sábado, 23 de fevereiro de 2019

Um simples Gesto



Queremos viver o momento. A oportunidade.
Os dias que temos perto de um porto de abrigo. 
Um porto, com um calor puro que nos faz balançar o pensamento. Já turvo de tantos anos, meio confuso.
A dádiva é loucamente amorosa que me estremece os movimentos.
E obriga-me a dar de mim tudo o que o meu corpo acumulou nestes anos que alguém me escondeu.
Um simples gesto que nasceu comigo, desencadeia sensações que quando me atingem, explodem em orgasmos incontidos.
Um beijo longo e abocanhado. Vibra o meu consciente e conduz-me ao prazer permanente.
Um olhar carinhoso, junto com um sorriso bondoso. Atira-me para esse corpo fomento. De desejos ardentes e de uma entrega  eloquente.
Um corpo unido ao meu. Rebenta com as barreiras ancestrais e afunda-se no prazer desejado e na paixão arborchada.
Paro no tempo.
Paro no momento!
Paro no banal da vida e Inspiro a divinal melodia, que o meu corpo transpira

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Sinto o rabo dorido



Os caminhos ainda estão a impedir os passeios de Domingo.
Mas a beleza do espaço, traduz a felicidade em sentir bem de perto, este branco cristalino, que cobre os campos quase sem fim!
O ar é tão puro e frio,  que faz estremecer as narinas.
Mas limpa as impurezas do dia a dia. Fazendo renascer os órgãos já desgastados, após abusos de muitos anos.
Caminhei enquanto o terreno o possibilitou, completamente só!
O sol era o meu guarda e num brilho que fazia recordar o Verão, levantei o meu sorriso e quem me visse, diria que eu era um menino!
Brinquei com a neve.
Brinquei com a minha estampada alegria.
Brinquei com exagero e estendi-me ao comprido. Já que caminhava de sapatilhas.
Agora sinto o rabo dorido.
Por vezes, sou louco varrido!
Dei meia volta e regressei ao quarto quente.
Mas da janela da varanda deitado, consigo admirar o sol a esconder-se para lá das montanhas e o aproximar da noite. Que me vai trazer, mais uma semana de branco, pelos olhos dentro!

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Falta-me algo


Falta me sempre algo!
Falta-me o algo com que nasci!
Falta-me o sorriso lá longe.
O olhar tão terno bem longe.
O amor tão puro cada vez mais longe.
Falta-me por aqui,  onde tenho a beleza da Natureza no seu esplendor todo ano. O que deixei demasiado longe!
Falta-me por aqui, onde gosto de trabalhar, não nasci para estar parado. No meio de linguagem confusa e atitudes infantis, de homens adultos.
O que deixei a cada dia que passa, terrivelmente muito longe.
Falta-me ao fim de semana, onde a janela por cima do meu leito e a porta da eterna varanda. Me obriga a olhar para lá das brancas montanhas. O consolo que só se encontra, ultrapassando meia dúzia de fronteiras.
Falta-me sempre algo!
Ainda bem senão sería infeliz!

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Custa-me


Estou só neste quarto quentinho. Já que lá fora está tudo branquinho!
Não para de nevar e mesmo neste quentinho, sinto-me só!
Refugio-me na música e as horas vão passando, para que o dia se vá e traga mais uma semana, encurtando a chegada para abraçar a saudade.
É terrível, é de uma dor que de tão mediana com o tempo, corrói até a alma.
Agora custa-me estar cá!
Agora,  que adquiri a minha liberdade e cimenteia na direcção do amor. Custa-me sentir o silêncio!
Custa-me sentir a madeira ranger do vento agreste e não ter o carinho e o amor da princesa, que povoa o nosso ninho. Agora, sem parte do nosso amor.
Custa-me enfrentar este meu destino ( que é o paraíso, para quem até agora vivia para encontrar a aurora). Já que alcancei o apogeu do bem estar, que Deus me ofereceu!
Claro, que são as lamechices do costume!
Choro com a barriga cheia. Tenho o que meio mundo anseia.
Mesmo longe, tenho uma parte que me realiza.
Perto, tenho o coração em alegria!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O céu não é Infinito



Vivi momentos, que só por momentos, a vida nos oferece numa oportunidade!
Entreguei-me sequioso ao desafio de uma noite, que sempre penso, como sendo a última e nesse pensamento. Percorro as entranhas de um ser como a certeza, de ter alcançado, o que nasceu comigo e que como tão evidente que era. Me era sistematicamente negado.
De uma noite, contei outras mais.
Todas enfeitadas com lamparinas em redor do nosso espaço.
Os nossos corpos embrulhavam-se de tal forma, que as paredes brancas esculpiram a nossa sombra, de uma beleza de autêntica realeza.
Do sonho à realidade, saltei de uma noite, para noites que galgaram os dias.
E enquanto as lamparinas não extinguissem a luz, que projetavam as nossas sombras para sempre nas paredes do teu ninho.
Dávamos voz aos nossos corpos, para se transformarem num novelo  esfrangalhado, tal a ânsia em serem amados.
Quando a luz do dia, abriu-nos os olhos pesados de amor. Demo-nos conta de que já muito céu nos afastava.
Mas como o céu não é infinito. Prometemos um ao outro, que o atravessavamos de uma ponta a outra.