sábado, 21 de maio de 2011
As Cegonhas Desistiram
As cegonhas desistiram da velha fábrica, com a chaminé bem alta, como segurança do seu ninho.
Soube pelos curiosos que se encostavam à sombra do café da ponte, que tinham fixado o seu lar (ninho) numa freguesia no limite do conselho.
Aproveitaram os postes da Refer, junto a uma ponte com o ribeiro a correr calmamente e a vista do mar a reduzidos quilómetros, quem sabe, para dar a frescura necessária aos filhotes que não tardarão.
Foi-se uma imagem que parecia real. Como real é a vida de cada um de nós neste emaranhado de sensações.
Para uns a certeza de nada ser como dantes. E para os restantes, a rotina incessante.
Tentamos abstrairmo-nos das notícias que enchem este país.
São arrasadoras em demasia para quem ambiciona concretizar sonhos, Implementar projectos, ou candidatar-se a oportunidades.
As portas fecham-se como correntes de ar raivosas. Deixando-nos com a esperança trancada e num virar de costas, saímos resignados mas não derrotados.
O dia seguinte será o contínuo toque toque, em madeira de pinho, ou campainha de alumínio.
Para darmos de caras com rostos impassíveis de nada ter para oferecer. Ou demasiado optimistas, para nos pagar uma mão cheia de nada. E a outra pronta a receber horas e horas de ganhos, depois de suportarmos o purgatório de incutir algo, a quem já milhentas vezes foi proposto.
As cegonhas batalharam na procura de um recanto para aconchegar-se ao poiso da segurança, depois de se verem arredadas do lar, lá para os lados de Viana, que muitos anos ocuparam na multiplicação da família.
Poderá não existir poiso para todos. Mas é olhar bem alto, de cima para baixo e encontrar a cama para o merecido descanso.
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