terça-feira, 6 de janeiro de 2015

E o Tempo Voava




Mais uma vez tentei ficar perto de quem nos faz sorrir e de quem nos ampara nas noites gélidas.
Mas mais uma vez fiquei pelas promessas.
Ou melhor, desta vez a resposta foi mais fria, que se infiltrou bem fundo. Parando por momentos as batidas de um coração enrugado pelas emoções.
Foram seis meses esperando, sonhando, acreditando. Numa resposta afirmativa.
Partilhei o meu desejo com varias pessoas, que conheciam bem aquela casa.
Inicialmente, apresentei-me com alguém que conseguiu que preenche-se o formulário, olhando aos préstimos oferecidos nessa casa.
O primeiro passo estava dado e esperar era a ansiedade que os dias não cessavam.
Como parado nada caia do céu, voltei lá e procurei alguém que estava bem dentro das vagas que pudessem surgir e eu fosse apontado como a pessoa adequada.
Ficou a promessa de que seria logo informado, para ser dos primeiros a esgravatar pelo lugar.
E o tempo voava!
Já a raiar o desespero, “obriguei”, os meus pais a arrastar os pés de uma longa vida e ofegantes, foram ter com uma pessoa com conhecimentos que sobravam, para ser o primeiro a conseguir a colocação tão almejada.
Ficaram na saborosa expectativa, de obter a resposta logo no dia seguinte, onde pessoalmente essa pessoa que já figura nos placards de cada rua. Prometeu dar, em primeira mão.
A resposta nunca chegou e pés ao caminho, voltei a essa casa com mais uma pessoa.
Pessoa essa, que viveu lá toda a sua vida. Oferecendo a sua sabedoria e nunca esperou nada em troca.
Finalmente pensei. Através desse alguém, que iria obter algum (finalmente) feedback.
E num entusiasmo que fez brotar um sorriso florido, ficou o prometido: “ande sempre com o telemóvel consigo, porque será chamado para a entrevista obrigatória”.
Voltei alegre como um miúdo que acaba de merecer a prenda tão desejada.
Mas o raio do tempo passava e olhar para o telemóvel varias vezes ao dia era um stress impossível de afastar.
E o tempo voltou a voar e passados dois meses, voltei novamente lá.
Desta vez só, sem sorrisos e pouco otimismo!
Dito e feito!
- Bom dia menina lembra-se de mim?
-Sim, é o senhor que veio preencher o formulário….
- Sim, sim esse mesmo!
- Olhe, nada surgiu. E para já nada existe. Um bom ano!
Estendeu-me a mão e voltou ao seu lugar!
Seis meses onde tudo fiz, para ao menos tentar uma simples entrevista.
Rodeei-me de pessoas influentes. Umas, tudo fizeram para que ficasse bem perto de uma família que acabou por se partir em dois.
Outros prometeram e nem uma palavra para abafar a ansiedade.
Só me resta carregar as malas, esperando uma longa caminhada.
Mas a maldita nostalgia, não deixa arrefecer as saudades.

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