Soltei as amarguras do corpo e libertei o coração
das amarras amorosas, que se eternizavam em actos piedosos.
Caminho por entre calçadas esculpidas pelos
portugueses que se amarram onde houver trabalho e em cada canto, lá está um
tuga acampado.
Levo os ainda cabelos com poucas brancas
soltos ao sabor do vento, de encontro às portas que se abrem para me afagar
Sou um homem mimado, que procura a chupeta
num leito mais pequeno que uma manjedoura, mas asseado por lençóis inocentes.
Vou e venho, de trem ou em passo acelerado. Numas
horas de pausa da semana, bem durinha para a minha idade.
Mas eu sou um puto!
Um puto crescido, com uma vontade em viver os
dias bem longe de alguns, mas tão perto de mim.
Um puto que teimam em ofuscar o sorriso, num
rosto já evidenciando vincos de batalhas arquivadas, mas cativa cachopas de rabo
empinado.
Um puto com mazelas já evidentes onde nem o
creme hidratante, faz esconder as porradas diárias nos socalcos não areados.
Um puto com impertinência, no meio de putos desafortunados
que insistem descaradamente em vícios ancestrais, que os levarão para a cova
mais cedo do que contavam.
Um puto por vezes pancado, que grita o que
lhe vai na alma quando o cérebro farta-se de uma rotina forçada.
Um puto….
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