até ao fim desta importante manifestação futebolística.
Mas nunca é de mais lembrar que esta goleada veio à tona como um cardume que o GPS, logo sinalizou após o reinício do jogo.
O cardume coreano deixou-se apanhar como peixes bebés, sem experiência de alto mar (grandes competições internacionais) e como morderam o isco iludidos com tamanha oferta, foram presa fácil para o cesto da pescaria.
E nós lá fomos em busca do que a linha trazia e a dada altura com o pensamento em Cristiano Ronaldo oferecemos-lhe a cana do Meireles que tinha terminado a sua faina e depois de um longo jejum sem pescar nada, era só morder mas nada que chegasse ao barco. O Cristiano sacou um belo exemplar depois de ensaiar uma vez mais novo isco com adornos desde as costas ao cimo da cabeça, que lhe valeu um goloooooo fácil há tanto tempo desejado.
Abriu-se o ketchup para as batatas portuguesas. Só espera-se que o frasco chegue até o cozinheiro proibir os malefícios gastronómicos ainda tolerados por mais uns quinze dias.

Uma Hora Divertida



Foi mais do que uma hora, porque conseguimos agarrar uns bons minutos antes de ela chegar, para pormos a conversa em dia.
Desta vez perante uma salada de grão com bacalhau, enfeitada com alface enorme que se comprimia com o bacalhau e o grão. Também era composta por fatias de ovo cozido, mais os tomates às rodelas vermelhinhos, que davam uma apresentação de encher o olho. Lá devoramos este pitéu de uma forma ordeira já que somos bem crescidos para controlar o apetite.
Conversamos, isso é constante!
Mas desta vez o trabalho foi o tema dominante. Uma, ansiosa pelo fim-de-semana a cheirar a descontracção e boa vida apesar de englobar trabalho, numas escapadelas que já vão sendo raras devido ao apertar das despesas que sobram para todos.
E eu como fico por cá a continuar a minha façanha caminheira a virar já peregrina, levo com o pedido de rezar por elas, para poderem enfrentar os dissabores que viram dramas que lhes entram pelos gabinetes bem dentro.
Falamos da vida madrasta para muitos e também desafiadora para quem não desiste e quer ir à luta, numa reconversão que se antevê longa mas com ganas de a ver como uma realidade convicta.
Uma é sempre eleita para servir a comida dos outros, tem uma mão delgada com dedos compridos e finos que seguram os talheres com perícia e toca a encher os pratos com a salada pedida, porque o tempo é curto e o almoço pede para ter o fim que lhe é destinado.
Descobri que uma deixou de ser esquisita há poucos dias e como tal está pronta para o que der e vier. Por isso olha em frente e diverte-se com episódios lembrados com o desenrolar das nossas conversas e confessa as diabruras da altura, com maluquices à mistura.
Quanto à que trabalha com consciências, hoje um pouco distante e com ar pesado talvez cansaço de assistir diariamente a dramas sociais sem soluções a curto prazo para os atenuar. Ouve mais do que fala e com isso perde um pouco da beleza natural que Deus lhe deu. Só ressalvando a agitação que protagonizou no inicio com um tema já mil vezes debatido, onde eu infelizmente e aqui me sinto bem palerma, faço questão de reavivar.
Mas são alegres estes nossos almoços, onde três amigos se encontram para conversarem um pouco e repartirem a broa que só tem dois pedacinhos, pelo cavalheiro que não se querendo como tal, é presenteado por deixar as senhoras serem primeiro servidas.
Para semana lá nos encontraremos com novidades bem frescas já que dois de nós iremos sair um pouco da rotina e com isso trazer boa adrenalina.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Saramago Era um Mago



Um homem que teve alicerces de ser o que sempre quis ser; dar voz à sua consciência.
Um homem que criticava o sistema implantado neste país logo após o 25 Abril, com todas as letras e as mais duras palavras.
Um comunista realista sempre pronto para criticar os hipócritas moribundos que nos governavam anos a fio.
Um homem que só o além fronteiras, soube dar valor, o que irritou de sob maneira as gentes cá do cantinho que comandavam a seu belo prazer os destinos deste país europeu mas que roça a terceiro mundista já que é inundado de favores num, toma lá dá cá de meter dó, já que é levado à estampa a qualquer hora do dia.
Um homem que se encheu de aturar os estômagos dilatados de enormes banquetes em festanças programadas para convidados escolhidos a dedo e se refugiou nos nossos vizinhos que lhe deram a tranquilidade para mostrar o que de melhor este homem sabia fazer.
Um homem que desembaciava a religião católica ainda e sempre mergulhada no nevoeiro cerrado, para que os seguidores ficassem cegos em ver ao longe, mas ele através da única arma que possuía enchia páginas de livros a libertar o nevoeiro que não deixava os barcos apinhados de crentes regressar á realidade em que vivemos.
Um homem que momentos antes de findar a sua vida terrestre. Se virou para a esposa penso eu e acredito com toda a certeza: agora que me vou, eles vão pousar em meu redor e elevar-me na plenitude da grandeza e na maioria deles transbordando de hipocrisia, elevar-me para além dos céus que eu nem tão pouco acredito.
Pilar meu bem, leva-me tu numa carroça puxada pela mula que eu via tão perto na minha meninice e leva-me para longe dos olhares de quem eu não gostava e junta as minhas cinzas e faz delas o que te apetecer já que foste tu que me deste guarida desses abutres que não me entendiam.
Mas Saramago merece a homenagem do povo anónimo que sempre partilhou as suas convicções, hoje mais vincadas nos momentos difíceis que atravessamos, dando-lhe mãos cheias de razões às suas outrora certas opiniões.
Terminou o seu ciclo cheio de alegrias já que era simples para quem o merecia.
Agora depois de morto fisicamente a sua obra irá ressurgir ainda mais e será as gerações vindouras a presentear-lhe com todos os Nobel que forem ano a ano surgindo porque a sua obra será eterna tanto neste Portugal ingrato para o seu filho Saramago como para os quatro cantos do mundo, que o idolatram tantas vezes como as frases por ele escritas.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Família Boucinha nos Quatro Cantos do Mundo



A nossa família é como um polvo, estende os tentáculos, aos quatro cantos do mundo!
Já urinamos nos mares do Brasil (aí que saudades aí, aí).
Já alguém que nos segue esteve na Tailândia sonhando com a família, já que à ultima hora ficou sozinho, enquanto era brindado pela massagem de boas vindas.
A América, terra onde tudo acontece, também lá foi alguém que nunca se esquece. Ficando encantado com o país onde a noite tem a mesma animação que o dia. Já que as cidades não dormem, só descansam por breves horas.
Na América latina tem lá família de duas gerações, lembrando que os Boucinhas, estão tão longe e tão perto deste cantinho.
A China é o destino a curto prazo dos mais aventureiros e avantajados. Irão ansiosos pela curiosidade, regressaram com os olhos em bico de tanta diversidade.
A Europa é visitada pelos mais velhos ora em trabalho, ora em tempos de férias. Seguindo-lhes as pegadas os mais novos, partilhando conhecimentos e enriquecimentos de vida.
Ocasiões existem, em que alguém se aventura sozinha, percorrendo quilómetros e quilómetros de fuga necessária. Buscando o carregar baterias, para regressar leve como uma pluma.
Espanha nem se fala, todos foram como se fosse já ali ao lado.
Imigrantes já também tivemos! Os mais novos correram à procura de melhor vida, em áreas que tudo sabiam.
Em Portugal vivem dispersos, mas como somos um país do tamanho de uma pena. Hoje estamos longe e amanhã bem tão perto, que dá para um belo almoço e ainda a noite é uma criança. Já a cama não é apenas uma lembrança.

O Mundial Para nós Até Agora



Portugal é um país medricas. Deixamos esvoaçar a veia dos navegantes com o semblante virado para o desconhecido, não importando os perigos, nem as lendas e hoje cagámo-nos de medo, perante africanos corpulentos, num simples jogo de futebol que devia ser o esplendor da nossa supremacia normal de uma equipa já a ocupar o pódio mundial.
Como o primeiro milho é para os pardais, esperamos que numa reflexão reservada aos intervenientes, cheguemos á convicção que somos melhores e que temos legitimas aspirações a ir bem longe neste campeonato mundial, que benzeu a África, o continente das lendas e da magia.
Ninguém se encheu de sorrisos perante a meia derrota com os africanos corpulentos e corredores, qual cães de guarda prontos a tapar os caminhos para a sua baliza, por onde nenhum adversário poderia enfiar a bola.
Os portugueses dos quatro cantos do mundo, ficaram a meio do grito da vitória e esperam no próximo jogo, que Portugal deixe o medo característico dos treinadores portugueses nos quartos de hotel e entre em campo de peito feito e assumido vencedor por mais de um golo. Que é o primordial objectivo para seguir em frente e encarar o sonho como uma possível realidade.
A derrota da Espanha um dos principais favoritos a conquistar este mundial pela primeira vez em terras africanas, ajudou a acalmar um pouco os ânimos já com tremideiras de sentir que o regresso a casa mais cedo pode ser uma certeza.
E todos pensamos: se a Espanha perdeu com a modesta Suíça, o nosso empate com o betão africano pode ser uma vitória no final das contas obrigatórias.
Por isso a nossa confiança é para manter e acreditar na nossa selecção.
Espero o embate com os canarinhos, como massa esparguete espalhada no relvado. Para ver quem é que se enrola tão embrenhadamente que se deixa engolir sem possibilidades de submergir e acudir ao encaminhar da bola para dentro daquela mágica baliza que irá garantir a passagem aos oitavos, como prémio de quem aguentou os colossos africanos. Os inquietos e pisadores de calcanhares coreanos do norte, obrigados a mostrar serviço não vá o diabo tecê-las.
E os jogadores de gala brasileiros que pensando que é tudo uma questão de tempo para quebrar o esforço do cantinho português plantado à beira-mar. Se deixam ultrapassar pela rateirice e capacidade ronaldinha, mas portuguesinha. E se enchem de lágrimas perante a magia portuguesa que tem estofo para levar a bola, essa, redondinha ao fundo das redes e juntar num mano a mano, a qualificação tão desejada dos mágicos da bola e os “Bês” tão unidos que se juntam num hino de pátria Lusitânia.

domingo, 13 de junho de 2010

A Primeira Etapa





Acabo de chegar da primeira etapa de um percurso terrestre que me levará pelos caminhos de Santiago.
Foram 42 quilómetros, de uma curiosidade inicial que raiava a aventura e agora estendido no sofá com o corpo tão dorido que não à volta que dê, que lance um esgar de dor. Sinto que a aventura está a dar lugar ao peregrino, que é esse o objectivo de tão custosa empreitada.
Começamos com a energia toda de quem nem sonha para onde vai, ainda o dia não tinha nascido.
Os primeiros quilómetros foram galgados como quem vai para uma festança. Conversa daqui, piada dali, lá rumávamos por caminhos ainda a cheirar ao asfalto, já que ainda estávamos em zonas muito habitadas.
A manhã já ia alta e o nosso semblante mostrava os primeiros rasgos de cansaço, ainda nem metade da jornada tinha sido alcançada.
Éramos sessenta pessoas, numa mistura de novatos nestas andanças como eu e outros que já participavam tantas vezes, como eu nunca o irei fazer.
Acompanhava-nos o prior da paróquia cá da terra e líder deste rebanho humano, que era composto por gente desde Paredes, até Esposende. Homem de fé, mas não obcecado por introduzi-la em nós já que sabia que nós iríamos de encontro a ela dado ser esse um dos objectivos destes caminhos revestidos de sacrifício e espiritualidade.
As horas avançam e o cansaço galga o nosso corpo.
O físico desmembra-se do corpo de muitos, mas é agarrado pela força espiritual, que nos auxilia nas horas difíceis e lá seguimos o rumo traçado na crença da fé, que nos vai levar a São Tiago. Ele sim, o santo martirizado, seguindo com amor a doutrina de Cristo.
Os caminhos desbravados por matas hoje não tão densas. São percorridos com a cadência de quatro quilómetros por hora, para que todos chegam com a caminhada feita ao final da primeira etapa.
A dado passo, cruzamo-nos com peregrinos alemães, polacos e solitários portugueses.
Os polacos bastantes jovens, uma dúzia de rostos alegres e olhos claros. Trazem consigo um padre também jovem, que com uma alegria simples e de trato afável, cativa a nossa amizade.
O prior apresta-se para oferecer a nossa ajuda, através do carro de apoio, para aliviar os sofrimentos normais de tão dolorosa, mas enriquecedora caminhada.
Por fim vemos o final á vista!
Ponte de Lima, Vila tão bela e tão cheia de história, acolhe-nos como poiso para o descanso.
Abraçamo-la como uma mãe que nos dá o colo para descansar, mas afinal ainda não era desta vez que esticaríamos as pernas e dávamos descanso ao corpo.
A caminhada ainda não terminara e atravessando a ponte velha com a sua pedra rasgada de tantas memórias, envolvemo-nos por caminhos encharcados devido às chuvas recentes. Obrigando-nos a autenticas acrobacias para evitar encharcar as botas que já não sabiam como confortar os pés já tão inchados como as bolotas.
Por fim avistamos o autocarro e numa correria desenfreada, qual cansaço qual quê! Os mais adiantados aprestaram-se para apanhar os lugares da frente.
Por incrível que pareça a caminhada (à são Tiago que já exiges tanto esforço e ainda só passamos o primeiro troço), ainda não chegara ao fim e num apito estridente vindo do começo da subida, o prior dá o sinal que ainda não seria desta que a caminhada tinha fim.
Mais um quilómetro! Mais um ultimo esforço e finalmente. Será?
O autocarro esperava-nos. Claro no fim da subida e lá partimos exaustos, mas felizes e acredito com fé redobrada para as próximas etapas, ainda mais exigentes, mas encaradas com mais optimismo. Porque ninguém desiste e todos queremos chegar a Compostela e rezar ao santo pelo nosso esforço em prol dele e pela gratidão com que ele deu tudo como mensageiro de Jesus Cristo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 Junho dia de Portugal e também de Camões, mais as Comunidades Portuguesas.


Excelente dia para mostrar aos portugueses, que podemos comemorar o dia de Portugal, dando-lhe o relevo que merece e ao mesmo tempo reduzir as despesas, porque o país vive sufocado.
E toca a excluir excedentes de só encher paradas e fazer a cerimónia dentro das possibilidades que o país neste momento tem.
Um bom principio neste dia, que é para recordar um país cheio de memórias e ao mesmo tempo juntar o útil ao agradável, fazendo contas aos gastos e poupando no que é dispensável embora faustoso.
Pela primeira vez o país honrou os seus combatentes de várias batalhas, que pura e simplesmente tinha encostado para um canto, depois de varrer da memória as guerras coloniais que tinham mandado para casa milhares de deficientes e outros tantos em caixões de chumbo, deixando as famílias despidas de apoio.
Juntou-os ao desfile e incorporou-os no dia de Portugal, porque os militares são a força que fez com que este país continuasse a manter suas, as fronteiras que barravam o caminho a quem ousava reivindicar este pedaço de terra bem junto ao Atlântico.
O Presidente das Comemorações encheu-se de brio e dedicou todo o seu discurso aos combatentes. Elevou os militares que combateram nas várias guerras que Portugal teve que se sujeitar e marcando a guerra colonial como a guerra obrigatória para todos os jovens portugueses, exigiu do estado o reconhecimento das reivindicações dos estropiados dessa mesma guerra.
O nosso Presidente num discurso virado para a situação dificílima que o país atravessa, apelou para a busca de soluções para minimizar os dramas sociais que aumentam a cada dia que passa e frisou que já tinha alertado um ano antes que a situação do país poderia chegar onde chegou. Dando a entender que lavava as mãos como Pilatos, já que tinha alertado e alguém não o quis ouvir.
Passou-se para as condecorações onde, claro, todos eram merecedores de tamanha honra. Mas nos condecorados aparecem sempre antigos ministros e todos sabemos como estes e outros mais que já foram condecorados deixaram este país, autêntica manta de retalhos.
São condecorados. São merecedores de lugares destacados em empresas com responsabilidades estatais. São os cérebros deste país, que se está a voltar de costas, na tentativa de limpar os males impregnados e tentar construir de novo o jardim que se quer plantado à beira-mar.
No rescaldo final desta cerimónia destaca-se a chegada de Sócrates apupado pelos populares, que meios camuflados lá lançaram alguns gritos de revolta pela situação em que se encontram. E quando deixou o local da parada, fez questão de se dirigir a outro sector do povo, que este sim o cumprimentou de uma forma a não deixar duvidas. Ficando no ar a tentativa de mostrar que não se pode agradar a todos embora segundo pensa Sócrates a situação é difícil mas não insustentável.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A Sociedade Que Derrubou todos os Princípios



Vivemos numa Sociedade em ebulição constante e se muitos de nós conseguimos acompanhar esse ritmo frenético. Outros ficam para trás com esperanças ténues em se juntar ao pelotão que ainda consegue ombrear com esse ritmo.
Uma Sociedade é no fundo, um conjunto de situações que elabora a nossa vida!
Assistimos a cada dia que passa ao desmoronar de princípios e à extinção de valores que eram o garante de uma Sociedade aberta a dar oportunidades a quem as persegue, seja com uma ou com as duas mãos.
Nos dias de hoje é um lamaçal de areias movediças onde todos são obrigados a ultrapassar. Mas os mais destemidos com as costas forradas pelos favores adquiridos em anos acumulados pelos progenitores, utilizam os corpos dos infelizes para utilizarem como ponte. Fugindo ao lodo que engole quem lá entra e ao mesmo tempo mergulham com o seu peso de uma só vez, quem teve o azar de ser ponte para abrir o caminho para os outros.
Infelizmente a enorme maioria vence à custa de quem lhe aparece pela frente!
Outros são logo à nascença benzidos com a água benta da fortuna.
Outros ainda, por altura do crisma são abençoados com a promessa de promissor futuro. É só olhar em volta e observar quem os acompanhou até ao altar da marca da fé.
E os restantes pelas duras mazelas da vida, que não são mais do que o saltimbanco de instituições de reinserção, que tentam ser os pais de quem nunca os teve. Ou então têm, mas são os culpados do seu crescimento precoce. Virão bárbaros sanguinários e vivem à custa do mal dos outros e pior, muito pior: infligem a dor mais negra a quem por mero acaso estava no local errado, à hora errada.
Claro que é esta a Sociedade que temos!
Que herdamos de generais ligados umbilicalmente em pensamentos civis e militares. Onde rapidamente pensaram que o mundo era o maná vindo do infinito e toca a moldá-lo ao seu estilo.
E assim sendo, elaboraram as leis a seu belo prazer e por entre hecatombes de desgraças, eles salvam-se em bunkers invioláveis. Porque quem fomenta tempestades, esconde-se bem almofadado até que chegue a bonança. E logo, logo que a ganância esteja instalada, aprontam-se para num estalar dos dedos, retirar de uma só vez as cunhas de segurança e assim derrubam como um castelo de cartas os diques da salvação de milhões e milhões de praças, com ou sem farda.

sábado, 5 de junho de 2010

Ainda e Sempre Surgem os Belos Momentos



Penso nos belos momentos que há pouco tempo partilhei.
Foram em locais tão díspares que não deixam rasto de ligação.
São momentos meus, tão intimamente meus que ninguém mas ninguém consegue partilhar.
São momentos que surgem na hora, no segundo e com a adrenalina no máximo, termina no apogeu entusiástico.
Passo horas a pensar neles enquanto a frescura assola o meu pensamento.
Rio-me de felicidade, rio-me de alegria por ter partilhado aqueles momentos.
Sou demais, dizem alguns!
Perante o que inicio, procuro dar vida e termino com a felicidade estampada neste rosto ainda de menino. Quer, sejam, em meia dúzia de minutos, ou horas ininterruptas.
São momentos que fazem parte do meu legado e que enriquecem a minha vida.
Momentos vedados a todos porque estão embutidos na minha alma e irão aquecer a minha velhice.
Momentos que ajudam a dar cor ao baixo astral, que o dia-a-dia é fértil em proporcionar e alimentam o sorriso que a lembrança transporta.
São momentos simples, mas de uma pureza e entrega sem limites. Porque a simplicidade carrega a intimidade e descarrega-a na partilha sem dar azo a pensar duas vezes. Porque o encanto está na surpresa e na esperteza.
Sou feliz com os meus momentos, tem-me alimentado a fome de amor, de carinho, da ansiedade e da amizade.
Não posso ser bom em tudo, longe disso. Mas ter uma mão com as unhas desenhadas com o percurso já percorrido, dá-me vontade de desenhar outras mais, porque a vida tanto podem ser dois dias como outra tanta como a que já vivi.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Feriado Que Deixa a Sexta a Cheirar a Segunda


O dia vai no fim e o calor vai com ele, deixando a certeza de voltar logo pela manhã, porque o calor chegou para ficar.
Bem cedo fui para a praia, ainda o nevoeiro povoava a beira-mar e com a maré em cima deixava pouca margem de sentir a areia e por isso deixei-me ficar pela esplanada.
Estava bem composta e tive que me levantar para pedir o café necessário com uma nata fresquinha a acompanhar a despedida por enquanto do nevoeiro e a chegada do sol.
Largos rasgos luminosos faziam prever um dia soalheiro e virado para o mergulho já que o calor era previsível.
Havaianas brasileiras e calções a roçar os joelhos, lá segui praia fora. Sentindo a água que logo me avisou que não estava para brincadeiras.
Fria de quebrar ossos, por isso pus-me ao largo e caminhei sob a areia húmida e lá percorri a imensidão de praia que me levava para longe do centro da vila, num silêncio só quebrado por pais entretendo os filhos em futeboladas caricatas, que davam um pouco de vida ao areal fantasma que nunca termina mesmo até se perder de vista.
Mas para minha surpresa a manhã deixou de ser agradável, porque o nevoeiro voltou e uma aragem fria ensombrou os veraneantes.
Parei a caminhada e estendi-me um pouco, olhando o céu já bem perto do meu olhar devido ao nevoeiro e aproveitando para namoriscar à vontade, já que quem passava era pouco perceptível com a neblina. E eu estava resguardado de qualquer olhar.
O tempo agravava-se para quem pensava vir encontrar o sol quente e nada melhor que regressar e fugir como já faziam a maioria dos banhistas, que recolhiam os tapa-ventos e os guarda sois.
O dia estava a ficar desagradável e ainda a manhã não dava sinais de se ir, já eu abandonava a praia rumo a casa, intrigado com o tempo que se formou.
Pelo caminho parei num vendedor de produtos hortícolas e negociei dois sacos de batatas, que ele jurou a pés juntos, dos campos dele e lá abri a mala que as batatas faziam falta para o almoço.
Pela tarde levei a filhota aos amigos da capital do distrito e aproveitei para as compras necessárias no Shopping, enquanto a miúda passeava com os amigos.
E claro namorava!
Estou sempre a namorar. A cada canto, a cada esquina lá estou a dar um toque, um beijo e em alguns casos levar um safanão já que a minha jovem muitas vezes não está para me aturar.
Regressamos para junto do resto da família, já que o mais velho não nos está para aturar e tem o seu próprio mundo num ambiente estudantil superior já com a velhice à porta. E sem pachorra para aturar os cotas, que somos nós pais, sempre preocupados com esta juventude que nada cria e a tudo se acomoda.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma Hora Divertida



Lá fomos ao almoço já habitual com meninas já conhecidas e boas companhias.
Desta vez optamos por outro local a cheirar a restaurante dos executivos, onde se mistura doutores de todos os quadrantes alguns que nestes últimos dias me atenderam, num dia a dia de visitas e necessidades.
Mais engenheiros que são noticia nesta pequena cidade, já que, lhes saiu a sorte grande, porque juntaram o um mais um e lá acumulam com mérito verdade se diga, o profissionalismo e competência, que esforçadamente adquiriram.
Mas isso é secundário e o que interessa é que aproveitamos a horita do almoço para conversas agradáveis apimentadas com uns filetes de pescada, mergulhados num arroz de tomate, que obrigou as meninas a beberam uma cervejinha para dois copos, retirando do uso normal a água porque o arrozinho puxava para uma cervejinha.
Desta vez fui o cicerone! Falei, falei e ocupei o tempo a distribuir as minhas aventuras de conquistador de trazer por casa, pela hora que passou como o vento. O que deixou as minhas companhias a rirem-se dessas mesmas aventuras. Acredito que neste momento lá bem sentadas nos seus gabinetes se interroguem se de facto cá o jovem é mesmo assim, ou lança foguetes anunciando festa, quando tudo não se passou de uma simples conversa.
É tudo verdade o que juntos falamos!
Verdade como a água tão límpida e cristalina e é por isso que a nossa amizade cresce, cresce e como hoje é tão difícil a amizade ser um ponto assente neste mundo que só cria desconfiança. Nada melhor que o almoço das terças para cimentar a confiança.
Somos três seres alegres como três flores num vaso à entrada de uma catedral!
Onde todos elogiam a pureza da beleza, tão natural como viemos ao mundo, cada um no seu tempo.
Mas é proibido tocar porque cada um de nós pertence à sua família e por isso brindamos com a nossa cervejita aos nossos filhotes, já que hoje é o dia deles e………...
Por isso no final ao passar numa florista a queixar-se deste calor que amolece qualquer iniciativa de sair para a rua. Compramos uma flor bem fresca e luminosa, para alegrar a criança que existe em nós!