domingo, 31 de julho de 2016

Já fomos Três.




Durmo só, quando já fomos três.
Embora o quarto, agradavelmente espaçoso. Era nítido sentir bem de perto as atribulações de um ou dois, libertando o cérebro preso pelas inquietações.
Viver momentos de cada um, principalmente em noites que lá fora o vento varria qualquer movimento e rangia a janela num silvo tremendo. Com os raios da trovoada a desenhar formas invulgares nas paredes. Fazia-me encolher nas mantas como um menino assustado.  
 Mas só?
 É a liberdade das minhas emoções e tenho sonhos, que decoram as quatro paredes.
É tanto espaço que espalho a roupa pelas camas e por vezes durmo, ora perto da janela para sentir o dia nascer e descerrar-me os olhos para mais rapidamente levantar.
Ou então, bem junto ao fundo do quarto, para que a luz lá fora onde o calor já torra. Não interfira com o prazer em alongar o corpo, pelo correr da manhã.
Pela semana a hora resvala e o corpo reclama.
 São poucas horas para que o corpo relaxe o necessário e o sono alivie o peso do cérebro bem apertado.
No fim dessa louca semana bocejo repetidas vezes com prazer pela cama.
Por isso já é meio-dia e ainda estou de pijama!

sábado, 30 de julho de 2016

O meu Seguidor







Duas horas de viagem, depois de onze horas para concluir o trabalho e o pôr-do-sol aparece-me, acompanhando-me como um anjo da guarda!
Mesmo com as nuvens negras, ele não desprega o olho para me guiar por entre obras que nunca mais acabam. E não descolo o olho dele.
Meia hora passou e, ele aproveitando uma nesga da formosura do céu, oferece-me toda a sua beleza. Mesmo com o dia longo e as notícias das vinte, a desviar a atenção.
Eleva-se mais e mais fugindo ás extensas nuvens negras, dilatando antes de se recolher, toda a alucinante luz, num final de dia magnífico.
 Uma hora depois procura-me por entre as árvores verdes como a esperança. Guiando-me com segurança.
Está omnipresente, acompanhando o serpentear da via rápida, que rasgou o coração da montanha.
No final da viagem, são já vinte e uma e trinta com o cansaço evidente e o estômago estridente. Despediu-se bem longe, antes de mergulhar no outro lado do mundo.



quinta-feira, 28 de julho de 2016

Bichinho Esquisito




Um final de tarde saboreando uma cerveja, pensando na semana que se aproximava e completamente só, falava com os meus botões.
As férias estão próximas e cada dia que passe, é o encurtar das saudades e renasce a esperança de encontrar quem me massaje as mazelas e alivie o cansaço.
Calor abafado e completamente sufocado, aliviava-me com umas cervejitas bem fresquitas.
Nisto algo caiu no meu ombro! Nem sei de onde surgiu. Talvez das árvores bem perto, que davam um pouco de frescura ao local, repleto de pessoas com leque.
Era este bichinho estranho. Que me assustou e desviou-me do marasmo numa tarde que ameaçava trovoada.
Primeiro dei-lhe uma sacudidela. Depois ele caído, tive ganas de o calcar. Mas o meu apego aos bichitos, fez com que o seguisse pelas entranhas das pedritas, que me rodeavam na esplanada.
Bichinho esquisito. Nunca vi um assim.
Tem um cornito azul e o corpo esbranquiçado.
Bichinho estranho!!!!



domingo, 24 de julho de 2016

Oceano Imenso




Espero por ti longos dias antes de te encontrar.
A distância que nos separa são os dias que me retêm por cá. Contando-os minuto a minuto para encurtar o calendário e aproximar-me do teu perfume que afugenta o meu sacrifício, já entranhado há longos anos.
Os dias são tão longos que nem a noite os debanda e logo outro nasce, mas não faz mais do que despejar uma gota no oceano.
Oceano imenso, sem terra à vista.
Milhas sem fim, de desejos estampados na vela rasgada feita de trapos. Que me cobriram o corpo nas longas jornadas. E a minha jangada apodrece antes de encostar à terra prometida descrita nas escrituras dos profetas despidos de utensílios, mas oferecendo a fé como o caminho da saudação.