sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O mar e as fanecas



Finalmente fui ver o mar!
Calmo e sereno. Com um punhado de pescadores a aproveitar a subida lenta da maré, para sacar uns peixes que regressam ao conforto dos penedos na busca da bucha para o seu crescimento.
Eles lançam, eles recolhem e nada na bucha dos seus anzois.
Caminhei um pouco, agora que recupero da cirurgia dolorosa.
Longos dias fechado. Longos dias sem respirar o ar que expulsa o sabor cirúrgico. Foi agradável, sentir o ar marítimo e o iodo como brisa.
Foram poucos minutos. Foram longos momentos que o meu corpo sentiu a calma tarde num trajeto tão querido.
Regressei já com dores. Normal dizem os entendidos e que ainda me espera muitos mais, numa recuperação demorada.
Mas o sorriso voltou!
Estou amparado por uma alma bendita. Que tudo me oferece, esquecendo tempos que me via só, tão longe e tão perto.
Tanto amor que envergonha meu espírito, de tanto oferecer e a nada receber!
Nisto olhando as bancas do peixe que durante a manhã foi recolhido pelos habituais consumidores, reparei nas fanecas  gorduchas que me agitaram o estômago para uma ceia de desejos.

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