quinta-feira, 30 de março de 2017

Se vissem agora os nossos Rostos




Ainda bem que estamos longe.
E não ligamos ao maluco que esculpiu o busto do Ronaldo.
Se fossem os nossos, passados quinze dias de batalhar no betão pré-fabricado
Era um há meu Deus? Que se passa com eles?
Um tem um obsesso do tamanho de uma ameixa.
Foi-se o chumbo, abrindo uma cratera de armazenar a bucha.
Outro, pinga pelo nariz como velas a iluminar moribundos.
Já não bastam as mangas das vestes marcadas pelo escuro do ferro. Salpica o rosto de mesclas amarelas.
O mais louco, morre de amores pelos cantos.
E tem medo, que lhe juntem os trapos se, não voar rapidamente para os braços da Julieta desesperada.
O resistente às intempéries do tempo, vive a domar animais de quatro patas.
Deu-lhe nomes de imperadores que perduram na história e, é vê-lo, a saudar o Nero e a Vitória!
Por último, o que se mantém fiel ao que julga ser o rumo da vida!
Muda de país mas não muda a mobília e carrega consigo a mochila da equipa.
Olha por todos e tem mais olhos, mesmo com abundante barriga.
Faz as contas de cada dia e dorme aconchegado, com duas almofadas para não perder o consolo dos recentes dias.
E é isto a nossa vida!
Cada dia é uma batalha vencida e só pedimos que a guerra nunca termine.
E que nos vá dando umas férias, em voos ansiosos para chegar à terra prometida.

domingo, 26 de março de 2017

A Natureza é o Paraiso




Olho as montanhas num dia magnifico de sol, da varanda de madeira já carcomida pelo tempo agreste, que no Inverno nada perdoa a tudo que se eleva dos confins da terra.
E imagino-me criança a trepar os socalcos montanhosos, chegando ao cimo a gritar a plenos pulmões, que conquistei o monte numa de herói sem igual. Estendendo a mão ao céu e rebentando com o meu dedinho ainda de menino, as nuvens brancas, como se de balões folclóricos se tratasse.
Isto já, com muitos anos percorridos nesta vida, que me ofereceu a dureza de uns enormes tabefes. A cada remendo nas calças, que representavam a dor de brincar, superando a mesma dor!
 Hoje os remendos fazem parte da moda, mas a dor de hoje é mascarada com mais dor. Enquanto a nossa era curada, com a nossa força em camuflar a dor no nosso frágil coração. E cresci a escondê-la das agruras da vida.
 Assim a minha geração cresceu e, é ainda a que transmite a pureza de tempos, em que se era feliz com tão pouco.
E como eu, com pouco tempo para as brincadeiras de esfarrapar os joelhos. Fui trabalhar ainda escorria lágrimas de ansiedade, para que o dia nascesse e corresse para o largo, onde me esperavam os amigos que não se esquecem. Mesmo que os tabefes, eram o esperar que na casa entrasse, com a mãe de mão ao alto me marcasse!
Ser feliz com pouco, era uma ciência que se perdeu!
Estávamos sempre a inventar coisas novas, brinquedos que criávamos e que perdurassem com o tempo.
Com fome, galgávamos os muros e com as duas mãos, inventava-se algo para comer.
As amoras eram uma delícia. E as cangostas escondiam-nos da perícia em sossegar o estomago, com o esperar, que os agricultores resvalassem numa sesta para que as peras, maças e as uvas fossem uma festa.
Agora que a tarde atinge o apogeu da maravilha, saboreio o sol e o ar puro da Natureza tão querida. Num sossego que faz com que até os Deuses façam uma pausa, a castigar os terroristas de estropiar os indefesos inquilinos, deste planeta com recantos paradisíacos.

sábado, 25 de março de 2017

A semana do tudo ou Nada




Semana duríssima. Semana exigente!
Semana, que se iniciou ainda a noite escurecia o céu e terminou a exigir, voltar a pintar o azul do céu, num negro que deixa os socalcos da encosta escancarados, para enterrarmos os pés que se arrastam até ao leito aguardado.
Semana num vai e vem sem parança.
Quatro e meia a acordar!
Ultrapassar a fronteira alemã e apresentar toda a genica, ainda a Áustria faz valer o seu espaço, como conquista dos antepassados. E, lá vamos armados de cinturões recheados de armas, prontas a desobstruir as crostas diárias, que se acumulam a cada barcaça de betão fabricado.
Segunda, terça, quarta, quinta e sexta!
Num sobe e desce de uma máquina comprida, como o corredor da finalidade aqui trazida.
Descofrasse, limpa-se. Oleia-se e reveste-se de ferro as suas entranhas, que arranca a pele e solta gotas intermináveis de sangue, conduzindo à superfície, a arte que constantemente entra no corpo.
Regressamos a casa sem vontade para nada. A não ser engolir duas buchas e repousar o corpo martirizado pela rotina diária. Observados pelo capataz a cada minuto passado.
Sai por uma porta nos fundos e aparece como um fantasma, ainda a noite esconde a claridade das claraboias. Fazendo estremecer os nervos num semblante sisudo e imponente.
Por agora, abriu um pouco o sorriso à nossa presença nas suas fortificações. 
E quem aguenta a primeira semana ainda com a pele macia das férias no cantinho à beira mar plantado. Pode ser que entre em graça, com a nosso querer e enorme vontade em mostrar que somos capazes, de produzir as seis barcaças diárias.
Mas é tempo de esquecer a semana e voltar o sorriso para o fim-de-semana. Que nos vai mostrar as luzes da alegria, como se a noite depressa dê lugar ao nascer do dia.
Não adianta martirizar o espírito, porque a vida são dois dias!

domingo, 19 de março de 2017

De fronteira em Fronteira




Cheguei depois de imensas horas a percorrer seis países.
 Caia a noite e a chuva recebeu-nos no sopé da montanha. Onde ficamos instalados com as montanhas ao redor, ainda coloridas de branco.
Estou no paraíso e só falta conhecer o que por cá, os austríacos esperam de nós.
Vontade e ganas de vencer não nos falta. E estou em crer, que vamos conseguir, deixar a marca do nosso profissionalismo.
Hoje domingo, fui conhecer a cidade em redor.
Estou com um pé na Alemanha onde vivo. E com o outro onde vou trabalhar, na Áustria. Por isso passar a fronteira é obrigatório!
E como não podia deixar de ser, cometi logo o primeiro descuido!
Fui parado na fronteira todo risonho a olhar para os polícias (as), belas e jovens, mas quando me pediram a identificação, fiquei vermelho como um pimento.
Esqueci-me na mochila já arrumada em casa e o desespero era tão evidente. Como evidente era, a minha argumentação em explicar o que acontecera.
Depois de meia dúzia de explicações, deixaram-me passar (policia simpática e compreensiva). E continuei a conhecer a cidade esquecendo o desconforto totalmente.
Na volta, como de alimentos, nada trouxemos. E tudo por aqui está fechado. Armazenámos o que os agricultores que por cá têm à venda, em barraquinhas de madeira escancaradas.
 É só necessário introduzir o dinheiro em caixas de metal e seguimos a nossa vida.
Comprei ovos e batatas caseiras. Massa e licor.
E juntamente com os enlatados que ainda restam, vou fazer um pitéu de bradar aos céus.
Tenho paté e atum. Sardinhas e pão fresco (o que consegui comprar a um preço de desesperar).
Com este arsenal, é só deitar cedo e logo pela manhã cinco e meia levantar, para mostrar do que sou capaz.

quinta-feira, 16 de março de 2017

São horas Longas





As manhãs estão tão frescas, quando me levanto com os primeiros chilreios da passarada do quintal.
Já conheço esses zumbidos que buscam as migalhas no terraço meu, e da vizinhança, depois de uma tarde a devorar sandes e bolachas, terminado a limpeza do jardim, que deixou suores quentes pelo corpo, deixando o rosto vermelho e uma sede que não acalmava.
Aliviam a sonolência de uma noite farta de cambalhotas, pelo longo espaço do leito, que me acolhe.
São horas longas e repletas de pensamentos.
Ouço o relógio na sala como uma mensagem do tempo que passa.
Duas badaladas e o silêncio é de ouro.
Três, e o sono não surge. Apesar do esforço em conseguir a melhor posição na esteira que me acolhe.
Sete badaladas e já descortino a fachada do quarto blindado.
Oito, já estou pronto para inspirar o ar fresco da manhã. Percorrendo a rua ainda nem os cães, se preocupam com o transeunte madrugador.
E a Freguesia dá os primeiros passos, para mais um dia de trabalho e para ajudar a passar o tempo, para quem espera o momento, de voar para madrugar ainda mais, na procura do sustento.
Convido gente que não quer compromissos assim tão de repente.
Deixam-me com cara de pedinte e quando menos espero, convidam-me como se o mundo evaporasse no dia seguinte.
É a adrenalina por momentos depois, de muitas horas dormente!