terça-feira, 30 de novembro de 2010

As Manhãs Cinzentas e Frias


A manhã está fria, mesmo fria! E o gostinho de sentir a lenha a estalar na lareira é o conforto que se deseja.
À neve a cair por todo o nordeste transmontano e as previsões apontam para termos o mesmo cenário enquanto as horas avançam e procuram a noite, essa sim, trazendo mais frio que nos encolhe no resguardo de montes de roupa, que nunca chegam para aquecer o sangue que nos faz viver.
Frio e chuva é um cenário triste num tempo a cheirar o Inverno e a apontar para a chegada do Natal, sempre uma quadra que junta as pessoas numa doação cristã sem precedentes, para auxiliar o mais carente tanto em géneros como em gestos.
São dias cinzentos sem chama calorenta que trazem pessoas fechadas em si mesmas, refugiadas nos casacos grossos para resguardar do frio e também das tristezas da vida.
Mas o tempo que nos bate à porta é tempo dele.
O Inverno aí está, pronto a fazer mossa nos mais desprotegidos e a obrigar os restantes a esconderem-se nos aconchegos quentinhos.
Neva nas terras altas e pode ser um regalo para quem vai lá passar uns dias de descanso nestes feriados e fins-de-semana muito juntos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tanto em tão Pouco Tempo




Já calquei pastos verdejantes para lhe limpar as ervas daninhas.

Já afoguei as mãos em cabelos secos, oleosos e ansiosos para brilharem ao sabor de cada movimento.

Já dei luz a velas artísticas. Pretas, vermelhas, amarelos e lilás. Tantas cores para embelezar o lar.

Já percorri o Concelho em busca de conselhos para fugir ao marasmo de quatro paredes.

Já assisti às lamúrias desta vida a cada esquina que virasse, como se o mundo acabasse a qualquer instante.

Já conheci a incerteza da certeza, de que é preciso continuar com um sorriso para dar confiança ao destino.

Já recuperei algo que se escondia por trás da cortina que leva à porta de saída.

Já…… perdi a conta à conta que já paguei, dos anos que os chaparros davam bela sombra.

Tanto em tão pouco tempo, onde em tanto tempo tão pouco!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estou Longe Embora no Mesmo Lugar











Sou corrido do meu espaço
Onde permaneci para amadurecer o amor
Justificando com frases soltas como folhas de Outono
Resta-me que o sol me seque e me pisem com estrondo

A vida assim me envia
Para bem longe do meu habitual abrigo
Afasta-me do sonho, que era mesmo sonho
Olhando agora à realidade bem viva

Nos ferozes momentos dá-se largas às investidas
Corre-se por gosto, cá para nós: por necessidade
Procura-se o caminho, tão longo. Mas com fim à vista
Se assim não for, tudo desaba como paredes sem tecto

Mesmo que não encontre um lugar,
Para nele repousar
As mágoas diluídas de uma paixão
Que de tão intensa, doou tão frágil coração.

sábado, 13 de novembro de 2010

Lá se Foi a Nossa Independência.



Pertencemos a um bando de aves de rapina que a seu belo prazer decidem o nosso futuro.
Eles encapuçados em empresas de rating, decidem o nosso destino financeiro e como tal lançam-nos no abismo da penúria sem fim à vista.
Já não somos soberanos, dependemos da mão de quem gere o dinheiro que a Europa empresta.
Essa mão é agarrada como uma dádiva momentânea, mas com o passar do tempo transforma-se em tentáculos que nos apertam num sufoco angustiante sem libertação possível.
Caímos em saco roto como patinhos!
Elevamos a nossa força numa de heróis a relembrar os bravos conquistadores, mas amarrados aos fundos de milhões e milhões que nos eram descarregados bem encostados à nossa porta.
Em vez de criarmos os alicerces como suporte para o que hoje nos caí bem em frente de cada passo, não! Vivemos ao sabor dos bons milhões e toca a desbaratá-los em benesses para quem chegasse primeiro. E neste momento como chegou a altura do se esfumar os fundos e, como temos que nos agarrar ao que produzimos, mais a infeliz crise cíclica que atravessamos. Lá temos que dar mergulhos em piscinas com água rasa.
Uns dizem que chegou a hora do primeiro-ministro deixar o cargo porque o tempo de ser a vela do barco que rumava a bom porto, findou na travessia do canal da mancha.
Outros mais agarrados ao governo, pensam que uma coligação era a salvação e o suporte para fazer frente aos comilões financeiros.
Ainda outros querem o tiro e queda e começar de novo o que já não à ponta por onde se lhe pegue.
Venha o diabo e escolha pensamos nós, pobres pensadores, agarrados ás rezas de um Deus que não pode estar em todos lados.
Acreditar é a única coisa a dar o mote neste labirinto de encruzilhadas sem o fim à vista.
Muitos irão dar voltas e voltas com o inicio da caminhada a ser o fim de tantas encruzilhadas.
Os mais capazes irão encontrar a saída.
Os mais agarrados aos favores dos amigos irão também ter o seu espaço, sempre rodeado de mordomias para amigos que trocam favores como se assiste nos países do terceiro mundo e infelizmente como praga a alastrar.
Os que sobram:
Os infelizes, que passaram a vida a acreditarem na fé que move montanhas.
Nos desprotegidos fartos de fiar-se que hoje tenho que viver e gozar, já que amanhã posso morrer num acidente e hoje morrem aos poucos numa agonia silenciosa e deprimente.
Nos embrulhados nas ondas da desgraça social, que deixou de ter tetas para dar leite mesmo aos catraios que vieram ver o mundo sem lhes perguntarem se havia um lugar para eles montarem os seus sonhos e darem-lhes a tenda para descobrirem os ensinamentos da vida.
A todos esses, os senhores que medeiam a seu belo prazer os destinos das economias de países como o nosso, autênticos deuses omnipresentes. Já lhes fizeram a cama e engendraram-lhe os lençóis como cobrição de múmias embalsamadas, mas despejados em valas comuns, sem ao menos terem a tabuleta das suas existências cá na terra, onde nasceram no sítio errado, mas não à hora errada.

domingo, 7 de novembro de 2010

O Benfica foi Humilhado




O Benfica naufragou num pique cerrado rumo ao prematuro findar com muita vaidade à mistura, do título, tão merecidamente conquistado na época ainda muito fresca na memória da nação benfiquista.
Mesmo sem ondas de grande porte a nau benfiquista logo que surgiu o primeiro rombo (primeiro golo), foi sacudida por uma tremedeira incessante que originou uma catástrofe sem precedentes rumo ao afundamento da nau, num espaço de 93minutos, bastando cinco sacudidelas que segundo os peritos nem foram formadas com muita fúria.
Depois de afirmações nas horas que antecederam o dérbi, sempre pensei que os jogadores carismáticos e muito bem pagos do Benfica, fossem ao dragão lutar ombro a ombro por um resultado importantíssimo para continuar a lutar por um título que ostentavam naquelas camisolas. Mas o que me é dado observar é que os jogadores falam o que é de circunstância, mas no fundo não conseguem por em prática o valor que realmente possuem.
O dragão é um colete-de-forças para os encarnados!
Não se libertam do ambiente!
Não se libertam do azul bem estampado naquelas camisolas!
E não se libertam de constantemente pensarem que vão perder no estádio do Futebol Clube do Porto!
Por isso não vivi o jogo nem o clima antes do mesmo.
Dez pontos são degraus que os benfiquistas não irão conseguir superar e como tal à que fazer contas à vida e partir para o plano B, em busca de títulos que estavam em segundo plano.
A liga dos campeões está à mercê como passagem aos oitavos tão perto que só espero que não assuste o plantel, como hoje se assistiu.
Por morrer cinco andorinhas não acaba a primavera. Embora a ofusque drasticamente na projecção da luz natural para iluminar o objectivo principal.
Mas como a nação benfiquista é do tamanho do mundo, vamos levantar a moral porque os novos desafios são já ao virar da esquina.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Gosto do Gomo da Laranja



Recupero do desgaste de uma caminhada onde dava uns passitos a ver no que ia dar, ainda a julgar que não era nada comigo e de um momento para o outro vi-me entre quatro paredes, autentico prisioneiro de mim mesmo.
O castanheiro é o mesmo mas deixou de dar castanhas como até agora e só caiem ouriços com o estômago vazio, ou então mostrando castanhitas que não vingaram.
Estou na direcção de uma mudança.
Aguarda-me muito caminho para desbravar, por entre cadeiras onde a água corre para os novos nestas andanças e espero poder saltar de umas para as outras, no desenrolar deste percurso, que agarra o final do dia e termina no primeiro sono de quem ainda consegue dormir como os anjos.
Aproximo-me de quem me andava um pouco arredado.
Pé ante pé vou ocupando o meu espaço, por entre palavras confortantes e gestos acolhedores.
Vivo já em vários mundos dentro do mesmo.
Conheço o reboliço de quem já tem nome na praça e domina a cidade com arte e perícia para o que nasceu. Estou lá como outsider, fazendo o que sei e aprendendo o que preciso forçosamente saber.
Conheço o cantinho das aparições, autentico bunker derretido, para fabricar a luz do fogo que embeleza qualquer canto por alguém que assim destinou.
Conheço a algazarra dos catraios, num mundo só deles, livres para já das constantes ameaças de recessão, mostrando aquele lado juvenil. Que trás constantemente as recordações dos meus tempos, onde as preocupações eram: que a noite logo desse lugar ao dia, porque tudo era brincadeira num universo de garotada com tão pouco mas, que terminava o dia tão cansado das traquinices ingénuas que nos deixavam doridos que só o sono profundo aliviava para ao abrir os olhos, encontrar o novo dia e o começo; do mesmo!
Conheço em tão pouco tempo aquilo que em muitos anos estava lá nos confins do imaginário.
Arre vida que dás sempre gomos para chupar, sejam doces ou azedos. É uma questão do lado para onde nos inclinamos e se escolhermos o lado da caminhada incessante. Seremos presenteados com o doce da esperança e da concretização.
Venham daí as laranjas!