domingo, 18 de agosto de 2019

O futebol que imergia os sonhos



É pura verdade que vivemos o  futebol!
Vivemos a emoção.
O calor que antecede o encontro.
As bifanas fumegantes e as cervejas fresquinhas, com o porta chaves a servir  de abre cápsulas.
As vestimentas garridas e os filhos com os ídolos gravados nas camisolas coloridas.
Os gritos de euforia, a cada golo que beija a rede adversária.
O abraço da vitória merecida ao filho ou à mulher, que veste a cor do clube do marido.
Por vezes o reverso da medalha!
As lágrimas dos miúdos que não são contidas, com a amargura da derrota e por vezes aparece, já a tardar o apito final que daria a glória.
E o regresso?
Dois fios na navalha!
A felicidade que vai perdorar dias a fio!
Na escola com a mochila vem à vista dos colegas com o emblema já centenário. A sobressair e a irritar o resto da malta.
Por outro lado, a tristeza de acreditar em ser a noite mágica. E regressar com as lágrimas a fazer carreirinho naquele rosto de menino, cheio de ilusões puras que sabiam ser a vitória como dado adquirido!
Tudo simples, tudo puro!
Tudo como dita a nossa consciência.
Longe das maldades da vida, que adulterou o futebol puro, em lavagem de resultados para servirem os grandes investidores dos vários continentes.
Mas a nossa consciência repousada na entrada do estádio da cidade, que nos viu crescer para a beleza do futebol. Leva-nos a acreditar, que cada jornada é, o acreditar na verdade pura do rolar a bola nos pés dos predistinados e oferecer-nos a vitória por um lado e a derrota resignada. Num desporto que nos eleva a adrenalina por mais uma semana.
Feitas as contas.
Por mais que nos enganem com os investimentos milionários, em miúdos que ainda são feijões verdes a desbotar nas pradarias sequiosas por heróis cristianos.
Sem se aperceberem das tendências cranianas que lhes podem moldar a vida para outras paragens.
Mas nós ferverosos adeptos!
Adeptos, do futebol genuíno, que nos corria no sangue. Leva-nos para qualquer estádio,
vendo a relva que nunca nos ofereceram.
A multidão, que nunca nos acolheu.
As imensas cores, mais parecendo o arco íris divinal que medeia a zona abençoada.
A juntar o hoje e nosso tempo. Como o tempo da verdade desportiva.
Adorava os caralhos dos treinadores a cheirar a bagaço.
Adorava os diretores a prometer prêmios de vitória, saídos do próprio bolso.
Adorava saber que um golo era festejado pela filha do taxista, que nos levava a casa de borla, a cada final de treino.
Adorava chegar à cidade duas horas antes do jogo e comer o croissant com o pingo direto do patrocinado. Que juntamente com os poucos da vila aficionados, ofereciam o disco que já semanas se aguentavao top europeu, no golo da vitória  alcançada.
Isto sim é futebol que mereça ser vivido!!
Isto era a pureza de saber que, horas depois de abraços e merecimentos. Tudo voltava ao normal da vida e horas depois o despertador tocava acordando a vizinhança e fazendo-o estremecer para a realidade, que num ápice tudo mudava.

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