sexta-feira, 31 de maio de 2019

Hora e Meia







Encontro-me na varanda, numa tarde fresca que escondeu o sol todo o dia!
Mas nem por isso, deixei de ir ao encontro do verde que me rodeia e do castanho que cobre as montanhas!
Subi, subi. Até não encontrar caminho para escalar essas montanhas que não têm fim.
E ao descer é que senti, que a minha ousadia, podia ser perigosa já que um passo em falso, fazia-me rebolar pela encosta a baixo.
Eu já sou o Rambo destes labirintos, muitos deles com enormes troncos que os limitam, depois da grande quantidade de neve que derrubou imensas e graúdas árvores.
E como o solo estava húmido das recentes chuvas, o perigo podia aparecer a mais um passo dado.
Hora meia envolvido neste paraíso completamente à mercê da sua magnitude.
Hora e meia sem ver viva alma.
Hora e meia descobrindo, casas tão belas que me levaram a sonhar serem o meu refúgio final.
Hora e meia, de tantos sítios para estender uma toalha passar umas horas tirando umas sonecas depois de pequenicar. Tão escondido num entrelaçado de ramos virgens, que de certeza surgia o desejo de amar!
Hora e meia, descobrindo flores tão belas silvestres que, formavam o ramo mais belo, da noiva mais divinal.
Hora e meia, de presenciar caracóis gigantes num ritual amoroso sem tempo para se esconderem da minha descoberta. Podera, nem deram por mim.
Hora e meia, que me levou a encontrar a mão do homem já no fim da caminhada. Onde dei por mim a calcar campo lavrado e a ser acarinhado por cabritos amestrados.
Hora e meia. De um silêncio delicioso, que me levou tão longe que nem as enormes montanhas conseguiram impedir, o meu espírito de estar a recordar um paraíso melhor que o que elas vaidosamente apregoam.
Com isso, por vezes, voltava à realidade com uma pinha caída nos costados! 

quinta-feira, 30 de maio de 2019

A Manta


Tenho uma mulher que me ama!
Ama-me tanto, que fico arrepiado por descobrir que alguém ama o Nuno, tão longe dos braços dela e tão perto do coração. Nos poucos momentos, quando atravesso fronteiras.
O amor surge do nada!
Mas o nada tem um percurso maravilhoso. Juntando dois seres que abrem os olhos para iluminar a noite que os cobriu numa manta tão fofa, como o amor que partilharam.
Essa manta é o estandarte da nossa felicidade e guia todos os nossos passos!
Tem os momentos que nos juntaram, quando o céu me fez companhia até aos braços dela.
Tem as marcas do nosso prazer que já desenhou os nossos corpos, no seu estampado florido, tapando-os de olhares invisíveis.
Tem a promessa de nos levar até que um de nós, não possa calçar os chinelos!
Eu misturo-me nesse amor, nessa manta cada vez mais!
São eles que me cobrem de esperança.
De felicidade contida, para que dure toda a vida.
De um agasalho noturno para que durante o dia sorria de alegria.
De sonhar mesmo acordado. De noite, de dia sei lá!

domingo, 26 de maio de 2019

Será isto um Sonho



Encontrei - me com a varanda, agora que o tempo se abriu para a desfrutar.
E depois de uma caminhada por aberturas desconhecidas, nas montanhas que nunca irei ter tempo de conhecer a beleza que oferece. Senti uma fome aliciante!
Virei-me para dois pares de salsichas alemãs bem cozidas. Com mostarda pelo meio.
Salada de feijão com cebola e azeite italiano.
Vinho espanhol que não sobrou pinga.
Um pouco de arroz tailandês e azeitonas portuguesas.
De sobremesa uma banana e três morangos. Terminando no café colombiano.
Estou que nem posso, agora que a noite quer tomar conta da pouca luz que ainda sobeja na varanda.
É um silêncio tão fofo, que nem os chocalhos do gado bem perto o perturba.
Este é o sítio para se ser feliz!
Oferece-me a vontade, a alegria de ir trabalhar com prazer.
E ao voltar,  deitar-me cansadinho e realizado com o dia. Adormecendo ao ouvir as aves, regressando aos seus ninhos.
E levanto-me tão cedo, que só aguardo que o dia finda para que o fim de semana. Me traga mais encanto quando,  entro pelas entranhas destas montanhas fartas de vida!

domingo, 19 de maio de 2019

Da barafunda ao silêncio Matinal




Abri os olhos e senti o silêncio da manhã, ainda nem os pássaros se movimentavam.
Voltei-me para a janela protegida pelas portadas em madeira e voltei a cair no sono vermelho e luminoso, que ainda paira numa festa de loucos.
De novo acordei e a claridade assumia as frinchas deste quarto, que já guarda segredos de quem me ofereceu o que me alimenta. E em troca, ofereci-lhe o que me rodeia.
Agora no silêncio de um Domingo onde todos aproveitam mais umas horas de cama. Procurei ainda mais o silêncio e uma paz refrescante, que convida a sonhar com desejos românticos neste paraíso de encanto!
Embrenhei-me pela mata com o lago a ladear-lha.
O caminho já se salpica de formigas atarefadas e insectos esfomeados.
Procurei que os meus pés não esmagasse essa correria pela sobrevivência e os meus olhos regalavam-se, com a maravilhosa beleza matinal.
Descobri mais caminhos bem no interior do arvoredo, onde o sol ainda não tinha chegado.
A frescura fazia arrepiar o meu pensamento, virado para os momentos vividos recentemente e num sorriso do tamanho deste paraíso que me é oferecido. Voltei a casa esfomeado, porque a felicidade digere o que a festa do glorioso, "obrigou" a brindar !

domingo, 5 de maio de 2019

De novo o Céu


De novo voltei a estar de caras com o céu.
Farto de nuvens enormes brancas, tão baixas que por vezes se esbarravam com o cume das montanhas.
Subi mais e mais e larguei as montanhas, ultrapassando essas nuvens e ficando a dois braços de sentir o azul do céu.
Mais subi, porque, para chegar ao meu destino, andei agarrado a esse céu durante quatro horas.
Senti o céu alemão com nuvens negras, que o branco, só atenuava a vontade de elas descarregaram a saraivada.
O céu holandês, branquinho como bolas do fumo de haxixe, onde libertar uma centena delas é legal e, faz rir.
Foi aí que pousei e voltei a partir!
Larguei o céu por momentos e aguardei três horas rumo ao destino.
O verde enche os campos, com os lagos a desenharem braços enlaçados nos enormes campos. Num emaranhado que vai para além do que a vista alcança.
As casas típicas do país das tulipas, tão ordenadas e colocadas sob esquadria. Lembram os contos de fadas pela beleza que soltam, sob a paisagem maravilhosa.
As estufas são como enormes pavilhões. Não existem os farrapos da têxtil, como se plantam no nosso país.
Mas o arco-íris das tulipas que refletem essas cores em redor das paredes transparentes.
A tarde voa como os aviões que assisto pela vidraça do aeroporto.
Espero com um sorriso, a minha hora de embarcar.
Foi mais um que conheci.
Enorme como uma estação espacial.
As naves vão e vêm.
O mundo encontra-se por aqui.
São tantas vozes em inúmeras línguas, entoando cânticos esquisitos, enquanto correm para encontrar o canto do embarque. Num labirinto de passarele em tijoleira e tapetes rolantes, para os mais desgastados pela vida.
O céu já se esconde na noite que vai tomar conta do nosso destino.
Mas vou continuar a senti-lo e a tocar-lhe com o olhar, da janela que tive a sorte de me oferecer tamanha beleza.
Seja na França ainda a chorar as brasas de Notre-Dame.
Em Espanha vinda de eleições onde ficou tudo como dantes.
E Portugal, onde o partido da família, ameaça terminar essa congregação. Depois dos chamados amigos trairem-no na votação.