sábado, 30 de novembro de 2013

Como queria, ó se Queria




Despi-me olhando a tua beleza, envergonhado por te mostrar as mazelas. Beijaste-as uma a uma, certa da cura.

Como queria, ó se queria, ter o corpo infestado delas!

É esta a minha vida!
A tua beleza é mesclada de pureza. De um sorriso natural que me ilumina o caminhar e bato firme com a sola da bota, nos aterros antes intransponíveis.
O teu olhar chama por mim e eu, tão distante.
Temo que ele se esbata com a demora e o encontro nostálgico.
Transporto a alegria e a saudade para ao te encontrar despir-me da inquietude e completamente nu, absorver o teu amor que purificará o sangue que corre para dar vida ao coração, que já tem o cantinho para te aninhares.
Sei que estou salpicado de mazelas, que até me envergonho do aspecto delas.
Mazelas de correrias desenfreadas, de cabeçadas sem pensar, de choques físicos sem me desviar.
A todas elas tu beijas certa da cura. Uma a uma com uma ternura admirável. Que pachorra tens tu, minha querida pequenina, para curares as mazelas da minha vida.
Dizes que é o amor que nutres por mim. Que te dá forças para curares essas mazelas e adocicar o teu corpo para fugir das que te importunam.
Como queria, ó se queria, ter o corpo infestado delas.
Era uma dor momentânea mesmo que fosse dolorosa. E a cura a todo o momento de beijos adocicados, de beijos carinhosos, de beijos misteriosos. Seria o sinal do teu amor sem fim.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Vai dar-me tantos Arrepios




A neve chegou ainda parca em transformar a Natureza. Caía como uma pena, de tão fofinha e miudinha.
Juntei as mãos para a receber, num misto de beleza e incerteza. Vai dar-me tantos arrepios, que a irei calcar com raiva de desatino.
É isto, em poucas palavras, o que se passará até a Primavera devolver a vida a invernar sete dedos, bem abaixo do imenso manto branco. Que dominará este país enquanto as aves não sentirem chegada a hora, de regressarem ao seu habitat natural.
Serão dias e dias de mãos dormentes. Que até fazem dor lancinante.
Não haverá luva que suporte o frio, nem a humidade entranhar nestas mãos.
O branco será a cor dominante que chateará mesmo os amantes das descidas de sky. Porque neve e frio mirrando os dias, tira a alegria em poucos dias.
Mas hoje foi mesmo o primeiro dia que a senti levezinha.
Senti-me bem com ela a cair-me pelas costas e embelezando o meu vestuário com pontos brancos, que pouco lá permaneceram. Já que se desfizeram em gotas de água, mas avisando-me que não tarda nada a regressar com a força para ficar.
Só que a neve quando aparece, é sinal que o Natal está à porta. E Natal a entrar pelas nossas casas é prenúncio do regresso.
E quando se vai é a alegria de novo regresso. A Pascoa é a ressurreição das alegrias.

sábado, 23 de novembro de 2013

Quero dar um murro à Vida




Quero dar um murro à vida!
Partir-lhe o focinho para terminar com a raiva. Deixa-la pôr-se de pé e recuperar os sentidos, na esperança de me conceder as tão merecidas alegrias!
Estou farto de a aturar!
Persegue-me de perto ou de longe. Massacra-me os neurónios, fazendo-me correr atrás do prejuízo.
Que prejuízo? Que mal lhe fiz para me roubar o sorriso diário ao ver os putos chamando-me pai a qualquer hora.
Que saudades de os ouvir: ó cota dá-me dois euritos, para ir comer um bolito com o pessoal do costume.
Eu dou-te o cota! Resmungava eu com cara de poucos amigos, mas no fundo curtindo a chalaça da criançada.
São três, cada um à sua maneira roubavam-me o espaço e ocupavam-me o sossego.
Queria lá saber do sossego!
Queria era estar com eles, mesmo que enchessem a casa com as músicas deles. Com os filmes deles. Com as novelas deles.
Queria acompanha-lo ao futebol onde me ria com as zangas com os amigos, devido a lances de golos falhados. Ou golos consentidos.
Queria acompanhar o pequenote ao Basquete. Onde ficava orgulhoso por vê-lo fazer cestos como quem chama por mim.
Queria levar a miúdita às festas das amigas avisando-a que até à meia-noite era o toque de retirada. Já que à porta da festa barulhenta estava o pai com cara de homem severo.
Severo, eu?
Não faço mal a uma mosca. E eles, bons filhos, aproveitavam-se disso e: paizinho deixa-me estar mais um pouquinho, por favor.
Vá lá mais meia horinha. És o melhor pai do mundo! Arrepiava-me todo só de ouvir isso.
Vá lá vida, abre o teu coração do tamanho deste mundo e abraça este corpo fragilizado de ansiedade. Para estar com esta maravilhosa descendência, que é a razão de eu ser tatuado de nódoas negras, ainda o dia é o descanso do sono dos justos.
São mais vinte dias, meu lamecha e logo estarás à porta de casa, fazendo da surpresa a alegria da pequenada.
Obrigado vida e procura aliviar o meu trilho. Já que te dou a mão para seguir para onde quer que vás, o teu caminho.

O Pôr do Sol às Dezasseis horas




O pôr-do-sol às dezasseis horas, a maravilha da Natureza.
Não tarda, está para lá dos montes e regressa pela manhã para mais um dia!
A noite aproxima-se e o final de mais uma jornada de trabalho acompanha-a.
É o Inverno a caminhar a passos largos para cobrir esta terra de frio e neve.
Paro um pouco e admiro a intensidade da sua luminosidade.
Que espetáculo!
O local onde me encontro, oferece-me esta beleza que a Natureza por vezes nos brinda, apesar dos constantes atropelos à sua natural permanência no planeta.
Sinto-me a galgar o espaço que me separa dele, mas quanto mais corro mais ele me foge.
Não vás para o outro lado do mundo, grito eu com toda a força.
Sei que sou um pouco egoísta, já que do outro lado, estão milhões e milhões de pessoas à espera que ele nasça para aquecerem o seu dia e seguirem o rumo que cada um entende como o melhor.
Mas é tão bom o dia quentinho com este sol a aquecer o corpo e as fragilidades que ele carece no dia-a-dia.
Ao lado encontra-se a central a carvão bem visível, que liberta todo aquele fumo dia e noite.
Que paradigma!
Mas liberte o fumo que libertar nada vai impedir de os últimos raios de sol, chegarem até mim, para me aquecer antes que a temperatura desça e o frio trespasse os ossos.
Uns minutos depois volto a passar no mesmo local, numas idas e vindas para reagrupar material.
E o sol lá se foi. Deixando o escuro tomando conta do seu poiso e um olhar triste como se algo tão querido me fosse roubado.
Ainda passei algumas vezes nesse local e do sol nem vestígios.
Só a noite dona e senhora de umas longas horas, toma o seu lugar e de olhar arrogante, obriga-me a retirar desse local.
Ainda bem. Porque é chegada a hora de regressar.
Regressar ao quentinho do lar.
Mas aquele pôr-do-sol belo, belíssimo. Não me saiu do olhar e adormeci agarrado à sua beleza sabendo que ao acordar mesmo com um dia cinzento ele estaria meio encoberto para aquecer o meu dia.