domingo, 30 de janeiro de 2011

O Sol que Aquece os Corações



Sol, belo sol!
Enche o rosto de alegria e o corpo de calor a cheirar desejomania.
A praia está tão bela, com o mar tão calmo que embala as gaivotas adormecidas no seu dorso.
Regateio o peixe de uma dúzia de bancas a abarrotar de curiosos e poucos compradores.
Numa das bancas, o polvo vende-se pelo tamanho. Os mais pequenos, a preço de todas as carteiras. E o maior, daquele que faz lembrar o Natal, poucos lhe chegam já que pesam mais de cinco quilos e custam os bolsos cheios de eurinhos.
Tem robalos ainda a abrir e fechar a boca, num terminus de vida, a convidar quem tem desejos e o quer bem fresquinho. Mas o preço do quilo faz fechar a boca de espanto a quem se aproxima das bancas.
Compro fanecas grandinhas, que pouco se vêem nas peixarias da porta de casa.
Também trago dois polvos jeitosos para os untar com molho verde e fazer as delícias de quem é guloso.
O camarão da costa que se pode comer cru. Um mais miudinho, tão pequenino, que parece pecado tirá-lo do seu meio natural, sem lhe dar a mínima hipótese de saborear um pouco a sua vivência e só depois ser uma iguaria na mesa. Encontra-se na última banca, mas o preço arrepia o corpo ainda a ressentir-se da chuva que veio com o novo ano e o frio que a seguiu.
Respiro aquele ar salgado com retoques do sargaço Apuliense, que renova as energias e trás à lembrança outras correrias.
O mar fascina-me desde miúdo!
A areia lavada recentemente pela maré cheia, tão lisa como seios perfeitos. Salpicada com riscas curvilíneas das pegadas das gaivotas que lhes impregnam desenhos engraçados, formando variadas formas já que se cruzam num emaranhado novelo. Devido às dezenas de aves que se aglomeram em busca de restos de comida e dormitando sob o calor deste solinho que enche o ar de alegria tão arredada das nossas vidas.
O sol já vai durar pouco. É aproveitar ao máximo e como tal toca a sair e saboreá-lo como uma dádiva que neste inicio do ano tem sido pouco fértil.

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