quinta-feira, 11 de maio de 2017

Sem carinho, mas com Companhia




Trabalhei 13 horas, a fazer a minha obrigação e a ajudar os outros!
Ainda, por cima, a nós ninguém nos ajuda e claro. Somos escravos de quem amolece o corpo na rotina de um país, que vive dos emigrantes sedentos dos euros, para amortizar as dificuldades da família bem longe.
Estou no meu quarto a tentar que alguém me ofereça um carinho e, nisto?
Uma enorme aranha invade o meu aposento aproveitando a porta aberta, para deixar sair o fumo dos cigarros que são quase comidos.
O meu colega, rude de uma vida duríssima desde criança, apresta-se a matar este bichinho negro mas belíssimo.
De chinelo no ar, já vai a meio caminho de colar a aranha à parede.
Mas num grito, paro os seus intentos e, consigo que ele, meio envergonhado a encaminhe de volta à varanda, de onde apareceu sabe Deus como!
Vivo no meio da montanha e da árdua tarefa do dia-a-dia, a corresponder ao que me é exigido.
E quem me faz companhia é uma aranha negra, a trepar as paredes, talvez esperando que a luz se apague. E dois negros humanos, se deitem para umas horas depois. Se voltem a levantar, ainda a remela dos olhos não deixam que eles se abrem para: sei lá mais quantas horas, voltar a desejar uma cama maravilhosamente macia.

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