quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Serei sempre o Padrinho





Hoje lembrei-me do meu afilhado!
Estava a meio do dia do meu trabalho e ao sair do enorme edifício onde esfolo o corpo, mas com um sorriso no rosto. Sentei-me no banco de madeira que rodeia o bar, curtindo o sol maravilhoso na pausa da bucha. Depois de trinchar duas sandes de presunto.
O sol, não derretia a neve da véspera. Caiu forte como uma tempestade e obrigou-me a enterrar as botas até aos joelhos e se não fosse o local onde trabalho abrigado, nem de casa saia.
Faz anos o petiz!
A última vez que o vi, tinha barba de homem rijo, mas não passa de um menino!
Prometo-lhe que nos vamos encontrar, mas fica sempre nas promessas e nem vejo o miúdo crescer e tornar-se um rapagão de barba feita.
Meto o capuz na cabeça para sossegar o calor do sol, não vá fazer mal a esta cabeça farta de divagações.
E volto a pensar no afilhado!
Será que sou um padrinho desejado? Ou simplesmente o escolhido, numa altura que era mesmo o indicado?
Deixemos isso para trás das costas e uma certeza é absoluta!
Ele sabe onde me encontrar. Eu sempre saberei, guardar-lhe um lugar!
O tempo voou, a hora chegou!
Despedi-me do sol e do dia belo e magnífico, para voltar ao meu ofício.
Mas levei o puto já crescido, no meu pensamento.
Parabéns Hugo!

sábado, 20 de janeiro de 2018

O Branco tão belo, que a noite escondia de Mim




De Segunda a Sexta, levantava-me ainda de noite e chegava já era noite.
Num turbilhão de subidas e descidas em trincheiras blindadas. De idas e voltas sem fim.
 Longas horas sem parança. E só, a pausa despertava, para o descanso merecido. E muitas vezes esquecido, dado o empenho no trabalho exercido.
Regressava de mochila ao ombro com cores garridas, para me lembrar dos miúdos bem distantes, quando os levava à escola soltando um beijo tão rápido, que quando abria os olhos, já os via bem junto à entrada da sala dizendo-me adeus pelas janela de madeira, carcomida pelo tempo.
 Hoje, levantei-me de noite e por fim cheguei, com dia. Depois de mais uma tarefa comprida, abrigado do frio, apesar de estar rodeado pelas enormes montanhas sem viva alma à vista.
 Abri as portas da varanda e vi?
O branco tão belo, que a noite escondia de mim!
Abri os olhos de alegria.
Como é maravilhoso regressar ao quente do lar e por momentos saborear esta beleza imaculada, que se estende por este país, que solta melodias infinitas. Idolatradas pelos séculos já calcorreados e irão se perlongar pelo caminhar do nosso destino.
Por fim agarro o meu fim-de-semana!
Necessito de descanso do que mais nada.
Apetece-me pisar a neve que já alcança uns bons vinte centímetros e enterrar as botas para sentir o frio na pele dorida pela semana, que só agora terminou!

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Momento a Momento




Ofereceste-me o teu EU!
Não sei se ocasional, ou simplesmente porque era finalmente real.
Soltaste-te de uma forma surpreendente. Que me deixou feliz, enquanto durou a tua alegria ardente.
Acredito nos momentos!
São eles, a fonte da minha sede em viver. Porque refletem, a emoção que crio em mim e que transporto a quem me segue bem longe, a ansiedade de me ver, quando lhes apareço bem perto do seu nariz.
É maravilhoso aquele encontro!
Do nada, acontece o inexplicável.
Do pouco, surge o maravilhoso.
No tempo que estamos juntos, oferecemos o que juntos, desejamos.
Demais! Em tão pouco tempo, que ao acordar pensamos que o sonho tomou conta da nossa realidade.
Mas cada um, gere esse momento.
Cada um no seu canto, reflete nos acontecimentos ainda bem quentes e como o malmequer insinua, a vida não augura, bem-me-quer que perdure!
Dei por mim, de volta a casa. Depois de percorrer seis países.
Com neve a triturar o meu caminho.
Chuva intensa a, ensopar o meu destino.
Noite escura a, adormecer o meu tino.
Frio alpino a, enregelar o meu espirito.
Finalmente, reconheci o meu abrigo. Onde me receberam, pensando que regressava feliz.
E regressei! Por momentos.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Regressei com um amargo Sabor





Por fim, regressei!
Depois de alguns dias, perto dos meus miúdos que fizeram questão de estar comigo, sentindo o carinho desde meninos que o pai lhes dedicou. E hoje bem longe, apressam-se a vir ter comigo, ainda as malas fervilham de imensas saudades.
Carregava imensas sensações para encher os dias perto do meu país, que me obrigou a partir, numa fase de fechar os olhos ao seu povo. Que em muitos anos o iludiu com o novo mundo e a dado momento, o escorraçou para se fazer à vida fora do seu domínio, onde nem a si país, tinha rumo!
Os dias passaram com as motivações a dissiparem-se. Porque a alegria do meu país, continua infelizmente negativa e reflete-se no povo que me aparece.
Só encontrei pessoas resignadas à sua sorte e fechadas no cubículo da rotina diária.
Sem forças para abraçar mesmo por momentos, a alegria de viverem horas felizes. Oferecidas de bandeja, por quem carregava o corpo de saudades efervescentes tão audíveis, que ao longe eram bem evidentes.
Por isso regressei à hora marcada, com um esgar de um ligeiro desânimo. Ansioso para voltar ao meu segundo lar e encontrei intacto o meu canto belo e acolhedor, tão longe do que me viu crescer.
As montanhas saudaram-me, já despidas do manto branco, pelas lágrimas da minha ausência.
A cada metro percorrido era saudado pela beleza do dia.
O sol resolveu felicitar-me e a Natureza oferecia-me toda a sua beleza.
O Inverno por momentos deu lugar à Primavera que ainda demora e cheguei a casa com a porta escancarada. Dando-me as boas vindas, para um novo ano que positivamente se anuncia.
Não faltaram amigos. Não faltaram presentes. Não faltaram motivações de acolhimento.
É por cá que neste momento encontro o meu canto, para falar bem alto e receber como por encanto, a Paz que procuro
Por meses, vou estar em casa!