segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Do longe se faz Perto

 Estamos bem longe, e o nosso apetite de nos sentirmos é tão devastador. Que nos aproxima mais perto, do mais perto, que já nos encontramos.

Os nossos corações unem-se, com os momentos ainda tão recentes, que sentimos o seu bater, a cada desenrolar do novelo fofinho de cores mistas como o arco íris. Que  já leva as quatro estações, a desenrolar delírios e adorações. 

Sentimos os nossos sorrisos para lá da tela sagrada que nos divide o físico, mas mais aproxima, o nosso gémeo espírito.

Estendemos a nossa mão para lá da tela sagrada, só para sentir o perfume que se esvaia pelo orifício carnal, que une dois corpos já sem regras e sem norte.

Recordamos conversas infinitas, quando levamos a comida de cada um, à boca que não é de nenhum. Porque o sabor já é só um. Em telhados de vidro, para que seja vivido.

E neste divinal clima, estamos longe mas tão perto, que quando a aeronave aterra, simplesmente olhamos para o nosso as moroso aspecto!

 










domingo, 30 de agosto de 2020

Escolheram este Governo


Como é possível o Presidente da República responder a uma cidadã, revoltada com o estado da nação, onde uma semana antes lhe  levou um amigo fruto da nulidade de defesas para enfrentar o futuro. Responder: " a maioria dos portugueses votaram neste governo!""

Não foi a maioria!

Foram os que preservam a panelinha e levam sempre consigo o vizinho!

E ingenuamente o Presidente de "todos os portugueses", mostrou que está lá para as selfies e para manter a cadeira da sua frutuosa carreira política. Onde uma vez mais mostrou que é um derrotado de nascença!

Somos o que somos!

Já não basta uma só aparecer, no meio de uma cerimônia e bradar aos céus ( foi mesmo), já que do Presidente recebeu, a mensagem mais incrédula que se possa imaginar do maior símbolo da nação!

E já não acredito, que nem o aglomerado do povo português. Possa mudar este país!!

Dado que.

Os fortes imigram!

Os inteligentes imigram!

Os filhos de pais que venderam os anéis e quase iam os dedos para se formarem em doutores num país deserto de oportunidades, imigraram!


Ficaram, os que deviam de mudar o PAÍS!!

Reformados espalmados na reforma que em tantos anos descontaram para viveram como viviam e nem isso conseguem.

Ficaram os desempregados que lhes oferecem emprego tão longe de casa que no final do mês nem ganham para pagar a prestação da mesma casa.

Ficaram os empregados de salário mínimo, a enriquecer o empresário e quando ao fim do dia chegam ao lar, descarregam na família o stress que já ultrapassou a linha do precipício.

E ficaram os arrumadores, prontos a estender a mão á moedinha para matar o vício de quem. Em sorrisos expostos transporta a desgraça que desfaleceu milhões de famílias inteiras.

Ficaram os lambe botas e os seus filhos, prontos a seguir as botas!

Perante isto: Nem a chegada do Bloco. Pensava-se que de betão serrava qualquer fuga. Foi logo maneatado, pelo líder carismático "Ó Costa".

Segue-se o Chega de peito feito. Dando brado às suas reivindicações!

Já se houve a outra parte do nosso infeliz destino: " Se o Chega moderar as investidas, poderá existir uma aproximação positiva.

Não tarda calam-se as vozes e continuamos a partir nozes, a quem Deus não ofereceu dentes!!

Acredito piamente que embrulhados nas mantas com remendos aos quadrados. Milhares imaginam que só surgindo pela calada da madrugada, surpreenderemos a cambada refastelada!!

sábado, 25 de julho de 2020

Ansiedade



A espera cria saudade!
Cinco meses sem pisar uma fronteira. 
Sem sentir o céu tão perto da janela da aeronave.
Sem sentir os suspiros ao transpor as portas da gare nortenha.
A ansiedade adianta o stress.  Nestes últimos dias de regressar.
Cada hora é um montão delas.
E cada dia, encurtar os dias não parece.
Nada existe para os diminuir, mesmo dormindo o tempo todo para acordar no dia seguinte.
Na graça de Deus, como dizia a minha santa avó. Que acredito lá na esquina do céu, sentada ao lado do fogão que aquecia o café para espalhar o sono dos jantares mensais. Abre o coração para me indicar o caminho do amor que me espera.
Enquanto a espera se acentua no imaginar do momento da partida. Levito na música e no rosé italiano, depois de degustar o peru assado.
a semana que me falta para regressar!

domingo, 19 de julho de 2020

Voei sem ter Asas



A semana foi chuvosa e muito húmida.
As montanhas soltaram toda a água que se acumulou e encharcou os caminhos serpenteados, que levam a toda a parte deste paraíso natural.
Hoje o sol despontou!
Com tanta raiva como se reivindicasse, o momento estival como dele e afagou as folhas soltas dos trilhos deixando que os meus tênis, não se enterrassem na lama já meia enxuta e encurricada.
Hoje senti-me voar mesmo não tendo asas!
Senti-me no cimo das montanhas para conhecer como elas olham para onde   repousa o meu cansaço e a minha saudade.
Onde repousa o meu presente e se abre o meu futuro.
Mas quis ir mais longe!
Voei até ao pico do céu e deslumbrado fiquei com a beleza do seu infinito.
Tive tempo de colocar nomes às nuvens e as que se cruzaram comigo foram batizadas com os nomes dos aeroportos já conhecidos.
Porque é o céu que me guia de regresso a casa e de volta a este cantinho.
Aterrei na minha varanda num fim de tarde ameno, com um jantar pleno!




domingo, 28 de junho de 2020

Da prancha sem heroísmo



A noite foi chuvosa e iluminada pela luz intensa dos raios assustadores que desenhavam linhas no céu escuro, como o destino que está traçado nas linhas das nossas mãos.
Pela manhã voltou o calor que sufoca a necessidade de respirar e só no arvoredo maciço, se busca o limpar do catarro maldito.
Caminhei tão rente ão lago, que os pés sentiam o húmido das folhas oferecendo-lhe a  suavidade do que busquei do nada.
A prancha dos mais afoitos em espaldar-se na água, estava convidamente adormecida. O ranger do seu balanço, era o silêncio da minha passagem.
Olhei-a por momentos e em segundos mergulhei num impulso!
Mergulhei no vazio do meu pensamento e o choque da água fria foi, o entupir o meu espírito.
Senti o meu regresso à tona sem sair do tronco redondo que servia de banco. Onde imaginava, todo este balanço.
Senti a pressão da água a reduzir a violação  da sua transparência e o lodo cobriu o meu inspirar, enquanto o meu mergulho se reduzia ao estático da gravidade.
Senti que quando mesmo jovem, os meus mergulhos eram rasos e curtos. Para rapidamente regressar à segurança do baixio dado que heróis, têm o mundo cravados em lápides húmidas de lágrimas escuras.
Dos trinta graus de ontem, aos de hoje. Só a frescura da água a cheirar ao húmido da terra, oferece a tranquilidade e a paz que mereço!
E continuo a gostar os dias para voltar à terra prometida!

sábado, 20 de junho de 2020

Cortei três fatias


A tarde está amena com toda a frescura para curar as mazelas da semana.
A varanda oferece-me o espaço para sorrir enquanto escrevo, porque nada devo.
Estou apaixonado pelo que me rodeia e pelo que penetrou no coração.
Espero ardentemente que as férias por fim cheguem, antes que se volte a fechar o país ao mundo. Para abraçar quem me acolheu nos seus braços, quando já nem descobria onde descansar o meu cansaço.
Cortei três fatias de pão broa e pinceleias com manteiga.
Tão fofinho, tão apetitoso que delícia!
Recuei muitos anos para voltar a sentir esse gostinho!
De pequenino era o que me valia. Agora oferece-me a primazia de recuar o tempo e sentir com o mesmo sorriso, a sensação de algo que recorda duas fases distintas da minha grata vida.
Pequenos pormenores, que me faíscam nas memórias.
O tempo arrefece e a frescura deixa de ser tônico.
Tempo de preparar o jantar e sentir que apesar de a vida serem dois dias, oferece sempre uma oportunidade para conseguirmos dar aos sonhos que partilhamos, a realeza que desejamos!


sábado, 13 de junho de 2020

Calor sem frescura


O calor abafava o pensamento e restringia a disposição para uma sesta já normal.
O almoço foi intenso e o vinho morno e doce acompanhou a intensidade da sofreguidão.
Nada melhor que caminhar ao longo das margens do lago para que a frescura aliviasse o calor interno.
Mas o calor abafava qualquer abertura sem, uma aragem para fazer correr a frescura.
Nisto encontrei um poiso onde podia sentir a humidade da erva das chuvas da véspera e o leve riscar na pele que elas me faziam.
Que sensação esticar o corpo naquele ninho verdejante mais se assemelhando, à toca do Aladino onde me ditava através do esfregar a lamparina. O meu destino.
Permaneci um bom bocado dos meus sonhos e dos ainda quentes momentos. Estirado naquele bunker verdejante.
Contei por minutos as folhas que faziam de teto a esta casa das bonecas, se fossem meninas que cá estivessem.
Contei por minutos os passos no trilho ao lado. Mas nesses minutos ninguém deu sinal de vida, nem as folhas caídas, sofreram qualquer peso no seu extenso manto caído.
Contei por minutos, o tempo que lá permanecia!
Cinco, dez. Mais de uma dúzia, talvez uma meia hora.
Regressei de encontro ao lago e no estrado em madeira, sentei-me enfiando os pés na borda da água até que os senti frios, o que me refrescou o espírito!