segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Auto-Estrada Tão Livre



Galgo a auto-estrada num rumo certo para a desfolhada.
Desfolhei duas horas e dois quartos, de quilómetros até ao centro do país já com Lisboa a dez euros de gasóleo.
Parei em Pombal para tomar um café. E somando mais um café, dois bolos que nem chegaram ao fundo do estômago, duas garrafitas de água que cabiam no bolso, logo o funcionário, pregou-me com um recibito de sete euros e trinta. Porra, será que tenho cara de turista japonês!
Está a ser difícil sair de casa neste país!
Mas hoje saí e chegado ao destino, faltando dez minutos de estrada, para encontrar a quinta abençoada, que nos iria dar repouso e discursos a raiar o fanatismo de quem mais vende, mais ganha. Bem cedo, porque já pouca gente se mete na auto-estrada, só em portagens e combustível, é uma dinheiraça. Dá para a cafézada todo o mês e lanches para a pequenada.
Gozei um pouco de Leiria onde aproveitei para lavar o carro, entrando na estação de serviço pelo sentido proibido, o que deixou com ar atónito os condutores que se prestavam para sair. Prontamente pedi desculpa levantando a mão, com ar de quem não era dali e como tal tudo é justificado.
E chegado à Batalha com o mosteiro grandioso a marcar a paisagem local de séculos de história, com o bater do meio-dia e o fim da missa domingueira. Onde as marcas no granito de tanto calcorreado formam conchas enormes, onde escondem o calçado dos visitantes dando a sensação de todos eles andarem descalços.
Mas o mosteiro não era o objectivo deste encontro, embora a sua beleza e grandiosidade superasse a barafunda a irradiar a vulgaridade. Mas na tal quinta, onde perto de quatrocentas pessoas se juntaram para uma tarde como já disse, de comida. Num levantar sentar, de prato na mão e de discursos a soar ao mesmo, ou seja: este ano foi bom, mas para o ano que se inicia terá que ser bem melhor!
Convive-se um pouco, conhecesse gente anónima que com o decorrer das primeiras trocas de palavras se descobre sempre algo em comum. Claro que quem está na nossa mesa, acaba por se juntar ás conversas, mesmo que seja de circunstancia.
Depois do almoço dá-se inicio à condecoração dos melhores vendedores de uma marca de produtos naturais que já percorre o país de lés a lés, entrando nas ilhas como ondas gigantes que galgam as marginais e inundam os bancos de jardins dos reformados habituais.
Uma pausa para a banda de um duo de trazer por casa, com as canções decoradas pelas pautas bem em frente dos olhos, dos cantores foleiros que inundam as romarias de Verão. Onde quase todos dançam num bater do pé, por entre sorrisos e alegria de quem saiu de casa para comer, já que pagou. E dançar o vira, já que cá chegou.
E por fim a entrega dos prémios aos melhores dos melhores, já que todos amealharam um bom pecúlio com a sua entrega para venderem mais e mais, mesmo sacrificando os momentos que não ficam registados, dos sorrisos maravilhosos dos filhos nos teatros natalícios, com as cadeiras vazias dos progenitores virados fanaticamente para as correrias do vender mais e mais, para garantirem o primeiro lugar numa ânsia onde o dinheiro se eleva a tudo.
Nós regressamos rapidamente para casa, onde umas horas deram enormes saudades de estar com os filhos e pensando em vender algo que tem particularidades positivas, para substituir o que nos impingem diariamente no aliviar do que se incuba no nosso corpo e na nossa mente.

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