domingo, 29 de janeiro de 2017

A força que Carrego




Enlaço a minha força nos meus braços, multiplicando-os.
Só assim faço frente à enorme corrente, que me estilhaça!
É necessário enlaçar a minha crença, para suportar a incredulidade de alguém que se desfaz em exageros exacerbados, para manifestar a estupidez de me tentar alcançar, no limite do mais fervi exagero.
Já não basta a dureza de uma vida, longe de quem me deseja. Martelando os dias, para os enterrar no calendário que não se despeja.
E surge-me de premeio a dor de quem partiu, ainda com tanto tempo para sorrir.
Então, caminho sem cessar o destino. Sabendo de antemão, as paragens que ele mesmo, me anuncia.
Paro só na segunda, que me abre a porta branca que se mistura com os restos da neve que teimosamente não derrete.
Lá dentro encontro a bagunça da mudança. De quem quer virar a página, a um destino cruel, que amordaça.
Parto repentinamente para me juntar ao presente e deixar para trás imagens que não abonam, com a certeza na minha vitória.
É a força que carrego, enlaçada no meu cérebro!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A Policia é uma Simpatia




O fim-de-semana aguardava-nos e o dia embora frio, deixava que o sol brilhasse pelo caminho.
Cantávamos ao som da musica bem portuguesa, para espalhar a sonolência e para que o regresso fosse tão rápido como o nosso desejo.
A poucos quilómetros de casa, num caminho milhentas vezes percorrido, a carrinha resolveu quebrar o nosso entusiasmo.
O tempo passava e só a polícia nos visitava!
Primeiro, cordialmente nos dispensou a ajuda e como nada podia fazer, alertou-nos para colocar-nos o triângulo.
E o frio aumentava, com a noite a surgir sem apelo nem agrado!
E o reboque tardava!
Duas horas depois, de novo a polícia!
Desta vez, rebocou-nos a carrinha para um local seguro, desviando-nos da auto-estrada.
Que simpatia. Que amabilidade!
Por fim, já a noite benzia a nossa má sorte. Surgiu o reboque e o transporte para nos levar ao destino.
E aqui estou!
Bem perto do quentinho, a tentar ainda estar um pouco junto do meu mais velho, que hoje completa mais um anito.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Dá-me um Beijo





O ano estava a terminar. Poucos dias faltavam, para que o novo chegasse no meio de rolhas soltas e desejos pedidos.
Tinha-te conhecido depois de percorrido meia centena de quilómetros e não tardou, que o teu encanto de menina crescida, me levasse a ser ousado e te pedisse para me beijares.
Dá-me um beijo, pedi!
Ficaste surpreendida e sem palavras para me responder. E senti a tua respiração mais raçuda.
Fizeste de conta que não ouviste e continuaste com os teus delírios de uma vida um pouco madrasta.
Voltei a pedir-te: Dá-me um beijo!
-“Olha que dou, não me custa nada”! Respondeu, de uma assentada.
E juntou os seus lábios aos meus, num espaço repleto, na sua maioria jovens. Onde os nossos largos copos de Gin Tónico, famoso da casa. Aumentaram o beijo da esperança. Tornando os nossos lábios carnudos e desejosos.
Já não a ouvia!
Estava de cabeça pousada no sofá verde da sala e, tu sentada olhando-me de cima para baixo. O que me encantava de verdade.
Sentia os teus lábios bem perto enquanto falavas. Por isso desejava-os espalmados nos meus.
Dá-me um beijo pedi eu!
E ela deu um, dois e mais porque não lhe larguei o pescoço.
Primeiro inocentes, envergonhados, rápidos.
Depois fortes, profundos e alongados.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Os animais e os Estrangeiros





Estavam menos dois graus, mas a caminhada habitual, já faz parte do ritual.
Metade já percorrida pela enorme avenida, ainda com restos de garrafas vazias, de uma noite igual a muitas outras, de Sábado para Domingo.
Transpus a ponte para encurtar caminho e alcancei o passeio bem encostado ao
gradeamento, ombreando com o rio, que tranquilamente corria para o seu destino.
Patos nadando é tão natural, que nem se esquivam com a presença de qualquer humano e logo desconhecido.
Mas presenciar este casal (nem sei de que animais se tratam), é que é divino!
Descobri-os ainda longe e quieto como uma múmia, desliguei os fones e preparei o telemóvel, para ver se conseguia registar este momento.
Passo a passo sem deixar o mínimo ruído, aproximei-me o mais perto possível e, para minha surpresa, continuaram a pavonear-se na relva a dois metros do rio.
Tranquilamente alcançaram a margem. Primeiro um, e depois o outro por entre as pedras, desapareceram serenamente.
Só tive pena de não ter uma máquina para os captar mais pertinho e conseguir este momento bem nítido.
Por fim, já no retorno para casa, encontrei o que não esperava. E  alegremente, terminei o meu Domingo.
É reconfortante encontrar colegas que já pensava não os ver mais e mesmo sendo estrangeiros. Encontram-se a garimpar o mantimento, no país que lhes oferecem, melhores condições e longo tempo de sustento.