sábado, 17 de janeiro de 2015

Viva lá Vida




Viajei sete horas e meia, embrulhado em sacos e apertado por dois colegas.
Tudo devido a dois deles terem desistido de, continuar a trabalhar na firma e guardarem-se em copas, arrastando para uma viagem desgastante os restantes colegas, que por direito gozavam o merecido fim-de-semana.
O veículo mais se assemelhava a um bote de peregrinos ilegais.
Pudera. Sem comunicarem a sua decisão á gerência, o transporte foi organizado como uma normal viagem e quem pagou todo o desconforto foram os restantes, sujeitos ao desconforto extenuante de uma viagem já de si atribulada, pelas intempéries do tempo.
Os sacos tapavam a parte de trás do veículo e outros mais tiveram que ser entaipados, nos exíguos espaços, que seriam para esticar as pernas de uma longa viagem. Dando um aspeto de marroquinos carregados de bugigangas para ganharem a vida.
 De um sol que no início até alegrava por entre conversas, dos que rumavam para outras paragens na procura do eldorado. Logo deparamos com uma violenta queda de neve que deixou sem fala, quem ainda aguentava o desconforto que não tardava.
Parávamos para esticar as pernas e aliviar as dores no rabo farto de deambular para os lados.
Mas o frio era terrível e logo rumávamos para um dia ainda com a tarde para dar visibilidade á estrada, mas o negrão das enormes nuvens transformava numa ameaçadora tempestade.
Eu e mais outro, só queríamos o aconchego de quem nos aguardava.
Cientes que depois de dois ou três dias, lá teríamos que regressar aos escombros do pais vasco, ajudando a abrir as acessibilidades para juntar cidades que a natureza obrigava a separar.
Os restantes viviam a ansiedade de chegar, para organizar o que eles sabiam terem conseguido, melhorar nas suas vidas.
Para uns melhorarem o seu futuro, outros sujeitam-se a carregar as malas da mudança. E como quem muda D         eus ajuda. Que tenham toda a sorte do mundo e não se esqueçam que todos contribuímos um pouquinho que seja, para a felicidade de alguns.
E neste cenário custoso, cheguei a casa mesmo assim disposto, a correr para os braços de quem me trás ansiosamente pelas estradas tao longas que separam os dias bem longos desta encruzilhada.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Estavam referenciados à Anos




Os terroristas são encaminhados, pelas vozes da madrugada.
 Levam lavagens intensas no cérebro. E depois de alguns anos estão aptos para matar.
E estavam referenciados há anos!
Os terroristas sempre o foram, já que muitos deles serviam as potências ditas "combater o terrorismo".
E estavam referenciados há anos!
Os terroristas sempre o foram, mesmo tendo contato com altas figuras de estado. E logo aí estavam referenciados!
Os terroristas soltam-se nas ruas de qualquer cidade. Carregados de explosivos, de armas a tiracolo, com os olhos carregados de ódio.
 E estavam referenciados há anos!
Matam sem piedade!
Mantém reféns pessoas como o escudo para que os olhos das câmaras levem a todo o mundo o horror que espalham.
E estão referenciados há anos!
Quando cercados, agora sim. A última caçada, sentem-se mártires e esperam que Alá os leve ao colo, como anjos imaculados.
E estão referenciados......
Por fim, é um espetáculo.
Forças de segurança em cada buraco.
Serenes que dão luz à noite, como gigantes casas de espetáculos. Negociações em direto, com os terroristas tão perto.
É uma guerra urbana, tão custosa para quem se julga salvo da carnificina.
 E estavam referenciados há anos!
Os terroristas são como as ervas daninhas. Sabemos como as eliminar, mas brotam com a bruma da manhã!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

E o Tempo Voava




Mais uma vez tentei ficar perto de quem nos faz sorrir e de quem nos ampara nas noites gélidas.
Mas mais uma vez fiquei pelas promessas.
Ou melhor, desta vez a resposta foi mais fria, que se infiltrou bem fundo. Parando por momentos as batidas de um coração enrugado pelas emoções.
Foram seis meses esperando, sonhando, acreditando. Numa resposta afirmativa.
Partilhei o meu desejo com varias pessoas, que conheciam bem aquela casa.
Inicialmente, apresentei-me com alguém que conseguiu que preenche-se o formulário, olhando aos préstimos oferecidos nessa casa.
O primeiro passo estava dado e esperar era a ansiedade que os dias não cessavam.
Como parado nada caia do céu, voltei lá e procurei alguém que estava bem dentro das vagas que pudessem surgir e eu fosse apontado como a pessoa adequada.
Ficou a promessa de que seria logo informado, para ser dos primeiros a esgravatar pelo lugar.
E o tempo voava!
Já a raiar o desespero, “obriguei”, os meus pais a arrastar os pés de uma longa vida e ofegantes, foram ter com uma pessoa com conhecimentos que sobravam, para ser o primeiro a conseguir a colocação tão almejada.
Ficaram na saborosa expectativa, de obter a resposta logo no dia seguinte, onde pessoalmente essa pessoa que já figura nos placards de cada rua. Prometeu dar, em primeira mão.
A resposta nunca chegou e pés ao caminho, voltei a essa casa com mais uma pessoa.
Pessoa essa, que viveu lá toda a sua vida. Oferecendo a sua sabedoria e nunca esperou nada em troca.
Finalmente pensei. Através desse alguém, que iria obter algum (finalmente) feedback.
E num entusiasmo que fez brotar um sorriso florido, ficou o prometido: “ande sempre com o telemóvel consigo, porque será chamado para a entrevista obrigatória”.
Voltei alegre como um miúdo que acaba de merecer a prenda tão desejada.
Mas o raio do tempo passava e olhar para o telemóvel varias vezes ao dia era um stress impossível de afastar.
E o tempo voltou a voar e passados dois meses, voltei novamente lá.
Desta vez só, sem sorrisos e pouco otimismo!
Dito e feito!
- Bom dia menina lembra-se de mim?
-Sim, é o senhor que veio preencher o formulário….
- Sim, sim esse mesmo!
- Olhe, nada surgiu. E para já nada existe. Um bom ano!
Estendeu-me a mão e voltou ao seu lugar!
Seis meses onde tudo fiz, para ao menos tentar uma simples entrevista.
Rodeei-me de pessoas influentes. Umas, tudo fizeram para que ficasse bem perto de uma família que acabou por se partir em dois.
Outros prometeram e nem uma palavra para abafar a ansiedade.
Só me resta carregar as malas, esperando uma longa caminhada.
Mas a maldita nostalgia, não deixa arrefecer as saudades.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Tudo, foi quase Tudo




O ano inicia-se e eu estou prestes a regressar à minha vidinha.
Ainda bem!
Já me arrasto na moleza deste sol maravilhoso, depois de esperar no quentinho dos edredões, que o frio deixe de ser tão gélido, para saborear o cafezinho.   
Foram alguns dias de intensas emoções e desejos concretizados.
O Natal trouxe a nostalgia de ser passado sem as pessoas habituais, que durante anos enchiam a casa de correrias ansiosas, na procura do presente tão ambicionado.
A vida tem destas coisas, deveras ingrata. Mas sempre a estender um braço para me amparar das desgraças.
O fim do ano foi fantástico.
Amigos verdadeiros! Já uma raridade, pese todos se acharem os melhores amigos de quem não merece.
Umas horas no quentinho, de uma família amiga. Onde nada faltou, mesmo o carinho de quem fez tanto gosto, que eu me libertasse de recentes desgostos.
No fim, já a noite lançava um terrível frio, fazendo parecer que me enviava para a cama e eu na calada acompanhava. Mas teimosamente alguém e ainda bem, fez finca-pé, de não abandonar o carro. Oferecendo-me um resto de noite, que ficará para sempre como o memorial de um evento.
Tudo foi lindo.
Tudo foi carinhoso.
Tudo roçou o amoroso.
Tudo, foi quase tudo!