domingo, 19 de outubro de 2014

Domingo a Terminar




Ouço música, bebo uma cerveja e fumo uns cigarros.
O domingo aproxima-se do fim. A noite não tarda neste lugar feito do nada.
Esperei um toque, que me trouxesse um miminho tão necessário neste cantinho.
Ele não surgiu apesar da ansiedade que de minuto a minuto, o desejava.
Que fiz de tão ruim para merecer este destino?
Penitencio-me com os meus botões e eles dobram-se em dois. Como cúmplices desse mesmo destino.
É a vida dizem os vizinhos!
São as pragas lançadas pelas desamparadas. Dizem os mais destruídos e assumidos pela desgraça.
Alto lá, que ainda estou cá!
Com muito amor para oferecer e muito mais para recolher.
Otimismo dos convencidos! Dizem os pobres de espírito.
E no meio disto tudo, a noite desce sem se dar por ela. E com os candeeiros da vila a dar luz à alegria. Lá se foi mais uma semana e uma outra terminará para me levar de encontro a outras esplanadas.
Aí sim! Abrirem os braços de encontro ao presente. Porque do passado não reza a história. E do futuro nascerá com toda a certeza, a aurora.

Aproveitar os últimos Raios




Outono caminhando a passos largos, despindo as árvores da beleza que nos oferece a natureza.
Com ele surgem as primeiras chuvas e o desagradável vento.
Agasalhamo-nos dos pés à cabeça, para afugentar o frio resguardando o corpo das maleitas normais da época, mas as tremideiras das gripe são a ameaça do dia-a-dia.
Nestes últimos dias o calor voltou!
E cheio de vitalidade atingindo os vinte e nove graus, a meio do dia.
 Que beleza!
 Que dádiva, numa altura que já se punha de parte as tangas de Verão.
Voltei a saborear as caminhadas da noite, antes de repousar para mais uma luta nas entranhas da montanha.
Voltei a expor o corpo por momentos, para um ligeiro bronze outonal e disfarçar as negras de embates sistemáticos, nesta correria laboral.
E recordei, enquanto gozava a hora de recuperar energias. A praia lá longe, onde o mar me acolhia para refrescar o calor que me envolvida.
Agora neste domingo, repete-se mais um belo dia.
Serão vinte e seis graus, com o sol a encher de beleza esta zona que a natureza reservou como o seu canto, onde por vezes é benevolente e outras, mais impiedosa.
Vou gozar este tempo maravilhoso, numa caminhada pela montanha. Lá encontrarei: nozes, figos, castanhas, avelãs.
 Tudo à mão de semear, que o recente e assustador vento soltou das árvores. É só apanhar e saborear. Irá ser um farto-te e um pagode.

sábado, 18 de outubro de 2014

A primeira de Muitas




Noite que chegaste ameaçadora, cobrindo os montes num manto negro que assustava quem 
pela estrada desejava rapidamente chegar a casa.
 Acompanhava-te o terrível vento.
Embora distante, já se fazia sentir pelos orifícios do vestuário ainda tanguinhas, de um verão que terminou o seu reinado.
Quando por fim desceste para tomar conta do mundo, obrigaste-me a recolher apressadamente ao leito, depois de uma refeição devorada, já que previa uma noite sobressaltada.
O vento era tão forte, que abalava a tênue janela, mesmo com ferrolhos de madeira de cedro.
Eram 3 da manhã e abri os olhos assustado. Escondendo o rosto na roupa que pesava.
Os montes ao longe, não lhes fazia frente, tamanha a velocidade que emanava.
Tudo em sua volta vergava como varas verdes e ramos que se soltavam de vários tamanhos, eram impelidos contra o edifício já saturado dos longos anos edificado.
Há vento de um raio, que me arrastas pelo soalho.
Por fim acalmaste com o chegar da aurora.
 E as olheiras fartas, foram o sinal de uma noite terrivelmente agitada.

sábado, 11 de outubro de 2014

Por onde Andavas




Encontrei um irmão que já não o via á muito.
Foram anos de um virar costas, devido às correrias fartas de atropelos, que ele fazia questão de ter o prazer por cá fazer.
E como consequência teve que correr mais uma vez. Mas desta, para bem longe do lugar que o viu nascer.
Os anos passaram e o lembrar do irmão mais novo não passava de uma miragem.
Como tínhamos maneiras diferentes de olhar o futuro, as conversas terminavam sempre com sabores azedos e o melhor era, cada um trilhar o caminho que achava o melhor.
Das esporádicas vezes que colocava um pé na terrinha, nunca nos víamos e eu só tinha noticias dele pelo progenitores, que pouco mais sabiam do que eu, tamanho o secretismo que ele impunha á sua vida. Só elevando o seu estilo british, como bandeira de tudo lhe correr de feição.
Há poucos dias cruzamo-nos e nada melhor que desatar as amarras e conciliar os caminhos cruzados que percorríamos, num só.
 Assim foi! E só ganhamos. O espirito de irmãos veio uma vez mais ao de cima.
Foram dias agradáveis, embora o seu estilo se mantenha.
Como as novidades boas e as menos boas, eram imensas para manter conversas pelo dia e pela noite. Os dias passarão num pescar de olhos e agora ele lá se foi para a sua vida, ainda envolta num pequeno mistério.
Estou certo que daqui em diante, regularmente nos vamos encontrar.
A família é o melhor dom que possuímos e como tal preservá-la é a obrigação de cada um de nós.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Com o coração nas Mãos



Três da manhã viagem terrível. 
Os cafés ingeridos, eram impossíveis de nos despertar.
 Quatro da manhã. O sono tomava conta de nós e a estrada não tinha fim.
Não podíamos parar. E o sono encaminhava-nos para o abismo.
Num grito, o condutor guinou o volante para a direita, quando o desastre era eminente.
Conduzir devagar não dava tempo para chegarmos. E queríamos chegar, para descansar.
Eu desejava parar e acabar com o medo da derrocada, que só podia terminar, enfaixados nos railes da auto-estrada.
Parávamos na solidão da noite.
 Tudo encerrado. Não se via viva alma. Só a chuva para mal dos nossos pecados.
Recomeçávamos o martírio de pôr o carro a rolar e o medo a pairar.
 Tínhamos que chegar e descansar, descansar, descansar.
Para nossa segurança, o som dos pneus na faixa branca, abria-nos os olhos, mas não a lembrança. Embora tudo fizéssemos para perder vários minutos da nossa vida.
 Por fim chegamos cansados e com o coração nas mãos.
 Uma hora de descanso, num sono em sobressaltos. Lá voltamos a entrar no carro, num silêncio tão ingrato que pedia contas à irresponsabilidade de três marmanjos.
E mochila às costas, principiamos o trabalho que não dá tréguas.
 Onze horas depois o regresso. Duas dentadas numa refeição sem tempo para terminar e momentos depois, a cama era a salvação para um corpo travado de violentas emoções.