domingo, 23 de junho de 2019

Vou e Venho


Chego, parto!
Já faço do avião o meu berço, para embalar as saudades. E o meu banco de cinto apertado, para não deixar fugir demasiado a ansiedade.
Por entre estes mimos que fazem já parte do meu curriculum, estendo-me ao comprido, num ninho bordado a linhas de ouro. E num lar, com chave de laçarotes gravados.
São três dias. São quatro!
São dez, são...... os que consigo comprar ao salário que me está destinado. Cada mês duramente palmeado.
Cada dia é como se fosse o último.
E o último é como se fosse, o fosso enorme que me vai separar por milhões de piscar destes meus olhos. Até um dia os abrir quando sentir o grito de alegria que ouço, ainda do outro lado. Um olho não se despegou do oráculo.
E tremo a cada solavanco destas aves de penas tão lisas que metalizam, a paisagem.
E suspiro a cada poiso no alcatrão. Depois de as patas redondas travarem o ruído de mais de duas horas, pelo céu de cinco países!

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