Viajei sete horas e meia, embrulhado em sacos
e apertado por dois colegas.
Tudo devido a dois deles terem desistido de,
continuar a trabalhar na firma e guardarem-se em copas, arrastando para uma
viagem desgastante os restantes colegas, que por direito gozavam o merecido fim-de-semana.
O veículo mais se assemelhava a um bote de
peregrinos ilegais.
Pudera. Sem comunicarem a sua decisão á gerência,
o transporte foi organizado como uma normal viagem e quem pagou todo o
desconforto foram os restantes, sujeitos ao desconforto extenuante de uma
viagem já de si atribulada, pelas intempéries do tempo.
Os sacos tapavam a parte de trás do veículo e
outros mais tiveram que ser entaipados, nos exíguos espaços, que seriam para
esticar as pernas de uma longa viagem. Dando um aspeto de marroquinos
carregados de bugigangas para ganharem a vida.
De um
sol que no início até alegrava por entre conversas, dos que rumavam para outras
paragens na procura do eldorado. Logo deparamos com uma violenta queda de neve
que deixou sem fala, quem ainda aguentava o desconforto que não tardava.
Parávamos para esticar as pernas e aliviar as
dores no rabo farto de deambular para os lados.
Mas o frio era terrível e logo rumávamos para
um dia ainda com a tarde para dar visibilidade á estrada, mas o negrão das
enormes nuvens transformava numa ameaçadora tempestade.
Eu e mais outro, só queríamos o aconchego de
quem nos aguardava.
Cientes que depois de dois ou três dias, lá teríamos
que regressar aos escombros do pais vasco, ajudando a abrir as acessibilidades
para juntar cidades que a natureza obrigava a separar.
Os restantes viviam a ansiedade de chegar,
para organizar o que eles sabiam terem conseguido, melhorar nas suas vidas.
Para uns melhorarem o seu futuro, outros
sujeitam-se a carregar as malas da mudança. E como quem muda D eus ajuda. Que tenham toda a sorte do
mundo e não se esqueçam que todos contribuímos um pouquinho que seja, para a
felicidade de alguns.
E neste cenário custoso, cheguei a casa mesmo
assim disposto, a correr para os braços de quem me trás ansiosamente pelas
estradas tao longas que separam os dias bem longos desta encruzilhada.
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