quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Porquê.....




Porquê que não posso viver um amor que encontrei
Porquê que não posso ser feliz
Porquê que estou tão longe de um abraço estendido
Porquê que tenho insónias, pela madrugada fora

Porquê que suporto estar longe
De desejos nunca antes partilhados
Serão os três queridos filhotes?
Que deixei junto à minha horta cultivada.

Porquê que suporto as redes,
que amparam as minhas quedas.
Se a cada hora desfaleço
E projecto-me para o vazio

Porquê que não tenho data
Para terminar este suplício
Encho o saco como me jogaram na cara
E esvazio o coração de energias

Porquê que não posso viver um amor que encontrei
Porquê que não posso ser feliz
No meio desta natureza sem fim
Que não tem respostas para mim!




A dona é Russa




O sol abre embrulhado na neblina do pinhal denso, em mais uma casa para vivermos. Numa procura das condições ideais para descansar e procurar estarmos leves e frescos, no dia seguinte pela madrugada.
É uma casa escondida, por entre pinhal compacto.
Rodeada por um jardim, com uma vista magnífica para a cidade bem no fundo do vale.
A dona é russa!
Mas não é burra. E deu-nos a volta esticando o espaço de seis, para o cubículo de
oito. E como somos bem compostos dos pés à cabeça, vivemos entalados.
A net engana com fotos de encher o olho e quando cá chegamos, o olho torna-se embaciado para enfrentar a realidade.
Claro que estamos a tratar de levantar o acampamento e procurar outro poiso para estarmos mais cómodos e satisfeitos.
Enquanto isso não sucede e como tudo não é assim tão mau. E a semana já está paga. Desfruto a paisagem neste dia de pausa do trabalho e aproveito para conhecer mais um lugar bem junto á fronteira com a Republica Checa, que não tarda nada, dou lá um salto para conhecer outros costumes.
O almoço é arroz de lulas, está uma delícia e o vinho mexicano que já o estou a saborear, com um chouriço espanhol, como petisco.
Olho pela vidraça e o sol já se escondeu, hoje não tem a força de outros dias para romper qualquer neblina.
Estão a correr bem estes dias depois de uma tempestade de sensações, onde o stress imperou e as saudades vincaram bem este corpo.
Amanhã será o dia de tudo ficar como o responsável deseja, já que na sexta é feriado por estas bandas e no sábado vai-se fazer outra pausa.
Vem mesmo a propósito estes dias, depois de muita correria pelas obras. Que meteram viagens longas de ida e volta e troca de colchões em noites de algumas insónias.
Como não tenho um sorriso para encantar este lugar, fico-me por recordações de longínquos olhares!



domingo, 27 de outubro de 2013

Amar-te










Amar é querer fazer do longe o perto.
 É querer ter-te aqui, junto a mim
 Onde o tempo sorri e parece que não corre
Onde somos os dois e nada mais importa.

 Amar-te é pertencer-te,
ainda que na distancia dos nossos corpos.
Mas com os corações tão perto
Que o sangue se funde no caminho certo

Amar-te é querer-te comigo. Hoje e sempre.
 Nem que o sempre não seja para sempre.
Porque cada momento é tao intenso,
que nem a vida supera tamanho atrevimento

Amar-te é um dia falar de ti aos meus netos
Contar-lhes como, com certeza,
na maravilha da Natureza
 Foste a mulher que amei mais profundamente.

As Malas sempre Prontas




  
Adormeci com a chuva penetrada no corpo.
Enquanto regressava de umas horas a desgastar o que a semana infiltrou neste corpo (e não foi pouco). Caminhando lado a lado com a amizade de quem me acompanha, desde que aqui cheguei.
 Onde cada dia era uma enrodilhada de ordens e decisões.
Terminando na recolha das malas, para cavalgar quilómetros e quilómetros, acudindo a aflições para terminar fendas e assim agasalhando pavilhões.
Acordei banhado em insónias.
Agastado com mesquinhices saloias e ciúmes parolos. De quem nutro sentimentos profundos, que caminham no meu dia-a-dia.
Mas como em tudo na vida, não podemos ser perfeitos.
Nem desejar a quem está do outro lado da barricada, a resguardar-nos os custados, que abra os olhos para a realidade. Seja ela profissional, ou sentimental.
Um duplo café trouxe-me de volta.
É mesmo necessário um duplo café, feito à minha maneira. Cheirando aos tempos da avó, que pacientemente sentada ao calor do fogão a lenha, mantinha a cafeteira a transbordar deste néctar que tanto me saboreia.
Não tarda, estou de mala às costas.
Assim será!
Serão mais uns largos quilómetros a caminho do outro lado deste país, continuando o trabalho que me trouxe para cá. E retribuindo o meu esforço com o sustento dos catraios e sobrando algum para o meu país usurpar. Mesmo eu fora dele, obrigado a saltar barreiras impostas por governos que destruíram a alegria de um sorriso na face de milhões de Portugueses.
O dia está fresco, agradável para viajar.
Irei encontrar e observar quilómetros de campos e campos preparados para a neve que não tarda.
Irei, nunca me canso de o dizer, deslumbrar com a força deste país. Que respira saúde economicamente, oferecendo o tal sorriso ao povo que se cruza com imigrantes de vários países e de idiomas, que mais se assemelham a linhas cruzadas num vendaval martirizado.
Mais um Domingo olha para mim. Querendo dizer-me que o tempo passa e com ele vem o reencontro, com o que me está guardado no coração.
Acabo de receber uma boa notícia. Só viajaremos amanhã.
Que maravilha!
Assim vou ter um Domingo para fazer o que me der na gana.
Longe mas tão perto de todos!