segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Do longe se faz Perto

 Estamos bem longe, e o nosso apetite de nos sentirmos é tão devastador. Que nos aproxima mais perto, do mais perto, que já nos encontramos.

Os nossos corações unem-se, com os momentos ainda tão recentes, que sentimos o seu bater, a cada desenrolar do novelo fofinho de cores mistas como o arco íris. Que  já leva as quatro estações, a desenrolar delírios e adorações. 

Sentimos os nossos sorrisos para lá da tela sagrada que nos divide o físico, mas mais aproxima, o nosso gémeo espírito.

Estendemos a nossa mão para lá da tela sagrada, só para sentir o perfume que se esvaia pelo orifício carnal, que une dois corpos já sem regras e sem norte.

Recordamos conversas infinitas, quando levamos a comida de cada um, à boca que não é de nenhum. Porque o sabor já é só um. Em telhados de vidro, para que seja vivido.

E neste divinal clima, estamos longe mas tão perto, que quando a aeronave aterra, simplesmente olhamos para o nosso as moroso aspecto!

 










domingo, 30 de agosto de 2020

Escolheram este Governo


Como é possível o Presidente da República responder a uma cidadã, revoltada com o estado da nação, onde uma semana antes lhe  levou um amigo fruto da nulidade de defesas para enfrentar o futuro. Responder: " a maioria dos portugueses votaram neste governo!""

Não foi a maioria!

Foram os que preservam a panelinha e levam sempre consigo o vizinho!

E ingenuamente o Presidente de "todos os portugueses", mostrou que está lá para as selfies e para manter a cadeira da sua frutuosa carreira política. Onde uma vez mais mostrou que é um derrotado de nascença!

Somos o que somos!

Já não basta uma só aparecer, no meio de uma cerimônia e bradar aos céus ( foi mesmo), já que do Presidente recebeu, a mensagem mais incrédula que se possa imaginar do maior símbolo da nação!

E já não acredito, que nem o aglomerado do povo português. Possa mudar este país!!

Dado que.

Os fortes imigram!

Os inteligentes imigram!

Os filhos de pais que venderam os anéis e quase iam os dedos para se formarem em doutores num país deserto de oportunidades, imigraram!


Ficaram, os que deviam de mudar o PAÍS!!

Reformados espalmados na reforma que em tantos anos descontaram para viveram como viviam e nem isso conseguem.

Ficaram os desempregados que lhes oferecem emprego tão longe de casa que no final do mês nem ganham para pagar a prestação da mesma casa.

Ficaram os empregados de salário mínimo, a enriquecer o empresário e quando ao fim do dia chegam ao lar, descarregam na família o stress que já ultrapassou a linha do precipício.

E ficaram os arrumadores, prontos a estender a mão á moedinha para matar o vício de quem. Em sorrisos expostos transporta a desgraça que desfaleceu milhões de famílias inteiras.

Ficaram os lambe botas e os seus filhos, prontos a seguir as botas!

Perante isto: Nem a chegada do Bloco. Pensava-se que de betão serrava qualquer fuga. Foi logo maneatado, pelo líder carismático "Ó Costa".

Segue-se o Chega de peito feito. Dando brado às suas reivindicações!

Já se houve a outra parte do nosso infeliz destino: " Se o Chega moderar as investidas, poderá existir uma aproximação positiva.

Não tarda calam-se as vozes e continuamos a partir nozes, a quem Deus não ofereceu dentes!!

Acredito piamente que embrulhados nas mantas com remendos aos quadrados. Milhares imaginam que só surgindo pela calada da madrugada, surpreenderemos a cambada refastelada!!

sábado, 25 de julho de 2020

Ansiedade



A espera cria saudade!
Cinco meses sem pisar uma fronteira. 
Sem sentir o céu tão perto da janela da aeronave.
Sem sentir os suspiros ao transpor as portas da gare nortenha.
A ansiedade adianta o stress.  Nestes últimos dias de regressar.
Cada hora é um montão delas.
E cada dia, encurtar os dias não parece.
Nada existe para os diminuir, mesmo dormindo o tempo todo para acordar no dia seguinte.
Na graça de Deus, como dizia a minha santa avó. Que acredito lá na esquina do céu, sentada ao lado do fogão que aquecia o café para espalhar o sono dos jantares mensais. Abre o coração para me indicar o caminho do amor que me espera.
Enquanto a espera se acentua no imaginar do momento da partida. Levito na música e no rosé italiano, depois de degustar o peru assado.
a semana que me falta para regressar!

domingo, 19 de julho de 2020

Voei sem ter Asas



A semana foi chuvosa e muito húmida.
As montanhas soltaram toda a água que se acumulou e encharcou os caminhos serpenteados, que levam a toda a parte deste paraíso natural.
Hoje o sol despontou!
Com tanta raiva como se reivindicasse, o momento estival como dele e afagou as folhas soltas dos trilhos deixando que os meus tênis, não se enterrassem na lama já meia enxuta e encurricada.
Hoje senti-me voar mesmo não tendo asas!
Senti-me no cimo das montanhas para conhecer como elas olham para onde   repousa o meu cansaço e a minha saudade.
Onde repousa o meu presente e se abre o meu futuro.
Mas quis ir mais longe!
Voei até ao pico do céu e deslumbrado fiquei com a beleza do seu infinito.
Tive tempo de colocar nomes às nuvens e as que se cruzaram comigo foram batizadas com os nomes dos aeroportos já conhecidos.
Porque é o céu que me guia de regresso a casa e de volta a este cantinho.
Aterrei na minha varanda num fim de tarde ameno, com um jantar pleno!




domingo, 28 de junho de 2020

Da prancha sem heroísmo



A noite foi chuvosa e iluminada pela luz intensa dos raios assustadores que desenhavam linhas no céu escuro, como o destino que está traçado nas linhas das nossas mãos.
Pela manhã voltou o calor que sufoca a necessidade de respirar e só no arvoredo maciço, se busca o limpar do catarro maldito.
Caminhei tão rente ão lago, que os pés sentiam o húmido das folhas oferecendo-lhe a  suavidade do que busquei do nada.
A prancha dos mais afoitos em espaldar-se na água, estava convidamente adormecida. O ranger do seu balanço, era o silêncio da minha passagem.
Olhei-a por momentos e em segundos mergulhei num impulso!
Mergulhei no vazio do meu pensamento e o choque da água fria foi, o entupir o meu espírito.
Senti o meu regresso à tona sem sair do tronco redondo que servia de banco. Onde imaginava, todo este balanço.
Senti a pressão da água a reduzir a violação  da sua transparência e o lodo cobriu o meu inspirar, enquanto o meu mergulho se reduzia ao estático da gravidade.
Senti que quando mesmo jovem, os meus mergulhos eram rasos e curtos. Para rapidamente regressar à segurança do baixio dado que heróis, têm o mundo cravados em lápides húmidas de lágrimas escuras.
Dos trinta graus de ontem, aos de hoje. Só a frescura da água a cheirar ao húmido da terra, oferece a tranquilidade e a paz que mereço!
E continuo a gostar os dias para voltar à terra prometida!

sábado, 20 de junho de 2020

Cortei três fatias


A tarde está amena com toda a frescura para curar as mazelas da semana.
A varanda oferece-me o espaço para sorrir enquanto escrevo, porque nada devo.
Estou apaixonado pelo que me rodeia e pelo que penetrou no coração.
Espero ardentemente que as férias por fim cheguem, antes que se volte a fechar o país ao mundo. Para abraçar quem me acolheu nos seus braços, quando já nem descobria onde descansar o meu cansaço.
Cortei três fatias de pão broa e pinceleias com manteiga.
Tão fofinho, tão apetitoso que delícia!
Recuei muitos anos para voltar a sentir esse gostinho!
De pequenino era o que me valia. Agora oferece-me a primazia de recuar o tempo e sentir com o mesmo sorriso, a sensação de algo que recorda duas fases distintas da minha grata vida.
Pequenos pormenores, que me faíscam nas memórias.
O tempo arrefece e a frescura deixa de ser tônico.
Tempo de preparar o jantar e sentir que apesar de a vida serem dois dias, oferece sempre uma oportunidade para conseguirmos dar aos sonhos que partilhamos, a realeza que desejamos!


sábado, 13 de junho de 2020

Calor sem frescura


O calor abafava o pensamento e restringia a disposição para uma sesta já normal.
O almoço foi intenso e o vinho morno e doce acompanhou a intensidade da sofreguidão.
Nada melhor que caminhar ao longo das margens do lago para que a frescura aliviasse o calor interno.
Mas o calor abafava qualquer abertura sem, uma aragem para fazer correr a frescura.
Nisto encontrei um poiso onde podia sentir a humidade da erva das chuvas da véspera e o leve riscar na pele que elas me faziam.
Que sensação esticar o corpo naquele ninho verdejante mais se assemelhando, à toca do Aladino onde me ditava através do esfregar a lamparina. O meu destino.
Permaneci um bom bocado dos meus sonhos e dos ainda quentes momentos. Estirado naquele bunker verdejante.
Contei por minutos as folhas que faziam de teto a esta casa das bonecas, se fossem meninas que cá estivessem.
Contei por minutos os passos no trilho ao lado. Mas nesses minutos ninguém deu sinal de vida, nem as folhas caídas, sofreram qualquer peso no seu extenso manto caído.
Contei por minutos, o tempo que lá permanecia!
Cinco, dez. Mais de uma dúzia, talvez uma meia hora.
Regressei de encontro ao lago e no estrado em madeira, sentei-me enfiando os pés na borda da água até que os senti frios, o que me refrescou o espírito!





quinta-feira, 11 de junho de 2020

Tanta esperança


O belo do que fazemos é hoje o mais natural.
Por momentos vira rotina, numa roda viva a cheirar a verde. Mas com tanta esperança.
O extraordinário é como o conseguimos.
Que armas usamos?
O charme que nos saiu das entranhas que nasceu connosco.
O doce timbre da nossa expressiva beleza intelectual.
A franqueza que brota da nossa sinceridade.
E se é extraordinário, é muito íntimo e só nosso!
Afagando-nos de segurança, para que a saudade seja expelida e o mergulho nos esbordantes desejos. Seja a nossa piscina!!

sábado, 6 de junho de 2020

Sonhos ultrapassados



Sinto a imensidão do sossego.
Do levissímo correr da água do regato.
Do sussurro do vento no rosto, trazendo-me o aroma dos campos tão verdes, que mais apetece deitar neles e olhar o céu do limite do chão.
E a emoção do chilrrear minúsculo da passarada que se aventura a saltar dos ninhos. Faz-me ajoelhar para lhes oferecer o grito da esperança, que é o seu desafio para procurar o caminho para a sobrevivência.
Os minutos passam como dez passadas, pelos trilhos das montanhas. Densos, agora que o Verão se aproxima e os rebentos camuflaram as árvores inundando os passos de vegetação, que só os braços as afastam para ver fugasmente a galopada veloz, dos animais que nada desejam de nós!
As horas voaram com as centenas de passadas.
Num percurso suave que me trouxe de volta a casa.
Tenho o espírito purificado pela natureza ao pé da porta.
Tenho os sonhos ultrapassados dado que, os meus olhos vêem o que por vezes os sonhos não alcançam.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Juntamo-nos



Juntamo-nos numa mesa de madeira com vinte metros de rostos conhecidos.
Juntos batalhamos todos os dias e no fim de cada um deles. Levamos para casa a certeza de terminar o que no início, nos foi destinado.
Juntamo-nos, numa mesa de vinte metros com louça descartável e carne bem assada.
Mas a fome era demasiada que numa corrida chegaram dez quilos de porca austríaca já chafurdada, com o molho que dá sede e falar demasiado.
Juntamo-nos numa mesa de vinte metros. Jovens e menos jovens, uriundos de vários países.
A maioria fala o alemão e os restantes o austríaco calão. Nós rimo-nos quando não entendemos e gesticulamos para nos entenderem. Mas somos os melhores, na grande máquina, que mais parece um comboio.
Juntamo-nos numa mesa de vinte metros. Recordam-se momentos dos três anos que já cá estamos.
Chegamos com uma mão à frente e outra atrás e hoje batem-nos palmas pela qualidade das vigas e dos pilares.
Juntamo-nos numa mesa de vinte metros.
Já não é a primeira vez que acontece!
São momentos que ajudam a criar espírito de grupo. E é agradável sentir o relaxe, fora da competibilide produtiva!
Para o ano continuaremos a sentar-nos numa mesa de madeira de mais de vinte metros!




domingo, 17 de maio de 2020

Abriram as Portas



Por fim, tudo praticamente abriu as portas de par em par!
As esplanadas ganharam humanos que não tardaram em pintar as mesas de cores luxuriantes, com o brilho das suas roupas e o tinto dos seus cabelos.
Fui cortar o cabelo.
Mais de três meses que cresceu num ambiente de inquietação viral.
Pente quatro para renovar a esperança e como não sou abonado de gorduras e músculos. Pareço um trinca espinhas ( como me desafiavam de miúdo). Mas pronto para derrubar a ansiedade de ainda tanto tempo faltar, para regressar ao lar!
Foi fantástico ver a cidade surgir engalanada, depois de se fecharem dias a fio num terror, que levou muitas vidas a terminarem a sua alegria.
Voltou de novo o fôlego para vencer todos os desafios.
Voltou de novo, a certeza  que vencemos a pandemia.
Voltou de novo a esperança de regressar a casa num espaço curto.
Voltou, porque sempre voltou. O pão nosso de cada dia. Daqui a umas horas não tarda nada!
Mas a semana é curta, só até quarta! Será brindada com um churrasco nas portas da fábrica.
Estes austríacos são frios! Pouco habituados ao despir da camisola dos portugueses. Mas de vez em quando, arreguilam os dentes e toca a estender a carne no assador!
Estão contentes conosco e nós sabemos que temos o futuro pela frente!

sábado, 9 de maio de 2020

A porta da Cabana


A noite espelha a saudade que sempre fica para trás, quando parto desvairado, para as montanhas sagradas.
Como se não bastasse, o mundo resolveu tossir em uníssono e parte dele engoliu o vírus. Deixando rastos de morte, em corpos escondidos em valas comuns, ou em funerais à porta fechada. Aferrolhando mais ainda, a esperança de poder ver e sentir o espelho da minha alma. Que se iam juntar, na minha cabana.
As montanhas iam presenciar o amor que ia cá repousar uns dias.
E iriam se abrir de par em par. Numa cratera infinita para no fim se fechar e almofadar o amor, que não podia pairar no ar.
Iriam dias depois, embelezar os canteiros calcorreados pelos humanos nas caminhadas relaxadas. De divinais flores, que soltariam o exilir do nosso amor, como o perfume para tonificar o resto das suas vidas.
Iria ser uma romaria de milhares de corações famintos, na procura das divinais flores. Para que os seus corações passassem a exigir um amor que lhes oferecessem a batida maravilhosa para toda a vida.
Do sonho à realidade foi um raio de ansiedade e num dia como já tantos passados aqui. Ele apareceu, batendo na porta da cabana!









Manhã perfeita


A manhã acordou o meu sono profundo, mas a preguiça manteve-se já que o fim de semana batia na porta.
Levantei-me com o dia perfeito.
Uma aragem enviada pelas montanhas, mantinha a manhã tão fresca e até as aves se silenciaram por momentos, para elas mesmas, sentirem o ícone da primavera.
Almoçei na varanda.
A minha varanda. O meu canto dos sonhos proféticos!
Por momentos senti a perfeição percorrer o meu corpo.
A minha visão alcansava a consolação!
Tudo estava como Deus criou.
Tudo estava como a Natureza moldou.
Tudo estava como se encontrava o meu espírito.


domingo, 3 de maio de 2020

Vá para fora bem dentro


O isolamento na fuga ao espírito maligno, obriga-me a procurar o conforto dentro do espaço que é meu!
Reservei a minha varanda, sítio ideal para sentir a paz e o sossego, que isola qualquer interferência maléfica.
Em frente tem a árvore já florida, onde os melros, se juntam e criam a melrada barulhenta, que chilrreiam todo o dia.
Já tenho salsa plantada.
Um ameiro, que arranquei junto ao riacho que procuro a frescura no verão e, incrível, uma varita de oitenta centímetros, já tem rebentos de fazer brilhar os olhos.
O meu retiro.
O meu poiso dos sonhos.
 O meu resguardo, vivendo os momentos e sentindo que os dias passam e o que desejo a vista não tarda, alcansa.
São três anos neste local!
Já dei nomes às montanhas que me rodeiam.
Já me embraio, pela mata e encontro os afluentes que tanto serpenteiam para o rio grande, como os que desaguam na estrada secundária, que me leva a casa.
Os vizinhos acenam na cordialidade habitual.
Tirando isso, o silêncio e o sossego, só é quebrado pela barafunda das aves, na azáfama para alimentar as crias!



sábado, 4 de abril de 2020

A máscara


Levantei-me, depois de ultrapassar a hora do despertador.
Que suavidade de espírito sentir que o fim-de- semana chegou, para me esticar ao comprido.
Ainda a manhã deixava as ruas desertas já eu caminhava para as compras da semana que me defendem da semana: casa, trabalho. Que evitam respirações malévolas.
Entrei no SPAR, hiper cá da cidade e logo uma funcionária me ofereceu a máscara para percorrer as prateleiras do meu consumo, num protege e és protegido!
Antes um funcionário, passava álcool nos carros que acabaram de ser usados e são resguardados para quem chega.
Raio de vírus, que afastas- te, a alegria do mano a mano diário!
Terminaram os sorrisos de boas vindas.
Findaram as saudações de quem é bem vindo.
E afastaram simétricamente desenhadas na tijoleira da superfície.
As pessoas que trocavam alegres frases enquanto na fila aguardavam pela vez de   ao chegar ao caixa e sentirem o sorriso da menina com o cabelo pintado como um arco íris. Agora amortalhado pela máscara obrigatória.
Estamos no pico da pandemia!
Estamos no pico de tudo ser feito para aniquilar este demónio!
Estamos no pico de sentirmos que somos inteligentes para cumprir as normas e logo logo. Voltarmos a retirar a máscara e sorrirmos para o céu azul e para os nossos queridos!
Tenho fé, tenho fezada, tenho a certeza. Que ainda as barracas do sector 2 da praia que me acolheu ainda nem um passa dava. Me vão acolher de calçado de banho e toalha!


sexta-feira, 13 de março de 2020

Cronovirus19



Nasci na graça do senhor, como dizia a minha avó, na década de sessenta já nos seus últimos anos.
A Europa vivia a luta pela liberdade e o mundo lutava pela igualdade.
E tudo isto passei, por entre fraldas presas ao alfinete de larga cabeça e, aprendendo dando dois passos, preparando-me para enfrentar o mundo.
Veio o vinte e cinco de abril e ainda só rasgava os joelhos depois das calças desmembradas, nas jogatanas da bola. Essa a minha preocupação, mal sabendo que o meu país cantava em euforia, o feito de conquistar, a liberdade e a glória!
Aumentei de peso e idade e por mero acaso, ouvia que o mundo vivia o flagelo da droga e que ela podia estar ao pé da porta.
Aguentava as tareias da mãe e isso já era dor suficiente para me preocupar da dor do mundo, que me rodeava.
Casei, já de braços dados pelo rebento prestes a nascer, numa época que saltei a fronteira da vila que me viu nascer e pousei num país que me viu a sonhar por ele.
Um sonho por fim tornado realidade.
Quando ouvi bocas a decifrar frases numa língua que não estava habituado
A família cresceu, a vida corria como os ribeiros. Ora com muita, ora com pouca água dependendo das tempestades sazonais do psíquico humano.
A família desmembrou-se, fruto da crise social mundial, e humana entre portas. E num flach momentâneo, encontrei-me tão só no mundo que, fugi para consquistar novo mundo!
Saltei fronteiras, estilhacei lágrimas revoltadas de encontro ao rosto recequido.
E entrei em meio século de vida, ciente que em muitos casos, a sacana da vida tinha sido bem madrasta.
Mas tinha uma vida pela frente, onde só eu mandava em mim.
Pensei que conquistei os meus sonhos ao deixar a minha freguesia desde que nasci, trocando-a pela paredes meias, que em dois passos transponho. E assim viveria o resto dos meus longos anos.
Mas qual o espanto?
Ainda tinha que sobrar para mim a pandemia do início do novo milénio e o mundo já desepera numa quarentena alarmante. Que já mata gente nos quatro cantos do mundo. Como formigas calcadas por pés humanos famintos, por encher os lares de papel higiénico para isolar!
Eis o cronovirus19!!!








sábado, 7 de março de 2020

Do céu ao Inferno


Da glória, ao fora!
Um clube é o espelho dos seus apoiantes.
Um clube é grandioso pelo apoio das suas massas.
Um clube tem a obrigação de lutar pelos louros conquistados.
Um clube tem a obrigação de idolatrar, como afastar. Quem viveu um conto de fadas.
Um clube tem de viver ao lado dos seus adeptos e levantar a bandeira da vitória.
Um clube não se pode arrastar pelos relvados depois, de se distanciar no caminho da vitória.
Um clube que arrasta multidões não pode deixar fugir por entre os dedos o suor de conquistas que tantas alegrias ofereceu.
A vida são derrotas e vitórias. Mas subindo o pedestral da glória, são se pode deixar cair na ribanceira da incrível, inimaginável, tão recente derrota!
Fora, antes que a crença na vitória demore anos de insónias!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

De novo a Retoma


Depois de dois meses voltei a deixar o meu país e regressar a uma Áustria, que se torna terrível a cada viagem que para lá me leva.
Os dias que a antecede, são dias dolorosos com lágrimas contraidas para não derramar a nostalgia e a ansiedade escondida.
São horas infinitas com desenhos no cérebro sem nexo, a mascarar o momento.
Parti à uns anos sem rumo. Procurando o meu EU, na penumbra de outro país.
Hoje encontrei-me com os meus sonhos e agarrei outro lar.
Deixar esse lar está a custar muito mais do que conquisto.
Porque esse lar tem amor!
Possui os sorrisos que me tornam por vezes menino.
Liberta o perfume da pureza já tão difícil de sentir.
E oferece-me a paz e o sossego, que tanto pedi para alcançar.
Alcansei a idade de merecer pelo que lutava. Por isso tenho que viver dia a dia, para sentir os carinhos iluminados que nestes dias, a cada hora, se soltavam em cada canto do lar.
São escalas de aeroporto em aeroporto. Que tornam ainda mais fatigante a ansiedade a ser ultrapassada.
São horas a ver o céu igual ao que povoa o meu lar, mas a levar-me para outro lugar.
E já ultrapassou dois mil quinhentos dias que a Europa me acolheu para fortalecer a sua economia.
Sinto que tenho que terminar, com o estar longe, que me retira do tão perto.
Sinto tanto isso, que já me escondo no escuro das portadas em grossa madeira, para que o dia se vá e, só volte com outro dia.
Assim, mais rápido estou onde sinto que renasci!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Vale Tudo


O futebol em Portugal é uma adrenalina perigosíssima!
Os adeptos não têm a menor ideia com que armas se tenta vencer.
Vale tudo!
Vale o enforcamento de espantalhos com cores do inimigo e derrubar instalações das casas bem perto do palco onde vai rolar a bola.
Vale uma vitória como se fosse a glória, quando foram só três pontos a encurtar a distância para quatro.
Vale soltar dentes numa mocada que nem suavemente foi sancionada.
Veio depois a gritaria por um segundo amarelo que daria a expulsão, do homem em questão.
E os dentes ficaram no relvado já enterrados, pelas botas da sofreguidão.
Vale um penalty, antes de um empurrão claro como as luzes da torre bem próximo.
Vale o golo na própria baliza num momento difícil para ditar o resultado final.
Vale o abraço ao quarto árbitro, quem sabe trocado na emoção do abraço, ao que, de direito teria dedicação.
Vale o encurtar do resultado, para que emoção no resultado prevaleça até final!
Vale o que não trouxe resultados. Três potentes avançados, para empatar o resultado.
Vale a alegria estampada nos rostos dos dragões aliviados que irão ter campeonato até que os encarnados escorregam num clube a cair para o abismo.
Vale o que se esconde por dentro!
A louca máfia do futebol, que faz esquecer os graves problemas de um país. Que consegue ter um futebol a abarrotar de barris de pólvora e euros sem fim!
Vale o que não deveria valer!!!



sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O mar e as fanecas



Finalmente fui ver o mar!
Calmo e sereno. Com um punhado de pescadores a aproveitar a subida lenta da maré, para sacar uns peixes que regressam ao conforto dos penedos na busca da bucha para o seu crescimento.
Eles lançam, eles recolhem e nada na bucha dos seus anzois.
Caminhei um pouco, agora que recupero da cirurgia dolorosa.
Longos dias fechado. Longos dias sem respirar o ar que expulsa o sabor cirúrgico. Foi agradável, sentir o ar marítimo e o iodo como brisa.
Foram poucos minutos. Foram longos momentos que o meu corpo sentiu a calma tarde num trajeto tão querido.
Regressei já com dores. Normal dizem os entendidos e que ainda me espera muitos mais, numa recuperação demorada.
Mas o sorriso voltou!
Estou amparado por uma alma bendita. Que tudo me oferece, esquecendo tempos que me via só, tão longe e tão perto.
Tanto amor que envergonha meu espírito, de tanto oferecer e a nada receber!
Nisto olhando as bancas do peixe que durante a manhã foi recolhido pelos habituais consumidores, reparei nas fanecas  gorduchas que me agitaram o estômago para uma ceia de desejos.