A noite foi tão longa, que o meu corpo se
assustava com a iminência do toque malvado.
Despertou ainda ela esfregava os olhos e
satisfeito, voltou-se para o lado quente, deixando-se adormecer de novo.
Como o hábito faz o caminho diário do
trabalho, lá estava ele prontinho para saltar da cama, ainda antes de ouvir o
som ruim.
Mas hoje não se ouviu nenhum som!
Só o vento abanava as entranhas de madeira e fazia
balançar as já gastas portas maciças, que protegem os vidros naqueles dias, que
nenhuma alma se atreve a por um pé lá fora.
E de novo se voltou para o lado. Desta vez, o
lado que mostra todo o quarto. Apinhado de roupa escura que por momentos, formam
imagens que tentam- me agarrar na penumbra.
Por fim o dia nasceu e a claridade rompeu!
Que maravilha sentir que a cama era minha. Sem
horários para me arrastar pelo soalho, à procura da roupa espalhada.
Que delicia, sentir o corpo esticado tão leve
como uma pluma, sem ferramentas duras que o martirizam. Nas trincheiras das
máquinas longas e frias.
Que beleza, deixa-lo sonhar com a delicadeza
do toque. Das princesas que fazem parte da minha história.
Por fim, já farto de tanta moleza, deitou os
pés de fora e procurou o banho quente.
O fim-de-semana bateu à porta.
Era chegada a hora de procurar momentos, que
o fizesse soltar-se como um adolescente. Na procura de fragmentos para atenuar,
as saudades que não demoram a encontrar-se.
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