sábado, 13 de junho de 2020

Calor sem frescura


O calor abafava o pensamento e restringia a disposição para uma sesta já normal.
O almoço foi intenso e o vinho morno e doce acompanhou a intensidade da sofreguidão.
Nada melhor que caminhar ao longo das margens do lago para que a frescura aliviasse o calor interno.
Mas o calor abafava qualquer abertura sem, uma aragem para fazer correr a frescura.
Nisto encontrei um poiso onde podia sentir a humidade da erva das chuvas da véspera e o leve riscar na pele que elas me faziam.
Que sensação esticar o corpo naquele ninho verdejante mais se assemelhando, à toca do Aladino onde me ditava através do esfregar a lamparina. O meu destino.
Permaneci um bom bocado dos meus sonhos e dos ainda quentes momentos. Estirado naquele bunker verdejante.
Contei por minutos as folhas que faziam de teto a esta casa das bonecas, se fossem meninas que cá estivessem.
Contei por minutos os passos no trilho ao lado. Mas nesses minutos ninguém deu sinal de vida, nem as folhas caídas, sofreram qualquer peso no seu extenso manto caído.
Contei por minutos, o tempo que lá permanecia!
Cinco, dez. Mais de uma dúzia, talvez uma meia hora.
Regressei de encontro ao lago e no estrado em madeira, sentei-me enfiando os pés na borda da água até que os senti frios, o que me refrescou o espírito!





Sem comentários: