domingo, 28 de abril de 2013

As Cruzes iniciam as Romarias



As Festas das Cruzes, estão tão perto de mim, embora bem longe da sua azáfama. Que pelos anos já passados e vivendo esta romaria anualmente, já que vivo colado ao seu frenesim. Adivinho sem gastar muito esforço dos meus neurónios, ainda a recuperar de uma semana caótica em desidratação calorífica. Tudo o que a festa vai desabrochar nestes longos dias de música e gritaria.
É a primeira romaria, das muitas que vão dar um pouco de alegria ao povo, neste ano tão difícil. Apesar das alegrias não pagarem dividas.
E como é a primeira, é normal que os portugueses corram em massa para passarem umas horas bem no centro do Minho. E Barcelos será falado em todas as esquinas, pela romaria fervilhando de despojos espalhados pelo enorme recinto, a que se junta a famosa lenda do galo.
 E não só! Espanhóis chegam aos molhos. Já é tradição no 1º de Maio a Festas das Cruzes falam espanhol. E é ver os autocarros de malas abertas com as cadeiras práticas do abre e fecha, onde sentadinhos, saboreiam o farnel feito bem cedinho, para acompanhar as cruzes, até que ao fim da tarde regressem ao seu cantinho.
A cidade enche-se de luz e exultação, com música à mistura e até ao seu final, haverá folclore e bandas conhecidas. Guitarradas e cantares ao desafio. Tasquinhas para se provar as iguarias das festas. 
 São entretenimentos que dão divertimento ao frenesim da canalhada repleta de valentia e repetidamente desafiam a adrenalina e num sob e desce a toda a velocidade, gritam numa acho eu, de alegria.
Matraquilhos, para desafiar quem entra para os que vencem, jogar sem pagar.
Bazares repletos de bonecos de peluche, muitos deles do tamanho de quem os transporta. A abarrotar de gente à espera que lhe saia o número da sorte e possa escolher de tudo um pouco, porque aí existe o que agradar a quem a sorte calhar.
Bifanas e pão com chouriço, saído de fornos a lenha, para, quem fica pela noite dentro em esplanadas que dão para ver quem passa. E assim já se contenta com este jantar, que só a chuva pode resolver estragar.
Churros, farturas. Para saborear enquanto se vai ter ao carro bem longe do centro das festas, porque verdade se diga os parques de estacionamento, são  em terrenos baldios, à entrada da cidade ou por cima dos passeios que nem as rotundas se safam.
Bancadas atulhadas de peças de roupa, de calçado, de relógios, de óculos, de fruta. Enfim um mar de tudo. Num mar de gente, procurando as melhores peças, a preços tão loucos que dá para desconfiar
A batalha das flores. Vinte e tal carros alegóricos de algumas freguesias que compõe o maior concelho do país e lá vão as mulheres e homens de cesto metido no braço, cantando e dançando. Ao mesmo tempo, lançando flores para o povo que enche as principais ruas de Barcelos.
Num ponto estratégico encontram-se e então aí trava-se a batalha das flores que dá um belo colorido às ruas por onde passaram.
Por fim temos o fogo. O ícone das festas.
Dura largos minutos, em múltiplas cores pelos lançamentos seguidos. O céu abre-se num clarão que apaga a noite e lhe dá um colorido diurno.
E em dois saltos chega-se ao rio e novamente o fogo brota, numa intensidade tal que transforma as águas calmas do Cávado num enorme espelho colorido.
Que beleza se transforma a entrada da cidade com todas aqueles pontos luminosos ancorados nos muros que a protegem.
Uns regressam, mas a vontade era lá permanecer, porque o povo já se aglomera, na maioria jovens, sedentos de agradar e ser admirados numa noite que se prolongará até creio eu, ao raiar do dia.

sábado, 27 de abril de 2013

Nem oito nem Oitenta




Ontem calor intenso!
 Penetrando por todos os poros que o corpo acolhe. Água era a solução para combater a desidratação. Em horas seguidas de extenuante labuta.
Hoje chuva miudinha!
 Irritante, que molha o corpo, deixando a roupa ensopada num frio indesejável.
Eis o cenário de um dia para o outro, em que a temperatura desceu 20º, deixando atónitos quem ainda dá os primeiros passos, para enfrentar o Verão. Que se avizinha quentíssimo, já que o Inverno foi rigoroso demais.
Ontem enquanto trabalhava recordava.
Recordava o mar e toda aquela imensidão de areia convidando para longos passeios, com a companheira ideal.
Eu na frente e ela atrás pisando os meus passos, fácil, bem mais pequenotes e assim andávamos metros e metros com a companhia das ondas, que ao longe rebentavam, trazendo o seu fim bem perto dos nossos pés, ancorados uns nos outros.
-Não te enalteças de ter os pés maiores que os meus e assim poderes acolher os meus. Isso, nada representa para o tamanho do meu coração, bem maior do que o teu, que acolhe o meu amor e o teu!
-Será, desafiava eu! E envolvíamo-nos num abraço longo, que dava lugar ao estender na areia macia, colando-nos num só. Ora em beijos ternurentos, passando a entrelaçarmos os membros para nos resguardarmos ainda mais.
Hoje recordava enquanto descansava.
Recordava os passeios no meio de chuva como esta. Que nos apanhava desprevenidos.
Por entre campos sem sombra de gente, com os corpos colados á roupa, realçando as linhas magníficas de um corpo que me fascina. Com os seus altos que a Natureza dotou, onde a minha mão deslizava ternamente. Colando a veste no primeiro momento. Para logo de seguida tocar abertamente.
Regressávamos ofegantes com o cabelo colado ao crânio, dando-nos um ar comprometido pelo amor que deixamos brotar mesmo ao pé das margaridas.
É o oito, ou oitenta de um tempo próprio desta terra, que estafa o corpo. Mas deixa sempre uma porta aberta para o pensamento realçar as recordações.

domingo, 21 de abril de 2013

As muitas luas para Carregar



O sol aqui ainda aquece este coração dorido pela saudade, que a distância não dá tréguas.
Sentado num banco de jardim neste átrio, onde repousam as viaturas que nos fazem deslocar para o trabalho e para desanuviar um pouco o stress diário. Aproveito para um balanço rápido deste tempo cá passado e já lá vão perto de oito meses, depois de uma noite de família (equipa), numa jantarada, toda ela portuguesa.
Foram umas horas bem passadas, onde se conversou de momentos passados recentemente no trabalho, o que é de enaltecer, já que ajuda a melhorar vários detalhes e assim sendo é sempre uma mais-valia para os desafios que se enfrenta logo que o dia nasça.
Recordou-se histórias, passadas pelos mais velhos, em anos consecutivos longe da família e tão perto do roçar da loucura em episódios onde o ir longe demais, poderia e em alguns casos trouxe consequências marcantes.
Jantou-se bacalhau, para matar as saudades de um Portugal cada vez mais longe, como a crise que não o deixa abrir os olhos.
Acompanhado do maduro de Cantanhede, que se misturou com o sangue percorrendo as artérias mais rápido do que o normal.
Antes provou-se um Favaios, que devido a não ser resguardado como deve ser. Deixou as borritas depositadas, mas que não impediu de ser sorvido num trago.
E terminamos com um whisky de quinze anos, alegrando ainda mais a noite e aquecendo um pouco estas almas, amarelecidas com o passar dos meses de saudades que não queremos esquecidas.
E no fim, demos um pé de dança no cantinho do costume, olhando para olhos penetrantes, escondidos por trás do loiro que se estende para lá dos ombros, num corpo de fazer as delícias, num fim de noite.
Mas com olhos ou sem eles a vigiar cada gesto, o importante é aliviar a mente das constantes horas, preso aos andaimes da esperança.
Aliviar o corpo das feridas a cada momento que os vincos abrem, quando são arrebitados aos suportes da nossa aprendizagem.
E olhar para os holofotes de mil cores, que incidem como duches para limpar as impurezas do corpo, sonhando com o amor que deixamos agarrado á nossa próxima chegada, depois de muitas luas carregadas.

sábado, 20 de abril de 2013

O Dinheiro Poderia Trazer ainda mais Felicidade



O jogo do Euromilhôes tornou-se a sagrada esperança para milhões de portugueses e Europeus, sonhar com a riqueza que ilumina a certeza em jogar, porque se não o fizermos, certamente nada nos sairá.
Chega a sexta-feira, milhões jogam na sorte do pouco ou muito. Ou nada!
Todos querem o primeiro prémio. Mas se for o segundo já ajuda a equilibrar a vidinha e talvez sobrando um pouco para os mais chegados da família, que é sempre lembrada nestas ocasiões.
Claro que muitos dão-se por satisfeitos com o segundo, numa espécie de contentamento, já que o primeiro é sempre o mais difícil de atingir e só um milagre, poderá dar esse consolo ao felizardo que lhe sair.
Mas sai sempre! E se não sair hoje irá sair na próxima, ou na próxima… Sair é que tem que sair. Diz o povo e com muita razão!
E como tem que sair a alguém demore o tempo que demorar. Faz, correr com os felizardos num pé só, rumo a um avião para bem longe do bairro onde assenta arraiais. Envolvidos num mar de alegria e felicidade incontida, quase a roçar um ataque que levará tudo a perder antes mesmo de sentir os milhões e milhões que darão para comprar este mundo e o que aí vem!
Estou a imaginar todo aquele mar de dinheiro, que enche uma caixa forte, tipo tio patinhas, onde as notas até são expelidas pelas ranhuras das portas de tanto dinheiro lá introduzido, que de certeza levará à loucura momentânea a quem tem essa fezada. De primeiro nem acreditar que lhe saiu, pedindo a quem está junto a ele: belisca-me, morde-me o braço e até num frenesim canibalesco. Ferra, ferra por amor de Deus, para eu saber que não estou a sonhar!
E á hora marcada, milhões de olhos postos na TV, rezam para que as bolinhas tragam os números do seu boletim e esses mesmos olhos parecem saltar das órbitas e entrar também na roda da sorte. Procurando as bolinhas do primeiro, para as fazer sair pelo palanque e rolarem suavemente pelo corredor metálico e pumba lá está a primeira.
Logo milhões, gritam pela Europa fora! Foi o meu olho, foi o meu olho!
Vem a segunda bolita e ainda milhões voltam a gritar!
Foi o outro meu olho, á grande olho, foste buscar logo o segundo. Só faltam três, esfregam as mãos numa de que é agora ou nunca.
Rola o terceiro e quase um milhão, batem palmas e viram-se para as suas Marias e dizem: já ganhamos algum! Já paga o que gastamos. Reza Maria, tu que vais à Missa todas as semanas. Reza e ao menos que saia mais um!
A quarta salta como quem não quer sair junto das outras. E milhares já sentem um friozito pela coluna acima e tentam esconder a ansiedade de gritarem que já têm quatro números.
E a quinta e última, cai como uma pena. Levando à resignação milhões, que já sabem de Barcelos até ao coração da velha Europa, que não será desta vez que algo de palpável lhes sairá.
Rolam as bolas das estrelas, para iluminarem os que ainda alimentam as esperanças do grande prémio. Que será a loucura total!
Primeira estrela! E milhares vêm logo milhões de estrelas, como se de um terrível soco se tratasse e ficam logo K
O, do resto do concurso, onde estavam perto e agora bem longe, estatelados sem reacção, perante tão grande desilusão.
E chegamos à última bola!
A bola que poderá ser a alegria sem fim para alguns, ou até um só. Das centenas que estão, já sem unhas, a sangrar pelos sabugos e com princípios de incontinência urinária.
E ela sai devagar devagarinho. Para muitos, séculos de espera na saída.
E pronto, ponto final em mais um concurso!
Se não foi desta vez, para a semana terá mais uma oportunidade em ganhar, basta apostar! Finaliza assim a apresentadora, para levantar a moral aos que nada ganharam.
E o vencedor quem foi?
Ninguém sabe e todos querem saber! Tanto dinheiro, tanta coisa para poder comprar!
Duas horas depois o veredicto final! A Europa é percorrida e PUM. O primeiro prémio foi para Portugal!
Acabaram em tribunal, desavindos porque o dinheiro lhes subiu àquelas cabecinhas, apagando um amor que se dizia para toda a vida e foi por água abaixo, com tanto dinheiro que lhes caiu em sorte……