quarta-feira, 29 de junho de 2016

Tenho Saudades de ti





Tenho saudades de ti!
De percorrer estradas serpenteadas por vilas sem alma à vista de tão isoladas, mesmo bem perto da algazarra. Para alcançar o teu prazer quando nos amamos.
Tenho saudades de ti!
Do teu corpo enjaulado nos muros altos, esperando que a flor surja pela Primavera, que finalmente me anuncia.
Do teu sorriso divino, constante e penetrante. Mais forte do que a fé em que acredito.
Tenho saudades de ti!
Dos teus ciúmes doentios ingenuamente percebidos, desvairando lanças de fogo, num coração dorido pela ausência.
E os dias tornam-se dolorosamente longos, enquanto não surge a viagem, engaiolado nesta barraca medonha, com fantasmas diários, esperando o toque de retirada.
Tenho saudades de ti!
Do teu rosto como figura de proa, num fio de ouro colado ao pescoço, coberto pelo suor do meu corpo.
Tenho saudades de ti!

terça-feira, 28 de junho de 2016

Os Bacalhoeiros Islândeses





A Islândia fez mais mossa, nos vaidosos ingleses do que o sim à retirada da União Europeia!
Um país onde existem mais vulcões do que jogadores profissionais, bateu-se como bacalhau na brasa e deixou os ingleses a salgarem nos estendais da doca.
Correm o jogo todo com uma determinação de quem adora jogar futebol.
Jogam em equipas secundárias e fazem deste Europeu, a alegria de um conto de fadas real.
Sua Majestade deve estar perplexa e não sabe a quem pedir contas pelos sucessivos abalos que assolaram o castelo, a arrotar de príncipes e principezinhos.
No cobardolas primeiro-ministro já nada consegue. Pediu a demissão em três tempos e fugiu com o rabinho entre as pernas. Sem saber como digerir a derrota do SIM que não foi sopas.
Dos generais da bola ninguém está acessível. O enfarte depois da derrota, deixou um balneário em prantos sem ainda saberem (mesmo já chegados a casa), como uma dúzia de bacalhoeiros, lhes salgou o sonho de serem finalmente os primeiros.
E a Islândia continua em festa num país que lança-chamas a céu descoberto.
Com um futebol tão simples como o ABC, fazem de um lançamento de linha lateral, o perigoso centro para o coração da área fatal.
Estão em todo lado do relvado, prontos a disputar cada lance com uma entrega tão pura, que eleva os comentários dos especialistas da bola.
Empatamos com eles e logo caiu o Carmo e a Trindade! Só os conhecíamos pelo famoso bacalhau, que enche o país, de Norte a Sul.
Estamos prontos para os voltar a defrontar, numa bacalhoada à Gomes de Sá. Aí seremos os melhores e ficaremos com a taça e eles com a gostosa lembrança.



domingo, 26 de junho de 2016

Num minuto demos um enorme Passo em Frente




 No rescaldo da vitória recheada de felicidade, fica as lágrimas dos equipados aos quadrados e a alegria que sinto, quando com a bandeira bem perto do peito, grito com a força que a longa espera me fez amordaçar: Acredita Portugal, porque nós, bem longe da Pátria te elevamos até à final!
Um jogo medroso de parte a parte.
Croácia com a imprensa colada ao seu sucesso. Depois de um apuramento sem mágoa, deixando atrás de si, Espanha e companhia.
 Portugal cheio de reticências perante o seu valor, ainda sem convencer o mais leigo nas lides da bola.
Bola cá bola lá, no centro do terreno para não variar.
Lances de perigo nada de realçar e assim se foram cento e quinze minutos, de um futebol pastoso e chato para os milhões, que assistiam nos quatro cantos do mundo.
Até que surgiu aquele minuto em que, primeiro a Croácia se atreveu a arriscar com meia equipa na nossa área. Esteve a um passo de nos mandar para casa.
Mas quem não marca arrisca-se a sofrer! Portugal arranca decidido à baliza, aproveitando a nesga de espaço dado pelas camisas aos quadrados e num ápice a bola entra na baliza Croata e a festa lusa estendeu-se pela Europa, como se vencêssemos o Europeu que há vários anos sonhamos.
Explodimos de alegria e o bar já conhecido, fechou-se para comemorarmos esta vitória.
Só aí reparamos que quem lá permanecia apoiava a Croácia, porque de um salto abandonaram o local.
Melhor ainda e a festa durou enquanto não se desvaneceu a alegria, porque ainda nada ganhamos. Daqui a uns dias, lá estaremos com a mesma crença para repetirmos os festejos. A convicção é imensa!


sábado, 25 de junho de 2016

Noites Quentes




Adoro caminhar pela noite!
Algumas vezes com um rumo definido. Outras, sem o mesmo estabelecido.
Noites quentes como as recentes, percorrendo uma avenida enorme como uma grande serpente. Farta de sinais vermelhos para acalmar os mais velozes, com máquinas potentes.
Por vezes apanho o autocarro e é com alívio que prenuncio o local que destino, ao motorista já habituado às prenuncias desajeitadas.
Vou atento ao quadro electrónico que vai avançando os lugares da rota do 611, conforme o andamento do condutor do bus.
E lá está o meu local para a noite.
Carrego no botão encarnado e de um salto estou às portas do Peppo.
Pouco tempo lá permaneço.
Não me agradou a barafunda saltitante com muito calor à mistura. E resolvo partir para a frescura do rio.
O silêncio é de ouro e os meus passos assustam a tranquilidade da garça pousada no pedestal granítico, esperando que o dia nasça para apanhar o peixe mais desafortunado.
Ao mais pequeno ruído, desaparece pelo meio do rio para pousar debaixo da ponte mais acima.
E miro-a! E ela também.
Eu continuo o meu caminho. Ela permanece imóvel de bico amarelado pouco se importando, se tiver que voar para outro lado ao mais leve ruído, de passos inoportunos.
Chego a casa mergulhada no sossego de fim-de-semana.
Fim-de-semana para descansar.
Fim-de-semana para sonhar.
Fim-de-semana para continuar a passear, a Natureza por cá é tão verdejante porque chove regularmente.
Fim-de-semana para bela ou grande desilusão. É só esperar pelos nossos campeões!