domingo, 20 de março de 2011

A Terrinha Agora Muito Procurada


O casal da casa ao lado encostada à esquerda da estrada, dando largo passeio para quem vem de cima, poder fazer a curva outrora acentuada, mas agora desanuviada. Já reformados depois de longos anos para lá das nossas fronteiras que acolhe de braços abertos milhares de imigrantes. Trata do terreno nas traseiras da casa de dois andares, amarelada no de cima e de pedra no térreo.
E depois de três dias a abrir os rêgos com o tractor como auxílio, revolvendo a terra por sinal bem preta, sinónimo de excelente para a sementeira. Estão agora a lançar as sementes a cada passada, num esticar do braço depois de as ir buscar ao balde bem seguro pela amarra no outro braço. Como se estivessem a lançar pétalas de flores nas festas da cidade, famosa romaria que dá inicio às romarias que a partir de Maio se realizam pelo país fora.
Certos, que daqui a uns meses colherão os legumes para consumo caseiro e quem sabe para vender pela vizinhança, o que não é certo, já que os mesmos seguem-lhe as pisadas. Mas a feira semanal é o local ideal para escoar os excedentes, dado que duas bocas nunca mastigarão aquela boa área que tem mangas para fazer nascer e vender.
Continuando a observar, noto que estão alheios a quem passa. Bem metidos nas tarefas idealizadas, sabendo de antemão o que cada um sabe o que tem a fazer.
Um, de enxada na mão tapando os rêgos onde o tractor não chega, ouvindo-se o choque da enxada nas pedras que a terra também é fértil. E o outro alisando a terra com o tractor para cobrir as sementes, antes lançadas. Protegidos pelo sol bem forte, através de chapéus de abas largas já denotando melhores dias e claro, para andar no campo, vestes pobrezinhas porque a terra tudo suja e tudo gasta.
Nesta fase da vida onde a margem de manobra para levar as contas até ao fim do mês já é necessária ginástica que se sobrepõe à desportiva. Nada melhor que meia dúzia de palmos de terra e animais de capoeira, para colher o que se pode poupar e mais que isso, saber o que se vai comer.

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