domingo, 13 de dezembro de 2015

Tenho



Tenho o Natal para te amar.
Sem prendas com laços coloridos.
Um coração a transbordar de magia
Sem truques, porque o amor não se encobre em panos sombrios

Tenho a festa do petiz para te admirar
Onde me encantei com a tua beleza, de fazer corar
Orgulhei-me da tua espontânea afeição
Na última festa, de cortar a respiração  

Tenho o fim do ano para te embalar
E iniciar o ano enlaçado no teu corpo
Bailar, sentindo o bater dos corações
Fazendo promessas sem ilusões

Tenho todo o tempo do mundo, para esperar!
O ano é extenso e carrega dias toldados
Uns tão perto, outros imensamente longos
Resta-me aí, o teu sorriso e o teu doce olhar


sábado, 12 de dezembro de 2015

Não Posso





Não posso viver com a tua presença.
 É doloroso estar a recordar-te e tu bem distante. Tão longe, que já nem a minha vista te encontra.
Não posso sonhar sem te ter presente e tu balanças na descrença e procuras a desgraça alheia para endireitar a tua maleita.
Não posso ser cruel comigo mesmo, quando pressinto que viraste uma longínqua miragem, depois de levar-te ao colo milhas em viagem.
Não posso. Porque não posso, ser infeliz! Quando posso ser feliz, mesmo por uns dias onde sou livre.
Não posso. Porque acafelo como a folha de Outono que murcha ao abandono.

Ainda bem que o Natal junta os fragmentos!

domingo, 6 de dezembro de 2015

As árvores Despidas




O vento do Outono despiu as árvores da berma da via rápida.
Deixou às claras, os ninhos das aves que escondiam as crias invisíveis aos predadores famintos.
Agora prestes a chegar o Inverno gelado, que acumula neve por todos os lados, assisto a troncos depenados com pontos negros de vários tamanhos.
Serão imensos dias frios e sombrios sem aves à vista, até que a Primavera sorria e force a volta das aves, para embelezar a berma da via rápida.
Cruzarão as viaturas em voos rasantes na procura de restos lançados das janelas pelos putos desleixados e logo batem as asas para abafar as bocas abertas, das crias famintas.
São ninhos tão negros como o Inverno que se aproxima. Conto os primeiros enquanto a fila intensa me deixa observar que árvore sim, árvore não. Possui um ninho perfeito como uma mansão.
Desfeita a fila com o roncar dos carros nervosos de tanta espera. Lá se vai a contagem e só me apercebo de pontos negros, que parecem desenhar um gráfico com altos e baixos no vidro da minha janela.
São belos e maravilhosamente arquitectados nos troncos mais altos das árvores escolhidas pelas aves atrevidas.
Em forma de vê, deixam um pouco de cortina, nas árvores nuas e feias como o tempo que se aproxima.
Por fim chego à cidade. E as árvores, dão lugar a troncos volumosos de betão, abafando o negro da noite com as luzes que iluminam os ninhos dos humanos, resguardados do intenso frio.

domingo, 29 de novembro de 2015

Que se agarram ao meu Destino.




Desci as escadas de quatro andares e encontrei a noite a chorar.
Banhada em lágrimas suaves, que molhavam a alma a quem se atrevia, a romper esse caudal teimoso.
Nadei nas suas margens, descansando nos passadiços para não ser levado sem direcção numa noite fria, a desafiar o tino.
Aqueci-me com o calor de uma vela colocada na mesa de madeira sem força, já que bastava pousar os cotos, ela rangia de dor.
Lá se encontravam desconhecidos, esperando impacientes de copo meio cheio, que a noite deixasse de carpir lágrimas.
Ouvia frases sem discernir o objectivo, eram grunhidos de homens duros e mulheres flácidas cansados da vida. Dura para qualquer destino, longe das amarras íntimas da família.
Por momentos a noite deu tréguas num assoar o rosto negro como o carvão das entranhas da terra.
Era altura de regressar sem barco mesmo a remos.
Logo que cheguei ao meu porto de abrigo, encontrei os mesmos que se agarram ao meu destino.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Quem Sou Eu




Os meus dedos, já me assustam
Assemelham-se a sapos negros
Coitados, já fartos de marteladas em falso
Carregam unhas sem esmalte

Os meus braços estão traçados de tatuagens
São rascunhos ainda vermelhos da dor
Nenhum tatuador as pode copiar
Porque o artista que as sente sou eu!

O meu cérebro sente as turras sem conta
Crescem uns altos que magoam imenso
Nem me penteio direito para não sofrer
Nada mais me resta do que cortar o cabelo rente

Já nem ligo ao meu corpo
Ao tomar banho escondo-me do espelho
Venceria qualquer concurso de tatuagens originais
Só ligo ao meu espírito, limpo como o paraíso